29/12/2025, 17:21
Autor: Laura Mendes

A cidade de São Paulo, uma das mais populosas do mundo, enfrenta sérios desafios relacionados à arborização urbana. Recentemente, a crítica à atual gestão, liderada pelo prefeito Ricardo Nunes, surgiu com força, revelando uma realidade preocupante. De acordo com o portal de monitoramento das metas da prefeitura, entre os 170 pontos do plano de arborização, apenas 14 foram concluídos, enquanto 98 permanecem sem qualquer início de execução.
A dificuldade em estabelecer um ambiente urbano mais verde se reflete nas diversas opiniões e observações feitas por cidadãos preocupados com o futuro da cidade. Entre os problemas destacados, a falta de manutenção das árvores plantadas e a desigualdade no cuidado com diferentes regiões da cidade chamam a atenção. Alguns moradores relatam que, enquanto áreas de classe média alta recebem espécies de árvores robustas e bem cuidadas, as periferias frequentemente são agraciadas com mudas fracas e mal cuidadas. “É triste demais, São Paulo não é nem perto uma cidade sustentável”, lamentou um usuário que preferiu não se identificar, enfatizando a necessidade de uma abordagem mais equitativa e consciente no trato com as áreas mais vulneráveis.
As calçadas, já estreitas, sofrem com a proposta de inserir calçadas verdes, que exigiriam uma manutenção cuidadosa e poderiam não ser a solução ideal para mitigar o efeito da ilha de calor urbana. Um dos comentaristas alertou para o fato de que grama não é a mais eficaz para esse objetivo e pode, na verdade, limitar o espaço para os pedestres. Além disso, há questionamentos sobre a real eficácia dos canteiros construídos sob o concreto das áreas centrais, que não resolvem os problemas de drenagem nas chuvas fortes, exigindo uma reflexão maior sobre o planejamento urbano.
Além da falta de uma execução eficaz do plano, as iniciativas da gestão Nunes também foram criticadas por favorecer projetos que parecem mais focados em soluções superficiais. A construção de um incinerador em Perus e a derrubada de árvores para a construção do túnel Sena Madureira são exemplos de ações que comprometem ainda mais a arborização da cidade. Tais projetos têm sido vistos como contradições ao discurso de sustentabilidade promovido pela administração municipal.
Os desafios impostos pelas mudanças climáticas também começaram a se manifestar de forma mais visível na cidade. Desde 2018, observou-se uma perda significativa de árvores, sem um planejamento claro sobre a reposição e o replantio de novas espécies. “Muitas ruas residenciais também estão perdendo suas árvores por solicitação dos próprios moradores”, disse outro comentarista, referindo-se ao fenômeno da preocupação com árvores que podem estar comprometidas. O dilema se intensifica, uma vez que nem os moradores realizam a manutenção, nem a prefeitura assume a responsabilidade pelo cuidado das espécies urbanas.
O desânimo entre os cidadãos é palpável, principalmente quando se percebe que, mesmo com dados a favor, a cidade não prioriza iniciativas de arborização de forma consistente. A proposta de implementar mais ônibus elétricos, destacada pela nova logo da SPTrans em verde, é aos olhos de muitos um gesto simbólico que não se traduz em ações efetivas no que diz respeito à arborização. A alegação de que um único ônibus elétrico equivale ao plantio de milhares de árvores é questionada, considerando que a manutenção e a saúde das árvores existentes não recebem a devida atenção.
Para que São Paulo possa se reerguer como uma cidade sustentável, não basta apenas propagá-la como um prêmio ou reconhecimento. É imperativo que o governo local aposte em um plano de ação que priorize a arborização real, garantindo não apenas a quantidade, mas a qualidade das áreas verdes espalhadas pelo município. A construção de calçadas verdes deve ser pensada de modo inteligente e bem planejada, com espécies adequadas e um sistema de manutenção que funcione.
As vozes que clamam por mudanças precisam ser ouvidas e a população deve se engajar ativamente na defesa de um planejamento urbano que considere o bem-estar ambiental e a qualidade de vida. A arborização não é apenas uma questão estética ou de mobilidade, mas um aspecto vital para a saúde do ar e a preservação do clima local. Se São Paulo realmente deseja tornar-se uma metrópole verde, o caminho precisa ser trilhado com responsabilidade e compromisso, priorizando o futuro e a qualidade de vida de todos os seus habitantes.
Fontes: Folha de São Paulo, G1, O Estado de S.Paulo
Detalhes
Ricardo Nunes é o atual prefeito de São Paulo, cargo que ocupa desde 2021. Ele é membro do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e assumiu a prefeitura após a morte de Bruno Covas. Nunes tem se concentrado em diversas questões urbanas, incluindo a mobilidade e a sustentabilidade, embora sua gestão tenha enfrentado críticas em relação à arborização e ao planejamento urbano.
Resumo
A cidade de São Paulo enfrenta sérios desafios em relação à arborização urbana, com críticas à gestão do prefeito Ricardo Nunes. De acordo com um portal de monitoramento, apenas 14 dos 170 pontos do plano de arborização foram concluídos, enquanto 98 ainda não começaram. Cidadãos expressam preocupação com a falta de manutenção das árvores e a desigualdade no cuidado entre diferentes regiões, onde áreas mais ricas recebem cuidados superiores em comparação às periferias. Além disso, as propostas de calçadas verdes e canteiros sob concreto são questionadas por sua eficácia. A gestão também é criticada por priorizar projetos que contradizem a sustentabilidade, como a construção de um incinerador e a derrubada de árvores para um túnel. As mudanças climáticas têm impactado a cidade, com perda significativa de árvores e falta de reposição. Para que São Paulo se torne uma cidade sustentável, é necessário um plano de ação real que priorize a arborização e a qualidade das áreas verdes, além do engajamento da população.
Notícias relacionadas





