Sabesp apela por uso consciente de água durante alta demanda

Com recordes de consumo devido ao calor, Sabesp pede colaboração da população para evitar desperdícios e garantir abastecimento nas regiões afetadas.

27/12/2025, 10:35

Autor: Laura Mendes

No contexto das altas temperaturas que assolam diversas regiões, a Sabesp, companhia de saneamento básico, lançou um apelo à população para um uso consciente da água. A empresa enfrenta um aumento significativo no consumo, o que levanta preocupações sobre o abastecimento, especialmente em áreas historicamente afetadas pelas oscilações no fornecimento de água. Em uma comunicação recente, a Sabesp informou que está tentando gerenciar a situação com todos os recursos disponíveis, mas a colaboração da comunidade é crucial neste período crítico.

A mensagem enfatiza a importância de evitar desperdícios e priorizar as atividades essenciais no uso da água. Na prática, no entanto, muitos cidadãos questionam a eficácia deste apelo, refletindo sobre a real necessidade de uma mudança de postura por parte das empresas e do governo, no lugar de apenas solicitar que a população se ajuste a condições já adversas. Os comentários expressam uma insatisfação crescente com a situação, onde os usuários narram experiências de falta d’água, cortes frequentes e o aumento nas tarifas, o que levanta questões sobre a responsabilidade da companhia no abastecimento adequado.

Históricamente, campanhas de conscientização sobre a economia de água e energia têm sido uma constante. Muitas famílias relatam ter implementado medidas rigorosas em suas rotinas, trocando todas as lâmpadas por LEDs, concertando vazamentos e adotando hábitos mais sustentáveis. Contudo, diversos cidadãos mencionam que já estão no limite das suas capacidades de consumo consciente. Para muitos, a situação se torna ainda mais desconfortável quando a falta de água se torna uma realidade frequente, com relatos de pessoas que veem suas caixas d'água secando mais vezes ao longo do mês.

Os cidadãos enfatizam uma necessidade urgente de que a Sabesp e outras entidades responsáveis pelo fornecimento de água cumpram seu papel fundamental de garantir um abastecimento contínuo e de qualidade, ao invés de direcionar a responsabilidade para os usuários finais. Está claro que muitos consumidores se sentirão desencorajados e até mesmo frustrados ao receber tais petições, enquanto a infraestrutura e os serviços prestados não atendem às suas expectativas.

A crítica se estende à falta de investimento em tecnologia e na infraestrutura necessária para enfrentar as constantes e crescentes demandas de água. Indivíduos destacam que os problemas não são novos e que, apesar do chamado à economia, há décadas a questão do investimento adequado nas matrizes hídricas e energéticas permanece em segundo plano. Os relatos apontam para uma necessidade de um investimento que priorize a eficiência dos serviços, ao invés de apenas campanhas temporárias que pedem moderação aos usuários.

Além disso, questionamentos sobre a incidência de estratégias semelhantes em setores industriais e agrícolas ecoam nas conversas. Há um clamor por paridade no apelo à economia, onde a responsabilidade pelo uso consciente não deve recair somente sobre as pessoas, mas também sobre empresas e indústrias que consomem grandes volumes de água. Muitos afirmam que o discurso da Sabesp deve se estender a todos os setores que contribuem significativamente para o consumo de água, não apenas às residências.

As experiências com o abastecimento de água também têm gerado indignação. Muitas casas relatam que, após os cortes, a água que chega é muitas vezes barrenta e turva, insatisfatória para uso, levantando questionamentos sobre a qualidade no fornecimento. Essa realidade faz os cidadãos se perguntarem: o que significa realmente "uso consciente" em tais condições? Por que não se garante que a água que chega nas torneiras seja, ao mínimo, adequada para consumo? Com temperaturas que podem ultrapassar os 35 graus, muitos se sentem no direito de resistir ao que consideram imposições injustas, clamando pela garantia de serviços adequados em vez de um apelo isolado para economia.

Neste cenário, a Sabesp pode se ver perante um grande desafio de comunicação e manutenção da confiança dos consumidores. O dilema em torno do uso consciente de água não só revela uma questão de gestão de recursos, mas também um reflexo de uma maior insatisfação pública em relação ao papel efetivo dos prestadores de serviços públicos. O compromisso da companhia em garantir um abastecimento mais eficiente e confiável se revela crucial para assegurar que os cidadãos sintam que suas necessidades estão sendo atendidas, não apenas durante crises, mas em todos os momentos.

Fontes: Folha de São Paulo, Estadão, Jornal do Brasil