13/12/2025, 02:40
Autor: Laura Mendes

A recente revelação sobre a operação da empresa de tecnologia ambiental Running Tide gerou grande polêmica entre especialistas e ambientalistas. A companhia, que havia sido promovida como uma vanguarda na remoção de carbono e contava com o respaldo de grandes nomes como Microsoft, Stripe e Shopify, enfrentou críticas contundentes após informações surgirem sobre sua nova estratégia, que consiste no descarte de milhares de toneladas de lascas de madeira no oceano. Essa prática, ao invés de contribuir para a preservação ambiental, levanta questões sobre a eficácia das soluções contemporâneas para a captura de carbono, amplamente denunciadas como ineficazes.
A situação evidencia uma tendência crescente entre empresas do setor de tecnologia de buscar soluções inovadoras, mas frequentemente ineficazes, para os problemas das mudanças climáticas. Muitos especialistas argumentam que a captura de carbono, como é atualmente implementada, não oferece resultados concretos. Ao analisar os comentários sobre a operação da Running Tide, vários críticos enfatizam que métodos tradicionais, como o plantio de árvores, têm se mostrado muito mais eficazes na captura de CO2, além de serem uma alternativa já testada e comprovada ao longo dos anos. Por um lado, há um crescente entusiasmo por "soluções de ponta", mas, por outro lado, esse foco no novo parece ignorar abordagens que poderiam efetivamente fazer a diferença, como o reflorestamento.
Os argumentos apresentados pelos comentaristas indicam que uma grande parte dos recursos investidos em tecnologias de captura de carbono poderia ser redirecionada para práticas mais tradicionais e seguras. Acredita-se que se os bilhões de dólares utilizados em iniciativas de captura de carbono tivessem sido aplicados no plantio e na preservação de florestas, o ambiente global poderia experimentar um impacto positivo significativo. Por exemplo, o reflorestamento em larga escala poderia ajudar a limitar o aumento da temperatura global, potencialmente cortando em até 1,5°C as mudanças climáticas. Contudo, esse tipo de solução, embora viável, não gera o mesmo apelo comercial que as tecnologias inovadoras frequentemente adotadas pelas startups, criando um dilema ético entre investir em soluções eficazes ou preferir as que atraem a atenção do mercado.
As manifestações de desapontamento não são limitadas apenas a questões éticas ou ambientais, mas refletem uma crítica mais profunda sobre a maneira como as empresas de tecnologia operam. Afinal, o foco incessante em inovações que atraem investidores tem levado a um ciclo de desperdício, no qual recursos são frequentemente alocados em ideias que não sobreviverão à prova do tempo ou não resolverão os problemas que se propõem a enfrentar. Críticos sugerem que essa pressão por novas soluções tem a ver com uma necessidade de satisfazer a cultura de investimento em tecnologia, que busca constante inovação, mesmo que isso resulte em tentativas que, como no caso da Running Tide, podem afundar sem deixar rastros.
Adicionalmente, as preocupações levantadas se estendem à questão do aumento da população mundial e o consequente aumento da demanda por energia, o que torna ainda mais crucial o investimento em soluções sustentáveis e escaláveis. Embora a energia solar e outras fontes renováveis estejam em ascensão, elas apresentam os próprios desafios, não-isentos de uma significativa pegada de carbono em suas cadenas de produção. Portanto, a questão que muitos levantam é: por que não priorizar as soluções comprovadas enquanto as tecnologias sofisticadas prometem resultados que nunca se materializam?
Finalmente, a crítica à abordagem da Running Tide e a apresentações semelhantes no setor mais amplo refletem uma crescente desilusão com promessas não cumpridas em relação à sustentabilidade. O sentimento de que a sociedade já sabe o que precisa ser feito, mas que, em vez disso, continua gastando tempo e dinheiro em soluções elegantes, é uma frustração compartilhada entre muitos. Enquanto a Running Tide continua a operar, especialistas e ativistas esperam que a conversa evolua em direção a uma abordagem que valorize a eficácia das soluções tradicionais de preservação ambiental em vez de se perder em um mar de inovações tecnologicamente vãs. O preço a pagar para o planeta pode ser muito alto, e o momento de agir é agora.
Fontes: Folha de São Paulo, EcoWatch, The Guardian
Detalhes
A Running Tide é uma empresa de tecnologia ambiental que se propõe a desenvolver soluções para a remoção de carbono da atmosfera. Fundada com a intenção de promover inovações sustentáveis, a companhia ganhou notoriedade ao ser apoiada por grandes nomes do setor, como Microsoft e Shopify. No entanto, sua recente estratégia de descarte de madeira no oceano gerou controvérsias e levantou questões sobre a eficácia de suas abordagens em comparação com métodos tradicionais de captura de carbono, como o reflorestamento.
Resumo
A empresa de tecnologia ambiental Running Tide enfrenta críticas após a revelação de sua nova estratégia de descarte de lascas de madeira no oceano, que contradiz sua imagem de vanguarda na remoção de carbono. Especialistas e ambientalistas questionam a eficácia das soluções contemporâneas de captura de carbono, apontando que métodos tradicionais, como o plantio de árvores, são mais eficazes. A discussão destaca um dilema ético entre investir em inovações atraentes para investidores e priorizar abordagens comprovadas que podem realmente impactar o meio ambiente. Críticos argumentam que bilhões de dólares gastos em tecnologias de captura de carbono poderiam ser melhor utilizados em reflorestamento e preservação de florestas. A crescente desilusão com promessas não cumpridas em sustentabilidade reflete uma necessidade urgente de priorizar soluções eficazes, em vez de se perder em inovações que não resolvem os problemas reais do planeta.
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