27/12/2025, 17:14
Autor: Laura Mendes

Jeffrey R. Holland, um dos principais líderes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, faleceu recentemente aos 85 anos, provocando um grande impacto entre os membros da igreja e a comunidade em geral. Holland, que esteve na linha de frente da liderança da igreja, havia desempenhado um papel significativo em moldar seus ensinamentos e filosofia ao longo de sua vida, mas suas opiniões sobre questões sociais, especialmente relacionadas à diversidade e aceitação, tornaram-se motivo de controvérsia, principalmente entre os membros LGBTQIA+ da comunidade mórmon.
Durante seu tempo como um destacado membro do Quórum dos Doze Apóstolos, Holland foi conhecido por discursos que eram tanto inspiradores quanto divisivos. Em particular, ele é lembrado por suas declarações sobre o casamento tradicional, que muitos o acusaram de promover um discurso de ódio que causou dor a muitos jovens que buscavam aceitação em sua fé. Para muitos ex-membros e membros queer da igreja, o legado de Holland é manchado por esses momentos, eclipsando qualquer bondade ou generosidade que suas ações possam ter demonstrado em outras áreas.
Com a sua morte, a atenção se voltou para a linha de sucessão da liderança da igreja. A estrutura hierárquica da Igreja de Jesus Cristo é notoriamente baseada em um sistema de senioridade, no qual aqueles que ocupam posições mais altas são frequentemente os mais velhos, muitas vezes já ultrapassando os 80 anos. Este modelo tem gerado debates sobre a necessidade de renovação e mudança, especialmente em um mundo que está se tornando cada vez mais multicultural e inclusivo. Muitos se perguntam se a próxima liderança refletirá essa nova realidade social ou se permanecerá enraizada nas tradições mais conservadoras.
As opiniões sobre Holland e seu impacto dentro da igreja são variadas. Enquanto alguns reconhecem seus esforços e seu profundo compromisso com a fé, outros não podem ignorar o dano que algumas de suas mensagens causaram. Os sentimentos em relação à sua liderança também foram desafiados, com alguns sugerindo que a idade avançada dos líderes da igreja representa um obstáculo para um verdadeiro progresso. A expressão "gerontocracia" é frequentemente usada por críticos para descrever a estrutura de poder da igreja, destacando a necessidade de abordagens mais modernas e representativas.
Um comentarista expressou que a visão da liderança sênior, majoritariamente composta por homens brancos mais velhos, precisa de modernização para refletir a real diversidade do mundo atual. Porém, mudanças significativas dentro da estrutura da igreja têm sido lentas, e muitos veem essa morte como mais uma oportunidade perdida de traçar um novo caminho. Há um sentimento entre os críticos de que, para cada um que falecia, a linha de sucessão se mantinha em um ciclo sem fim de líderes idosos, limitando a possibilidade de uma nova visão.
Nos últimos anos, a Igreja Mórmon tem tentado mostrar sinais de mudança e inclusão. Por exemplo, a recente introdução de vestes sagradas sem mangas, uma modificação que alguns veem como uma tentativa de modernização, foi recepcionada com críticas e ironia. Muitos ex-membros e críticos da igreja veem essas mudanças como superficiais, destacando que, apesar de algumas tentativas de adaptação, ainda existem fundamentos arraigados que perpetuam a discriminação e a exclusão.
Diante deste contexto, o falecimento de Holland pode ser visto como um momento chave para refletir sobre a definição de liderança na igreja e o que significa ser um membro da comunidade. Várias vozes pedem uma "nova mudança geracional" que abranja todos os membros da igreja, independentemente de sua identidade, oferecendo assim esperança para aqueles que se sentem marginalizados. Enquanto isso, a liderança da igreja mira a próxima fase, enfrentando o desafio de equilibrar tradição e modernização, uma tarefa complexa e necessária que deixará um impacto duradouro na comunidade de fé.
Com a morte de Jeffrey R. Holland, a vigilância também se intensifica em relação a quem será o próximo a assumir as rédeas dessa poderosa instituição. Haverá a esperança de que a nova liderança possa trazer uma abordagem mais inclusiva e adaptável ao mundo contemporâneo, ou este continuará a ser o ciclo de liderança que tem sido desafiado por gerações? A resposta a essa pergunta poderá definir o futuro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em um mundo que se transforma rapidamente.
Fontes: BBC, The Salt Lake Tribune, The New York Times
Detalhes
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, frequentemente referida como Igreja Mórmon, é uma denominação cristã com raízes nos Estados Unidos, fundada no século XIX por Joseph Smith. A igreja é conhecida por suas crenças únicas, incluindo a revelação contínua e a ênfase na família. Com milhões de membros em todo o mundo, a igreja tem enfrentado críticas e desafios relacionados à sua posição sobre questões sociais, especialmente em relação à diversidade e aceitação. A liderança da igreja é composta principalmente por homens mais velhos, o que tem gerado debates sobre a necessidade de modernização e inclusão.
Resumo
Jeffrey R. Holland, um dos principais líderes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, faleceu aos 85 anos, gerando grande impacto entre os membros da igreja e a comunidade. Holland, que foi um destacado membro do Quórum dos Doze Apóstolos, é lembrado por seus discursos inspiradores, mas também divisivos, especialmente em relação a questões sociais e à comunidade LGBTQIA+. Sua morte levanta questões sobre a sucessão na liderança da igreja, que é tradicionalmente dominada por líderes mais velhos, gerando debates sobre a necessidade de renovação e inclusão. Críticos apontam que a estrutura hierárquica da igreja, muitas vezes chamada de "gerontocracia", limita a diversidade e o progresso. Embora a igreja tenha tentado implementar mudanças superficiais, como a introdução de vestes sagradas sem mangas, muitos acreditam que ainda há uma resistência a uma verdadeira inclusão. O falecimento de Holland é visto como uma oportunidade para repensar a liderança e a identidade da comunidade, com esperanças de que a próxima geração de líderes possa trazer uma abordagem mais inclusiva.
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