27/12/2025, 17:05
Autor: Laura Mendes

No dia 4 de outubro de 2023, o chefe do exército suíço fez declarações que geraram um alvoroço em torno da postura de defesa do país, que tem sido reconhecido por sua longa tradição de neutralidade. Durante uma coletiva de imprensa, o general conversou sobre as crescentes evidências de ameaças potenciais, especialmente em um contexto geopolítico turbulento marcado pela invasão da Ucrânia pela Rússia e seus desdobramentos. O general ressaltou que a Suíça, embora nunca tenha sido invadida em sua história recente, não consegue, atualmente, se defender adequadamente contra um ataque em grande escala devido à falta de investimentos na área militar. Essa afirmação provocou reações diversas, tanto locais quanto internacionais.
Um imigrante que reside na Suíça comentou sobre a confortável posição do país, cercado por nações da OTAN e sua neutralidade, sugerindo que a ideia de aumentar impostos para acelerar a prontidão militar seria muito impopular e talvez considerada inconstitucional. Essa linha de pensamento reflete uma preocupação entre os cidadãos sobre o custo de um aumento nos gastos militares que chega a ser necessário para garantir a segurança nacional.
Outro comentário relevante destacou a visão de que a Suíça se tornou "uma enorme responsabilidade para todos os seus aliados" por seguir uma política de auto-sabotagem militar. Esse sentimento foi ecoado por outros, que questionaram o valor estratégico da Suíça em relação a suas defesas. "Eles têm uma mentalidade de bunker", comentou um usuário, colocando em dúvida se esse modelo seria suficiente para enfrentar uma real ameaça externa.
Theo Zukunft, uma figura influente nos círculos de defesa na Europa, afirmou que a atual política de neutralidade da Suíça não é mais viável, especialmente à luz de conflitos recentes e os riscos associados de potências como a Rússia, que têm demonstrado disposição para expandir seu território através da força militar. O general reforçou que a falta de ação em prol de uma defesa robusta tornaria a Suíça mais suscetível a ataques, não só da Rússia, mas também de outras nações.
Economicamente, a Suíça prometeu aumentar gradualmente seus gastos com defesa para cerca de 1% do PIB até 2032, uma meta que ainda é considerada tímida quando comparada aos 5% acordados pelos países membros da OTAN. Essa realidade tem gerado desconforto e um certo ceticismo sobre a capacidade efetiva das forças armadas suíças de reagir em tempo hábil a qualquer tipo de agressão. As críticas são variadas, desde a visão de que a segurança do país repousa essencialmente na boa vontade de seus vizinhos até a observação do atual estado de desilusão que a política de defesa gerou entre a população. Entre as sugestões mais exóticas, um usuário pontuou que, em caso de invasões, a melhor defesa seria congelar as contas bancárias dos agressores, uma solução irônica que ilustra a percepção generalizada sobre o forte setor bancário da Suíça.
As discussões também tocaram na questão da geografia e das condições tatícas enfrentadas em um hipotético conflito. Há uma crença de que muitas unidades de tropas poderiam se sentir facilmente amontoadas nas montanhas dos Alpes, mas isso não impediria potenciais invasores de atingir as áreas urbanas, que, segundo opiniões de especialistas, teriam muito mais valor estratégico em um confronto.
Além disso, há um chamado para uma reflexão mais profunda sobre o papel da Suíça no cenário internacional atual. As divisões entre os estados-nacionais e a emergência da globalização traz à tona a necessidade de reavaliar como esses países ekonomikamente desenvolvidos e neutros contribuem para a segurança coletiva na Europa. Se por um lado a neutralidade tem sido uma marca registrada da política externa suíça, por outro, cresce a pressão para que o país se comprometa em garantir a estabilidade regional e se adapte às necessidades de defesa contemporâneas.
À medida que a situação na Europa se torna mais instável, a Suíça se vê diante de um dilema: investir em forças armadas para garantir sua integridade territorial ou continuar apostando na neutralidade e na boa fé de seus parceiros. Este questionamento não se limita à Suíça; é uma discussão que ressoa em toda a Europa, onde a segurança coletiva se tornou uma preocupação compartilhada entre nações que buscam resiliência em tempos incertos. A situação atual exige uma nova abordagem da defesa, que não só considere a capacidade militar, mas também o comprometimento político e econômico para um futuro mais seguro.
Fontes: Folha de São Paulo, BBC, The Guardian
Detalhes
Theo Zukunft é um influente general suíço e figura proeminente nos círculos de defesa na Europa. Ele é conhecido por suas análises e comentários sobre a política de defesa da Suíça, especialmente em relação à neutralidade do país em um contexto geopolítico em mudança. Zukunft tem defendido a necessidade de uma reavaliação das estratégias de defesa suíças, considerando as crescentes ameaças de potências militares, como a Rússia.
Resumo
No dia 4 de outubro de 2023, o chefe do exército suíço gerou polêmica ao discutir a postura de defesa do país, tradicionalmente neutro. Durante uma coletiva, o general alertou sobre a incapacidade da Suíça de se defender contra um ataque em grande escala, devido à falta de investimentos militares. Essa declaração provocou reações variadas, com cidadãos expressando preocupações sobre o aumento de impostos para fortalecer a defesa, além de críticas à política de neutralidade, considerada obsoleta diante de ameaças como a Rússia. O general enfatizou que a inação tornaria a Suíça vulnerável a ataques. Embora o país planeje aumentar seus gastos com defesa para 1% do PIB até 2032, essa meta é vista como tímida em comparação com os 5% da OTAN. As discussões também abordaram a geografia suíça e o papel do país na segurança coletiva da Europa, destacando a necessidade de uma nova abordagem que considere tanto a capacidade militar quanto o comprometimento político e econômico.
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