Concessionária propõe taxa para uso de espaço público em Ibirapuera

A proposta de cobrança pela utilização do Parque Ibirapuera por assessorias esportivas causa controvérsia em São Paulo, levando a debates acirrados sobre privatização e acesso.

Pular para o resumo

27/12/2025, 10:32

Autor: Laura Mendes

Uma imagem vibrante do Parque Ibirapuera, com corredores e grupos de corrida se exercitando, enquanto uma placa visível indica a nova taxa de uso do espaço. No fundo, retratos de pessoas descontentes olhando ou protestando contra a nova cobrança, destacando a divisão de opiniões sobre a privatização do espaço público.

O Parque Ibirapuera, um dos espaços públicos mais emblemáticos de São Paulo, está no centro de uma polêmica que envolve a proposta de cobrança de uma taxa para a utilização de suas dependências por assessorias esportivas. A concessionária responsável pela administração do parque apresentou a ideia como um meio de regulamentar o uso do espaço por empresas que oferecem serviços de treinamento aos seus associados. Contudo, essa proposta gerou reações intensas e divergentes entre os frequentadores do parque, levantando questões sobre o que significa de fato um espaço público e quem deve ter acesso a ele.

Comentários de frequentadores revelam uma insatisfação crescente, com muitos expressando a opinião de que a cobrança representaria um passo significativo em direção à privatização do parque. Há quem argumente que as assessorias esportivas já exercem um papel importante no incentivo à prática de esportes, e que a imposição de uma taxa poderia restringir a participação de corredores amadores que não têm condições de arcar com esses custos. "O parque é um espaço para todos, não deve ser privatizado para favorecer apenas alguns", comentou um usuário, que lamenta a possibilidade de que o acesso ao espaço possa se tornar ainda mais elitizado.

Além disso, a discussão não se limita ao Ibirapuera. Em outras partes do Brasil, como em Florianópolis, a situação é semelhante: eventos de corrida e maratonas têm fechado vias públicas, restringindo o acesso de não participantes. A situação em São Paulo, portanto, parece ecoar uma tendência nacional onde eventos esportivos são frequentemente privatizados, levantando a pergunta sobre a real função de espaços públicos. "Aqui em Florianópolis, podemos ano após ano ver as ruas fechadas para que apenas um grupo seleto possa desfrutar de um espaço que deveria ser livre para todos", comentou um usuário, referindo-se à exclusão que esses eventos impõem à comunidade.

Entre os críticos da proposta, há uma indignação clara não apenas com a privatização, mas com a maneira como esses eventos e a cobrança se colocam como barreiras à inclusão. Os detratores alegam que o valor das mensalidades para essa assessoria esportiva é exorbitante e que isso exclui aqueles que buscam apenas manter-se ativos em um espaço que é, por natureza, público. A insatisfação quanto ao aumento de preços não se restringe apenas às taxas de uso; muitos usuários relatam experiências negativas com os preços de alimentos e bebidas no parque. "Da última vez que fui, o preço da água de coco estava insano, R$16,00. Sai decepcionado e nunca mais voltei", disse um frequentador que prefere manter seu nome em anonimato.

A polarização em torno desse tema é representativa de uma visão mais ampla sobre o papel dos espaços públicos em um Brasil crescente em desigualdade. Nessa lógica, alguns defendem que, ao permitir a cobrança de taxas, está-se legitimando um modelo de negócio que lucra com a utilização de áreas que são sustentadas pelo contribuinte. "É como se a privatização estivesse enraizada na cultura de que o espaço público deve ser explorado ao máximo", comentou um crítico da política de cobrança.

No entanto, há quem defenda a necessidade de algum tipo de controle sobre o uso intensivo do espaço, desde que sejam levadas em conta as necessidades de manutenção e preservação dos locais. Como destacou um comentarista, a questão fundamental reside na capacidade de manter o espaço público e no impacto que a implementação de taxas pode ter sobre essa estratégia. "Sinto que seria viável pagar uma taxa, desde que esse dinheiro seja utilizado para melhorias e preservação do parque, e não apenas para enriquecer a concessionária", comentou um usuário que se propôs a apoiar a ideia.

Assim, a situação no Parque Ibirapuera destaca a luta contínua pela defesa de espaços públicos em um país onde a pressão pela privatização e pela busca de lucro muitas vezes pode supersair as necessidades coletivas. A discussão permanece em aberto, mas é evidente que o destino de muitos parques e áreas de lazer em todo o país dependerá de como a sociedade responderá às propostas de cobrança que estão surgindo em diversas esferas.

O futuro do acesso aos espaços públicos, incluindo o icônico Parque Ibirapuera, continua incerto. O que está em jogo não é apenas o preço de correr em um parque, mas as implicações mais amplas de quem realmente pode acessar e usufruir desses locais fundamentais para a vida urbana, esportiva e social.

Fontes: Folha de São Paulo, Estadão, O Globo

Resumo

O Parque Ibirapuera, um dos principais espaços públicos de São Paulo, está no centro de uma controvérsia sobre a proposta de cobrança de taxas para assessorias esportivas que utilizam suas instalações. A concessionária responsável pela gestão do parque sugere essa medida para regulamentar o uso do espaço, mas a proposta gerou reações negativas entre os frequentadores, que temem que isso signifique uma privatização do parque. Críticos argumentam que a taxa pode excluir corredores amadores e restringir o acesso a um espaço que deveria ser público. A discussão sobre a cobrança não se limita ao Ibirapuera, refletindo uma tendência em outras cidades brasileiras, como Florianópolis, onde eventos esportivos têm fechado vias públicas, limitando o acesso à população. A insatisfação também se estende aos altos preços de alimentos e bebidas no parque. O debate sobre a função dos espaços públicos em um Brasil com crescente desigualdade continua, com opiniões divergentes sobre a necessidade de controle e manutenção desses locais.

Notícias relacionadas

Imagine uma cena urbana sob a luz escaldante do sol, onde pessoas suadas e exaustas se aglomeram em calçadas. Algumas estão se abanando com leques, outras buscam abrigo na sombra. Um jovem com copo de água e uma toalha ao redor do pescoço segura um ventilador portátil. Ao fundo, prédios antigos sem ar condicionado e janelas abertas refletem a luta diária contra o calor intenso, enquanto nuvens escuras se acumulam, sugerindo uma tempestade iminente.
Sociedade
Aumento de temperaturas gera dificuldades para moradores de áreas sem ar condicionado
O severo aumento das temperaturas em várias regiões do Brasil coloca à prova a resistência dos moradores de imóveis sem ar condicionado, gerando preocupações com a saúde e o bem-estar.
27/12/2025, 11:05
Uma imagem vibrante e provocativa retratando um grupo de pessoas em uma discussão acalorada, com expressões de indignação e reflexão. No fundo, há adesivos políticos, cartazes e elementos que remetem a uma era política conturbada, criando um ambiente de polarização e transformação social, simbolizando a luta entre diferentes ideologias.
Sociedade
Transformação política leva ex-bolsonaristas a refletirem sobre suas escolhas
Ex-bolsonaristas compartilham experiências de transformação política após pandemia, revelando um descontentamento crescente com as ideologias extremistas que dominam o cenário nacional.
27/12/2025, 09:19
Uma imagem que retrata um grupo de trabalhadores em uma obra de construção civil, todos utilizando capacetes de segurança, discutindo animadamente sobre suas condições de trabalho. Ao fundo, há um cartaz que diz "Fim da Escala 6x1: Novos Tempos nas Relações de Trabalho". O ambiente deve transmitir um sentimento de expectativa em relação à mudança nas jornadas, com rostos de entusiasmos e de alguns que ainda parecem preocupados com o futuro.
Sociedade
Fim da Escala 6x1 gera reações diversas entre trabalhadores e gestores
A recente decisão de acabar com a escala 6x1 tem provocado reações misturadas em diversos setores, com debates sobre a carga horária ideal para trabalhadores em todo o país.
27/12/2025, 08:05
Uma imagem impressionante de uma cidade vibrante da América Latina contrastada com cenas de um bairro perigoso, mostrando uma divisão entre a beleza e a insegurança urbana, com cores vivas e sombras que evocam uma sensação de tensão e expectativa.
Sociedade
Viajar por áreas perigosas gera relatos de insegurança no turismo
A insegurança em algumas cidades latino-americanas tem se tornado tema frequente entre viajantes que compartilham experiências preocupantes sobre a vulnerabilidade em bairros.
27/12/2025, 05:05
A imagem retrata um cenário dramático de um casal em conflito, com uma mulher parecendo angustiada e um homem em posição agressiva. A atmosfera é tensa, com sombras e cores escuras dominando o ambiente, simbolizando a toxicidade do relacionamento e o medo que permeava a união deles, sugerindo a luta interna da mulher para se libertar de um contexto abusivo.
Sociedade
Ozzy Osbourne tentativa de crime dentro de um relacionamento abusivo
Incidente chocante envolvendo Ozzy Osbourne e Sharon revela a gravidade da violência doméstica e seus impactos na cultura pop contemporânea.
27/12/2025, 03:09
Uma cena vibrante de um mercado muçulmano em São Paulo, com pessoas interagindo e um cartaz em destaque com a escritura do Alcorão. Ao fundo, uma mesquita moderna pode ser vista, simbolizando a diversidade religiosa e cultural da cidade. O ambiente é animado e acolhedor, refletindo a convivência pacífica entre diferentes comunidades.
Sociedade
Islamismo cresce lentamente no Brasil e provoca debates sobre diversidade
O crescente interesse pelo islamismo no Brasil levanta discussões sobre diversidade religiosa no país, com movimentos e comunidades muçulmanas se expandindo lentamente em diversas regiões.
26/12/2025, 22:51
logo
Avenida Paulista, 214, 9º andar - São Paulo, SP, 13251-055, Brasil
contato@jornalo.com.br
+55 (11) 3167-9746
© 2025 Jornalo. Todos os direitos reservados.
Todas as ilustrações presentes no site foram criadas a partir de Inteligência Artificial