27/12/2025, 08:05
Autor: Laura Mendes

O recente anúncio do fim da escala de trabalho 6x1 tem gerado um intenso debate nas empresas de diversos setores do Brasil. Entre os trabalhadores, há uma percepção de que essa mudança pode significar um passo positivo em direção à melhoria das condições de trabalho. No entanto, gestores e líderes de equipes expressam preocupações sobre os impactos dessa decisão em suas operações e custos. A escala 6x1, que exige que os trabalhadores permaneçam em regime de trabalho por seis dias consecutivos, seguidos por apenas um dia de folga, é frequentemente vista como extenuante e inadequada para a manutenção de um bom desempenho e saúde no ambiente de trabalho.
Nos últimos dias, trabalhadores de diferentes segmentos, como a construção civil e o atendimento ao cliente, têm comentado sobre o assunto, revelando uma gama de opiniões sobre as novas diretrizes. Alguns funcionários, particularmente aqueles em regime 5x2, expressam satisfação com as mudanças. Enquanto um dos comentários destaca que "não se fala sobre isso ainda na empresa", muitos refletem sobre a dificuldade de aceitar condições de trabalho que são percebidas como desiguais e injustas. A sensação é de que a mudança pode finalmente trazer um alívio para o stress semanal que a escala 6x1 impõe aos trabalhadores.
Entre os líderes e supervisores, no entanto, há um sentimento de resistência. Um comentarista salientou que a "chefia está praticamente toda contra", sugerindo que muitos líderes estão alinhados com a alta gestão que teme as implicações dessa mudança. O receio de aumentar os custos com a contratação de mais funcionários é um fator que pesa na balança, dado que muitas empresas operam em um mercado competitivo e veem os custos laborais como fundamentais para a sustentabilidade de suas operações.
Os comentários também revelam um fato interessante: muitos trabalhadores se sentem incapazes de debater de forma aberta sobre a questão. Uma trabalhadora mencionou que, no seu setor, o diálogo entre a equipe e os supervisores é limitado, criando um ambiente de alienação onde as vozes dos trabalhadores muitas vezes não são ouvidas. Isso levanta questionamentos sobre como a falta de comunicação efetiva pode perpetuar sistemas de trabalho que, segundo muitos, precisam ser revistos.
Em contrapartida, há quem argumente que a mudança será benéfica, tanto para as empresas quanto para os funcionários. Um dos comentários enfatiza que "é apenas uma análise econômica minimamente realista" concluir que as empresas poderão ter que contratar mais pessoas, mas que isso poderia levar a novas oportunidades. Em alguns casos, a percepção negativa sobre a escala 6x1 não é apenas uma questão de carga horária, mas também uma reflexão sobre a cultura de trabalho que permissivamente respalda jornadas exaustivas.
Além disso, no setor público, onde as condições de trabalho são percebidas como mais estáveis, alguns funcionários expressaram que a nova norma "não nos afetaria em nada", mas notaram que existem pessoas insatisfeitas em razão das mudanças nas políticas de trabalho. Isso indica que, mesmo no setor que geralmente goza de mais garantias, as discussões sobre jornadas de trabalho estão em pauta.
Essas reações contrastantes colocam em evidência um ponto crucial: a necessidade de um diálogo aberto entre direção e trabalhadores, especialmente em tempos de mudanças significativas. O modelo de trabalho 6x1 foi defendido por alguns gestores como uma forma tradicional de garantir operação contínua, mas com a nova normatização, novas alternativas de jornada, como o 5x2 e mesmo o 12x36, estão sendo consideradas fundamentalmente atrativas.
Com o fim da escala 6x1, o espectro de possibilidades para reformular as relações trabalhistas está se ampliando. As empresas que promovem uma cultura favorável ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional poderão não apenas se beneficiar de uma força de trabalho mais satisfeita e motivada, como também reportar ganhos em produtividade. A adaptabilidade será a chave para que gestores e trabalhadores achem um meio-termo que atenda a todos os lados, evitando assim que o país retroceda em esforços já conquistados para melhorar a qualidade de vida no trabalho.
Portanto, à medida que essa alteração se torna oficial, o cenário se configura como um campo fértil para o debate sobre direitos trabalhistas e adaptações culturais nas empresas. As preocupações de gestores acerca de custos adicionais são válidas, mas é crucial que se encontre um equilíbrio que não apenas preserve o bem-estar dos funcionários, mas que também assegure a saúde financeira das empresas, criando um sistema de trabalho mais sustentável para o futuro.
Fontes: Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, Estadão
Resumo
O recente anúncio do fim da escala de trabalho 6x1 no Brasil gerou intenso debate entre trabalhadores e gestores. Muitos funcionários veem a mudança como um avanço nas condições de trabalho, especialmente aqueles que enfrentavam a extenuante carga de seis dias seguidos de trabalho. No entanto, líderes expressam preocupações sobre os impactos operacionais e custos adicionais, temendo que a contratação de mais funcionários seja necessária. As reações variam entre setores, com alguns trabalhadores se sentindo incapazes de debater abertamente a questão, o que ressalta a falta de comunicação entre equipes e supervisores. Por outro lado, há quem acredite que a mudança pode trazer oportunidades e um ambiente de trabalho mais saudável. No setor público, a nova norma é vista como irrelevante por alguns, mas ainda assim provoca insatisfação. O fim da escala 6x1 abre espaço para novas alternativas de jornada, e a adaptabilidade será essencial para que gestores e trabalhadores encontrem um equilíbrio que beneficie ambos, assegurando a saúde financeira das empresas e o bem-estar dos funcionários.
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