16/12/2025, 19:44
Autor: Laura Mendes

No dia 30 de outubro de 2023, a discussão em torno da exigência de exames toxicológicos para matrícula em universidades públicas de Santa Catarina tomou conta de diversos espaços de diálogo e opinião pública. A proposta, que deve entrar em vigor para os estudantes que ingressarem no ano de 2026, gerou reações variadas entre estudantes, educadores e a sociedade em geral, levando a uma reflexão aprofundada sobre a verdadeira intenção por trás da medida e seus impactos na vida acadêmica.
A proposta foi impulsionada por políticos do estado que justificam a necessidade da medida como uma forma de garantir que os alunos cheguem aos cursos sem histórico de uso de substâncias. No entanto, muitos críticos apontam que tal exigência pode ser uma forma de controle excessivo e que não aborda diretamente os problemas que realmente afligem a educação e a saúde mental dos estudantes. Comentários ressaltam que, enquanto se debate o exame, questões como a alta taxa de abandono escolar, o estresse mental e o uso de substâncias legais como o álcool continuam a ser negligenciados.
Entre as principais críticas à proposta, está a questão financeira. Muitos abordaram que a obrigação de apresentar um exame toxicológico pode desencadear um custo adicional considerável, que será transferido para os alunos e suas famílias. Além disso, a exigência de um exame que analisa substâncias consumidas meses antes da data da matrícula levanta questionamentos sobre sua eficácia e validade como critério de avaliação da capacidade do aluno em se dedicar aos estudos. Há uma preocupação de que isso possa criar um ambiente de desconfiança e controle, ao invés de um espaço de acolhimento e apoio ao estudante.
A medida também gerou debates acalorados sobre a real necessidade de focar em drogadição nas universidades e o seu efeito sobre as incumbências educacionais das instituições. Para muitos, isso se torna uma distração das questões prioritárias que os estudantes enfrentam, como a pressão para obter bons resultados acadêmicos e a necessidade de suporte emocional, especialmente em tempos de crescente ansiedade e depressão entre os jovens. Comentários desabafam sobre a superficialidade da proposta, questionando a lógica por trás de um exame voltado para identificar drogas em vez de investir em políticas eficazes de saúde mental e apoio psicológico aos alunos.
Além disso, surgiram vozes que trazem à tona a hipocrisia em torno do uso de substâncias. O lamento por um ambiente universitário que não aborda as suas complexidades de maneira adequada é evidente: há um clamor por um olhar mais crítico que envolva educação sobre drogas e saúde, não apenas uma abordagem punitiva. A ideia de que o uso de drogas em festas universitárias, com frequência sendo um tema cotidiano, não é abordada de maneira a promover a saúde e o bem-estar dos alunos, mas sim como uma forma de criminalização.
A proposta também aterra em um contexto político mais amplo. Em meio a um cenário eleitoral polarizado, há comentários que sugerem que a medida poderia servir como uma estratégia populista com objetivo de angariar votos ao explorar os medos da população em torno de temas como segurança e moralidade. A polarização da opinião pública, onde se insinuam narrativas de que as universidades seriam "antros de esquerdismo", também é um ponto destacado. A busca pelo voto através de propostas que se alimentam de estereótipos e ideias pré-concebidas é alvo de críticas, levando muitos a se perguntarem se o foco deveria estar em melhorar a qualidade do ensino ao invés de implementar leis que simulam soluções rápidas para problemas complexos.
Respostas a essa proposta têm se espalhado por diversos fóruns, refletindo sobre a condição dos estudantes e suas realidades, expondo que a luta por uma formação de qualidade deve ser priorizada acima de uma vigilância que mais soa como punição. "A universidade deve ser um espaço de aprendizado e não de monitoramento", dizem críticos que acreditam que a educação deveria se basear em confiança e respeito ao estudante, proporcionando um ambiente saudável e aberto ao aprendizado. Na contramão da exigência, surge um apelo por um sistema que valorize o aluno em sua totalidade, e não meramente como um candidato a ser cuidadosamente examinado.
Por enquanto, o futuro da proposta permanece incerto, assim como as repercussões que ela poderá causar na cultura universitária e na formação acadêmica em Santa Catarina. Enquanto os dias passam e a pressão social e política se intensifica, fica a expectativa sobre como as universidades se adaptam a essa nova realidade e como os alunos reagirão a essa mudança drástica em um ambiente que já é carregado de desafios.
Fontes: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo
Resumo
No dia 30 de outubro de 2023, a proposta de exigir exames toxicológicos para matrícula em universidades públicas de Santa Catarina gerou intensos debates na sociedade. A medida, que deve entrar em vigor em 2026, foi defendida por políticos como uma forma de garantir que os alunos não tenham histórico de uso de substâncias. Contudo, críticos argumentam que essa exigência pode representar um controle excessivo e não aborda questões mais relevantes, como a saúde mental e a alta taxa de abandono escolar. Além disso, a proposta levanta preocupações financeiras, já que os exames podem gerar custos adicionais para os estudantes e suas famílias. Há um clamor por um enfoque mais crítico em relação ao uso de substâncias, promovendo a educação sobre drogas em vez de uma abordagem punitiva. A proposta também é vista como uma estratégia política em um cenário eleitoral polarizado, levantando questões sobre a verdadeira intenção por trás da medida. O futuro da proposta permanece incerto, assim como seu impacto na cultura universitária e na formação acadêmica.
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