17/12/2025, 12:02
Autor: Laura Mendes

A discussão em torno da gestão da Enel em São Paulo ganhou destaque nas últimas semanas, especialmente após o aumento das críticas à prestação de serviços da empresa, que gerencia a distribuição de energia elétrica na capital paulista. Muitas vozes se levantam, questionando a privatização que ocorreu em 2018 e pedindo uma reavaliação das políticas que regem a concessão dos serviços essenciais. Em um contexto em que a falta de energia tornou-se uma preocupação crescente entre os consumidores, as sugestões de reestatização vêm ganhando força, refletindo uma insatisfação generalizada com a situação atual.
Vários cidadãos expressam sua insatisfação com a falta de qualidade do serviço, apresentando relatos sobre falhas recorrentes na distribuição de energia elétrica e a percepção de que a gestão da empresa privatizada não tem conseguido atender às demandas básicas da população. "A Enel não é a única culpada", aponta um dos comentários mais citados, "mas devemos discutir a privatização de serviços essenciais e a gestão incapaz que estamos enfrentando." A percepção de que a empresa não está realizando manutenção adequada em sua infraestrutura e o desprezo por investimentos em tecnologia foram alguns dos fatores críticos mencionados.
Os relatos indicam que, desde a privatização, houve uma diminuição significativa no número de profissionais experientes dentro da empresa. Segundo uma fonte, "a Enel cortou muitos funcionários especializados que lidavam com emergências, optando por uma mão de obra com menor custo, mas que não possui a expertise necessária para resolver problemas complexos rapidamente." Essa mudança na estrutura da força de trabalho é vista como uma das razões que têm contribuído para a instabilidade do serviço, transformando interrupções de energia em eventos comuns na vida dos paulistanos.
Adicionalmente, as opiniões convergem para a necessidade de uma redistribuição das concessões de energia elétrica em São Paulo, com a proposta de um mercado mais aberto que permita a competição entre diversas empresas. Um comentarista sugere que o ideal seria ter ao menos vinte empresas atuando na região, semelhante ao que ocorre em países com um mercado energético mais saudável. Essa perspectiva reflete uma visão mais ampla sobre o setor, enfatizando que a concorrência poderia levar a uma melhora na qualidade dos serviços prestados.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) reconheceu que, apesar das críticas e da insatisfação dos consumidores, os índices de qualidade do serviço prestado pela Enel melhoraram ligeiramente desde a privatização. Contudo, a empresa ainda ocupa posições insatisfatórias em rankings que medem a continuidade do fornecimento de energia, o que gera ainda mais desconforto entre os clientes. Para muitos, a melhoria não é suficiente e a insatisfação permanece, levando a uma resistência em aceitar as privatizações passadas como uma solução eficaz para os problemas de fornecimento e gestão.
A questão da infraestrutura se destaca nas discussões, com muitos argumentando que a solução passa por investimento pesado em modernização e em tecnologias mais sustentáveis. Sugestões como o enterramento de cabos e a integração à energia solar são frequentemente citadas como griots necessários para o futuro do fornecimento de energia em São Paulo. "Todo condomínio e casa deveria ter painéis solares subsidiados", afirma um cidadão, demonstrando a alta demanda por alternativas sustentáveis e eficientes.
Apesar do desejo por mudanças significativas, a caminhada para a reestatização não é simples e estabelece um dilema entre os desafios históricos de gestão dos serviços públicos e os riscos de uma possível volta ao controle estatal. O risco de que uma reestatização leve a uma repetição dos problemas do passado não é ignorado. "Os serviços essenciais deveriam ser estatais, mas pela história dos nossos governos, a gestão é porca e a corrupção impera", é o sentimento expresso por muitos, refletindo uma falta de confiança nas instituições que, teoricamente, deveriam proteger o interesse público.
No entanto, à medida que se intensificam os chamados para que a Enel reassuma a responsabilidade ou que outros jogadores entrem no mercado, a sombra da "crise energética" se torna mais visível, e os consumidores se perguntam se a situação vai realmente mudar ou se continuarão a viver na incerteza sobre a qualidade do serviço de energia elétrica em suas casas. Ao mesmo tempo, a implementação de um novo modelo de gestão que incorpore responsabilidade, eficiência e transparência parece ser o único caminho viável em direção à modernização do setor energético no Brasil.
Fontes: Folha de São Paulo, UOL, Isto É, Exame, Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
Detalhes
A Enel é uma multinacional italiana de energia que atua na geração e distribuição de eletricidade e gás. Com operações em diversos países, a empresa é conhecida por seu compromisso com a sustentabilidade e inovação tecnológica. No Brasil, a Enel é responsável pela distribuição de energia em várias regiões, incluindo São Paulo, onde tem enfrentado críticas sobre a qualidade de seus serviços desde a privatização.
Resumo
A gestão da Enel em São Paulo tem sido alvo de críticas crescentes, especialmente após a privatização em 2018. Consumidores expressam insatisfação com a qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica, apontando falhas recorrentes e a falta de manutenção adequada na infraestrutura. Relatos indicam que a redução de profissionais experientes na empresa contribuiu para a instabilidade no fornecimento de energia. Há um clamor por uma reavaliação das concessões, com sugestões de um mercado mais competitivo, que poderia melhorar os serviços. Embora a ANEEL tenha notado uma leve melhora nos índices de qualidade, muitos clientes permanecem insatisfeitos. A discussão sobre a reestatização é complexa, com preocupações sobre a eficiência da gestão pública. A implementação de um novo modelo de gestão que priorize responsabilidade e transparência é vista como essencial para a modernização do setor energético no Brasil.
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