TikTok vende unidade nos Estados Unidos para investidores incluindo Oracle

A TikTok anunciou oficialmente a venda de sua unidade americana para investidores locais, incluindo gigantes como Oracle e Silver Lake, levantando preocupações sobre privacidade e controle social.

19/12/2025, 00:36

Autor: Felipe Rocha

No último dia 6 de outubro de 2023, a TikTok, popular plataforma de vídeos curtos, anunciou a venda de sua unidade nos Estados Unidos para um grupo de investidores americanos, incluindo a Oracle e a Silver Lake. Esta decisão, que já era esperada por analistas do setor, visa apaziguar as preocupações em torno da segurança de dados dos usuários e do controle da plataforma por entidades estrangeiras. No entanto, a transação gerou uma onda de reações mistas, refletindo um debate crescente sobre privacidade e o papel das grandes empresas de tecnologia no mercado.

A venda foi anunciada em um momento em que os serviços da TikTok enfrentam forte resistência em algumas partes do mundo, especialmente nos EUA, onde alegações de manipulação de dados e espionagem por parte do governo chinês levantaram questões sobre a legitimidade da operação do aplicativo. A venda, segundo os porta-vozes da empresa, é uma estratégia para reforçar a base de usuários e assegurar a continuidade dos serviços em um ambiente cada vez mais hostil. Contudo, muitos usuários e críticos da indústria se mostram céticos quanto a essa mudança de controle.

Nos comentários feitos sobre a notícia, uma parte expressiva dos usuários manifestou a intenção de apagar suas contas na plataforma, alegando desconfiança em relação ao manejo de dados na nova gestão. Um comentarista se destacou ao afirmar que estava deletando sua conta, mencionando que tinha acumulado mais de 20 mil seguidores e vídeos com milhões de visualizações. A frustração é evidente: “Tchau, TikTok. Estou deletando essa porcaria”, disse outro usuário, o que ressalta uma perda de confiança entre os usuários que se sentiram mais seguros sob a versão original do aplicativo.

Paradoxalmente, há quem prefira manter a utilização da plataforma, independentemente de quem controle seu funcionamento. Um internauta questionou a lógica do medo, argumentando que, mesmo sob a influência da China, muitos se sentiam confortáveis para usar o app, e a mudança para um controle americano não deveria ser um motivo de protesto. Essa postura ressalta a complexidade da relação dos usuários com as plataformas digitais, onde a privacidade e a usabilidade frequentemente parecem conflitar.

Entretanto, outros usuários já estão explorando alternativas. Um comentarista destacou um aplicativo canadense, o Gander Social, que deve ser lançado em 2026, mostrando que a busca por novas opções no mercado de mídias sociais é uma tendência crescente. Apesar das incertezas que a venda do TikTok possa trazer, a ideia de um concorrente que priorize a privacidade pode ganhar força, especialmente na era da desconfiança em relação a grandes corporações de tecnologia.

Além disso, o impacto político dessa mudança de controle não pode ser ignorado. Críticas às ações da Oracle na gestão de dados vêm à tona, e há um clamor por uma legislação mais robusta que regule a privacidade e a segurança nas plataformas digitais. Com alguns usuários sugerindo que essa venda poderia abrir uma brecha para que cláusulas comerciais contornem leis existentes, a discussão política sobre o poder das tecnologias americanas e os desafios que elas representam para a privacidade global se intensifica.

Por fim, a venda da unidade da TikTok nos EUA para investidores americanos representa uma nova era para a plataforma nas Américas, mas também acende um alerta para a necessidade de vigilância sobre como os dados dos usuários serão tratados e sobre quem realmente detém o controle sobre as informações pessoais e sociais. Com a privacidade em jogo, a transição promete reacender debates sobre o papel das tecnologias no cotidiano e na democracia.

Fontes: Folha de São Paulo, CNN, The Verge, Financial Times