19/12/2025, 16:19
Autor: Laura Mendes

A Estação Francisco Morato, localizada na linha 7-Rubi da TIC Trens, foi palco de intensos confrontos na manhã desta terça-feira, 17 de outubro de 2023. Celulares registraram momentos de tensão entre ambulantes e seguranças da empresa, após uma ação de repressão à venda irregular de mercadorias no local. A situação expõe não apenas os desafios enfrentados por aqueles que dependem do comércio informal, mas também as decisões difíceis tomadas pelas autoridades responsáveis pela segurança e pela ordem no transporte público.
Muitos usuários da estação expressaram sua insatisfação com a presença constante de ambulantes, que, segundo eles, tornaram a experiência nas viagens de trem bastante problemática. Com a finalidade de discutir essa questão complexa, vários comentários populares surgiram em plataformas online, com usuários tentando entender a dinâmica desse conflito.
De acordo com as análises, essa repressão não é uma novidade. Desde a privatização do sistema ferroviário, que envolveu a transfusão das operações da CPTM, houve um aumento na pressão para controlar a venda informal de mercadorias. Porém, muitos argumentam que a abordagem da TIC Trens – começando a repressão por fora, sem um controle efetivo dentro dos trens e estações – pode não ser a mais eficaz. "O erro deles foi querer começar a controlar os ambulantes de fora sem ter sequer controlado os de dentro das estações e trens", afirmou um usuário em um dos comentários, ressaltando que, diariamente, ele observa dezenas de ambulantes na região.
Esse conflito entre ambulantes e seguranças é um reflexo de um problema mais vasto em São Paulo e outras grandes cidades brasileiras. Muitos dos vendedores informais, em sua maioria, são pessoas que sentem a necessidade de buscar oportunidades em mercados que, muitas vezes, não oferecem opções viáveis de trabalho. O abandono social e econômico é alarmante em diversas regiões, levando indivíduos a se inserirem na venda informal como uma das poucas alternativas para garantir a sobrevivência.
Num cenário de crise econômica, a reivindicação de empregos formais se torna cada vez mais complexa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil enfrenta taxas de desemprego preocupantes, o que contribui para o crescimento do comércio informal em áreas urbanas. A concorrência por espaço entre ambulantes e a pressão das autoridades para coibir essa prática irregular colocam em xeque não apenas a liberdade de comércio, mas também o direito ao trabalho de quem se vê sem opções.
A TIC Trens, por sua vez, justifica suas ações afirmando que é fundamental manter a ordem e a segurança dentro de suas estações e nos trens. No entanto, a abordagem de repressão pode levantar questões sobre as reais soluções necessárias para lidar com um problema que parece ser resolvido apenas temporariamente. Enquanto isso, os ambulantes que dependem desse comércio enfrentam riscos diários, como ações de repressão e a violência que vem com uma fiscalização mais severa.
Além disso, os comentários também levantam a questão de uma suposta "máfia" que organizaria a atuação dos ambulantes, sugerindo um esquema que obrigaria esses vendedores a pagarem uma porcentagem para poder operar nos trens. Essa dinâmica de controle informal adiciona uma camada complexa ao problema da venda irregular e ilustra como a falta de opções legítimas pode levar a uma organização criminosa entre os vendedores e aqueles que agem como intermediários.
Com a pressão crescente das empresas de transporte para combater a venda irregular, muitos passageiros clamam por uma solução que não envolve violência e repressão. "Demorou para reprimirem. A ViaMobilidade precisa começar a reprimir isso na Linha 9 - Esmeralda também. Está um inferno isso, a gente não tem paz com a gritaria deles", comentou um frequentador habitual da linha, expressando sua frustração com a situação.
Por outro lado, há quem defenda o papel dos ambulantes, apontando que eles atendem a um público ansioso por conveniência e que, se a venda informal não fosse rentável, não persistiria. "Só existe ambulante porque as pessoas compram deles, se não desse lucro, não tavam lá", declarou um usuário, ressaltando a necessidade de um olhar mais profundo sobre o que leva à presença constante desses vendedores nas ruas e estações.
No rescaldo dos confrontos na Estação Francisco Morato, fica clara a necessidade crescente de uma discussão mais ampla sobre como lidar com o comércio informal no Brasil, buscando soluções que reconheçam a urgência da necessidade de trabalho, ao mesmo tempo em que mantém a ordem e a segurança nos espaços públicos. As realidades que envolvem tanto os ambulantes quanto as autoridades de segurança são complexas e interligadas, exigindo uma abordagem inovadora e humana para um problema que já dura décadas.
Fontes: Estadão, G1, Folha de São Paulo
Detalhes
A TIC Trens é uma empresa responsável pela operação de trens na região metropolitana de São Paulo, focando na segurança e na eficiência do transporte público. A companhia é parte do sistema ferroviário que, após a privatização, passou a enfrentar desafios relacionados à venda informal e à manutenção da ordem nas estações e trens.
Resumo
A Estação Francisco Morato, na linha 7-Rubi da TIC Trens, foi palco de confrontos entre ambulantes e seguranças em 17 de outubro de 2023, durante uma ação contra a venda irregular de mercadorias. A situação evidencia os desafios enfrentados por vendedores informais e as difíceis decisões das autoridades de segurança. Usuários expressaram descontentamento com a presença constante de ambulantes, que dificultam a experiência de viagem. A repressão à venda informal não é nova, mas críticos apontam que a abordagem da TIC Trens pode ser ineficaz, pois não controla a situação dentro das estações. O problema do comércio informal reflete a crise econômica e o alto desemprego no Brasil, levando muitos a buscar alternativas de sobrevivência. Enquanto a TIC Trens defende suas ações para manter a ordem, a dinâmica de controle informal entre ambulantes e intermediários complica a situação. A necessidade de uma discussão mais ampla sobre soluções para o comércio informal é evidente, visando um equilíbrio entre segurança pública e oportunidades de trabalho.
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