19/12/2025, 16:55
Autor: Laura Mendes

A recente mudança nas regras para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil trouxe à tona uma série de opiniões divergentes. A nova regulamentação, que visa tornar o processo mais acessível e menos burocrático, levanta questões sobre os impactos na segurança do trânsito e na formação adequada dos motoristas. A partir de hoje, com a decisão do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), os candidatos à CNH já não serão obrigados a realizar aulas práticas em autoescolas, o que, segundo a legislação, deverá facilitar a vida dos que desejam se habilitar.
Diversas opiniões emergem em relação a essa época de reformulação. Enquanto alguns parabenizam o governo pela iniciativa, alegando que ela reduzirá custos e dará uma chance aos mais pobres de adquirirem a habilitação, outros alertam para o risco de um aumento no número de motoristas despreparados nas ruas. Um dos comentários destacados aponta que a medida pode ser uma maldição disfarçada, afirmando que "a educação do trânsito começa a ser desconsiderada". O medo é que essa redução nas aulas práticas se converta em um aumento nas imprudências ao volante e numa escalada de acidentes.
A percepção comum é que o sistema de autoescolas, ao longo dos anos, se tornou mais uma indústria do que um verdadeiro espaço de aprendizado. O que deveria ser uma ferramenta de formação para motoristas se tornou algo saturado de práticas corruptas, como o famoso "quebra", que induz alunos a pagarem mais para serem aprovados em provas e exames. Comentários refletem essa realidade, onde se afirma que, muitas vezes, os candidatos aprendem a dirigir apenas para obter o documento, sem realmente assimilarem as práticas necessárias para um trânsito seguro. Uma análise histórica revela que o Brasil enfrenta um dilema: enquanto as autoescolas poderiam ser a chave para a formação qualificada, na prática, muitas delas têm sido vistas como um entrave.
Por outro lado, há também quem defenda a flexibilização das regras, alegando que esse movimento busca modernizar e acompanhar as práticas internacionais, onde a obtenção da CNH pode ser muito menos rigidamente regulada. Em lugares como os Estados Unidos, por exemplo, o processo de habilitação é muito menos oneroso e requer apenas um exame prático de curta duração. Tal argumento, contudo, enfrenta a dura realidade do trânsito brasileiro, onde a corrupção e a falta de educação para direção são o pão cotidiano.
A questão da segurança viária está em jogo, e ela não se limita apenas ao ato de fazer o teste para obter a CNH. Há um consenso de que a engenharia do trânsito é igualmente necessária, com mais fiscalização, educação e, talvez, um sistema meritocrático que preze pela seriedade na formação, ao invés do que muitos consideram um "esquema" de aprovação e pagamento rápido. O aumento do número de motoristas habilitados sem o devido preparo é um fator que preocupa as autoridades e as comunidades.
Ainda assim, muitos acreditam que a mudança de regulamentação é um passo positivo, considerando que há muitos motoristas sem CNH nas ruas. Isso indicaria uma chance de um controle melhor dessa situação, tornando os motoristas que não passam pela autoescola mais visíveis e, portanto, regulamentados. Outros ainda são mais céticos, afirmando que o problema não é a falta de aulas práticas, mas a cultura de desrespeito e imprudência que se impregna em muitos motoristas. De acordo com alguns especialistas, o enfoque deve ser ajustado: a educação para a cidadania no trânsito e suas normas devem ser debatidas e intensificadas, mais do que o próprio exame em si.
Neste caso, a nova medida pode ser vista como uma oportunidade para uma repaginação do sistema de aprovação de novos motoristas no Brasil. Contudo, a construção de um trânsito seguro vai além da habilitação; trata-se de um compromisso coletivo de formação e respeito às regras. No panorama atual, antes de se celebrar a nova lei com o entusiasmo vulgarizado, seria prudente um debate sério sobre a real eficácia e eficiência dessa mudança e a promoção de uma segurança que não se limita a obter um documento, mas sim a dirigir com responsabilidade e consciência.
A implementação dessa nova norma apresenta questões mais profundas que vão além da simples redução de custos. Colocar motoristas despreparados nas ruas pode ser um perigo e causar uma escalada de acidentes. Se não houver um investimento paralelo em educação e fiscalização, o retorno dessa medida poderá se transformar em um retrocesso para a segurança viária no Brasil. Portanto, o diálogo deve continuar, e as preocupações devem ser levadas a sério, pois a mudança já está em ação e as consequências ainda estão por ser vistas.
Fontes: G1, Folha de São Paulo, Zero Hora
Resumo
A recente mudança nas regras para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil gerou opiniões divergentes. A nova regulamentação, que elimina a obrigatoriedade de aulas práticas em autoescolas, visa facilitar o processo de habilitação, mas levanta preocupações sobre a segurança no trânsito e a formação dos motoristas. Enquanto alguns celebram a medida como uma oportunidade para reduzir custos e permitir que mais pessoas obtenham a CNH, críticos alertam para o risco de um aumento no número de motoristas despreparados, o que poderia resultar em mais acidentes. A percepção é de que as autoescolas se tornaram mais uma indústria do que um espaço de aprendizado, e a flexibilização das regras é vista como uma tentativa de modernização, embora a realidade do trânsito brasileiro exija mais do que isso. Especialistas defendem que a educação no trânsito e a fiscalização são essenciais para garantir a segurança viária. A nova norma pode ser uma oportunidade para reformular o sistema, mas sem um investimento em educação e fiscalização, pode resultar em um retrocesso.
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