06/12/2025, 16:30
Autor: Laura Mendes

A quiropraxia, há muito tempo uma opção de tratamento alternativa para dor nas costas e problemas musculoesqueléticos, tem enfrentado um crescente escrutínio e desconfiança entre pacientes e profissionais de saúde. No último dia 8 de outubro, relatos de incidentes adversos decorrentes de ajustes quiropráticos foram amplamente discutidos, levantando preocupações sobre a segurança e a eficácia dessa prática. Pacientes e trabalhadores da saúde têm compartilhado experiências pessoais preocupantes, evidenciando a fragilidade das credenciais de alguns quiropráticos e questionando se procedimentos como ajustes no pescoço, muitas vezes realizados sem o devido cuidado, são realmente seguros.
Um dos comentários mais contundentes expõe a experiência de um paciente que sofreu uma lesão significativa ao visitar um quiroprático. Ele relatou um caso em que uma manipulação no pescoço levou à dissecção da artéria vertebral, ressaltando que o paciente, por sorte, conseguiu se recuperar, mas não sem um tratamento adicional complicado e desgastante. Esse caso particular não é uma anomalia, como indicam algumas estatísticas que mostram riscos associados a manipulações quiropráticas, especialmente as que envolvem o pescoço. Profissionais de saúde alertam que manipulações imprudentes podem levar a derrames e outras complicações fatais.
A controvérsia em torno da quiropraxia é acentuada por relatos de pacientes que se sentem enganados por quiropráticos que prometem curas milagrosas, geralmente sem a evidência científica que deveria respaldar tais promessas. As críticas se ampliam, principalmente quando se considera a crescente integração de quiropráticos ao sistema de saúde, onde alguns praticantes se posicionam como legítimos provedores de cuidado, apesar da falta de treinamento rigoroso que os médicos recebem. A falta de regulamentação adequada e a diversidade nas qualificações dos quiropráticos contribuem para desconfianças por parte de outros profissionais de saúde. Muitos médicos se negam a reconhecer a quiropraxia como uma prática válida e asseguram que as manipulações não têm respaldo científico e podem ser potencialmente perigosas.
Estudos sobre quiropraxia têm revelado que, embora algumas intervenções possam proporcionar alívio a curto prazo para dores lombares, os benefícios são questionáveis quando se tratam de outras condições. Uma análise rigorosa destacou que não existem evidências conclusivas que comprovem a eficácia da quiropraxia para problemas de saúde além da dor nas costas. Além disso, a falta de um protocolo unificado que regule as práticas e as credenciais tem levado muitos a descrever a quiropraxia como uma forma de "placebo" que pode custar caro, sem oferecer as soluções prometidas.
Os depoimentos de pacientes revelam histórias que vão além de dores e desconfortos; eles falam de manipulações invasivas, de promessas não cumpridas e de experiências que deixaram cicatrizes, tanto físicas quanto emocionais. Muitas pessoas que buscaram alívio ao dor acabaram com mais problemas do que tinham antes, levando a um ciclo de frustração e desconfiança. Embora alguns indivíduos afirmem que a quiropraxia melhorou suas vidas, a experiência de muitos outros sugere que pode não ser a solução ideal, pois preferem alternativas mais seguras, como fisioterapia ou treino de força, que parecem proporcionar melhores resultados e menores riscos.
Além do contexto do tratamento, a ética na prática quiroprática também é frequentemente questionada. As alegações de tratamentos que beiram a pseudociência caem constantemente sob o olhar atento da comunidade médica. O fundador da quiropraxia, Daniel David Palmer, é muitas vezes lembrado por sua origem controversa, que inclui a afirmação de ter recebido ensinamentos de um "fantasma". Essa conexão histórica levanta questões sobre a validade daquiropraxia, considerando que muitos acreditavam que ela estava mais entrelaçada com crenças espirituais do que com princípios científicos.
Na vanguarda da discussão, associações médicas e de saúde pública têm proposto um debate mais amplo sobre a regulamentação da quiropraxia e as credenciais dos quiropráticos. Exigindo mais transparência e responsabilidade na prática de saúde, estas organizações visam garantir que os pacientes recebam cuidados realmente eficazes e seguros. A busca por um tratamento mais seguro e embasado em evidências torna-se essencial à medida que mais pacientes se tornam cientes dos riscos associados a práticas que, por muito tempo, foram aceitas sem questionamentos.
Em conclusão, à medida que a quiropraxia navega pelas águas turbulentas do debate científico e ético, é imperativo que os pacientes tomem decisões informadas sobre seus cuidados de saúde. Conhecer os riscos e buscar alternativas quando necessário são passos cruciais para assegurar que a jornada em direção à saúde e ao bem-estar seja feita com segurança e responsabilidade. Os desavisados que procuram soluções rápidas e milagrosas são os que mais podem sofrer as consequências em um sistema que ainda luta para equilibrar tradição com inovação na medicina.
Fontes: Folha de São Paulo, Michigan Medicine, National Institutes of Health
Resumo
A quiropraxia, uma alternativa para dores nas costas e problemas musculoesqueléticos, enfrenta crescente desconfiança entre pacientes e profissionais de saúde. Incidentes adversos, como lesões graves decorrentes de ajustes quiropráticos, têm gerado preocupações sobre a segurança e eficácia dessa prática. Pacientes relatam experiências negativas, incluindo manipulações imprudentes que resultaram em complicações sérias, como derrames. A controvérsia é ampliada por quiropráticos que prometem curas milagrosas sem respaldo científico, levando médicos a rejeitar a quiropraxia como prática válida. Estudos indicam que, embora algumas intervenções possam aliviar dores lombares, não há evidências conclusivas de eficácia para outras condições. A falta de regulamentação e a diversidade nas credenciais dos quiropráticos aumentam a desconfiança. A ética na prática também é questionada, especialmente em relação às origens controversas da quiropraxia. Associações médicas pedem maior regulamentação e transparência, enquanto pacientes são aconselhados a buscar tratamentos mais seguros e baseados em evidências.
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