06/12/2025, 18:12
Autor: Laura Mendes

O caso envolvendo a administração incorreta de adrenalina a um paciente no Hospital Santa Júlia gerou um intenso debate sobre os protocolos de segurança na área da saúde. O incidente, que ocorreu recentemente, resultou em consequências graves e levantou questões sobre responsabilidade e sistemas de verificação dentro das instituições de saúde. A defesa da médica envolvida, Juliana Brasil Santos, alegou que a administração da medicação ocorreu devido a uma falha no sistema automatizado que deveria ter assegurado que a droga fosse administrada de maneira adequada. Essa situação não apenas causou alvoroço entre profissionais de saúde, mas também fez com que muitos questionassem os limites da responsabilidade médica e as falhas sistêmicas que podem levar a erros com repercussões sérias.
Um dos comentários destacados sobre o incidente enfatiza a importância de analisar a sequência de eventos que levaram ao erro. Não se trata de querer ser um "engenheiro de obra pronta", mas de entender onde ocorreram falhas e como intervir para que erros semelhantes não se repitam no futuro. Protocolos de segurança, segundo afirmam profissionais da área, foram estabelecidos geralmente após eventos trágicos que levaram à reflexão e à adoção de medidas preventivas. Antigamente, um erro comum em cirurgias era a ocorrência de amputações na perna errada, o que hoje é minimizado graças à implementação de normas rígidas e checagens em várias etapas.
Outro aspecto importante levantado foi a necessidade de comunicação entre as equipes médicas. A responsabilidade por uma prescrição deve ser compartilhada, com enfermeiros capacitados para questionar tratamentos que parecem inconsistentes. A equipe deve trabalhar em sinergia para garantir que as práticas adotadas sejam seguras e eficazes. Em várias situações de prontuários eletrônicos, a forma como as informações são inseridas e acessadas pode criar situações de risco. Assim, torna-se essencial que as medidas de segurança estejam sempre em funcionamento, desde a prescrição até a administração do medicamento.
Os comentários também alertaram sobre o papel crítico que a tecnologia deve desempenhar na redução de erros humanos dentro da saúde. Sistemas de prescrição que exigem múltiplas confirmações e que impedem a liberação de medicamentos em doses perigosas são exemplos de inovações que podem salvar vidas. Entretanto, para que essas inovações sejam eficazes, é necessário que as equipes estejam treinadas e se sintam empoderadas para atuar em casos onde a segurança do paciente possa estar em risco. A ideia de checar a prescrição antes da administração do medicamento deve ser uma prática padrão, não apenas uma opção.
A defesa da médica sublinha que o erro foi reconhecido “no calor do momento” e que a médica não teve a intenção de comprometer a saúde do paciente. Entretanto, essa justificativa não apaga a preocupação dos especialistas em saúde pública sobre como o sistema falhou em permitir que essa situação chegasse a esse ponto. Em uma hierarquia hospitalar, a enfermeira, que supostamente foi afastada como consequência, desempenha um papel crucial ao alinhar a prática clínica à segurança do paciente, tornando ainda mais importante o debate sobre como as instituições responsabilizam as diferentes partes envolvidas em um tratamento médico.
Por outro lado, a percepção pública sobre o incidente apresenta um tom de cepticismo, com muitos questionando se a culpa é de uma única pessoa ou se é resultado de uma cadeia de erros sistêmicos. Esse entendimento gera um clima de expectativa em relação à resolução do caso, uma vez que a opinião pública e a comunidade médica estão atentas aos desdobramentos e penalizações que possam surgir. A preocupação com a proteção de todas as partes, sejam elas médicas ou de enfermagem, se faz necessária para que um ambiente colaborativo seja mantido.
O caso Benício revela, portanto, as fragilidades não apenas no acompanhamento clínico, mas também nas estruturas que sustentam o funcionamento da saúde pública no Brasil. As instituições devem refletir sobre os erros cometidos e observar se suas práticas estão de acordo com as melhores normas internacionais de segurança. Nesse sentido, fica a lição nesta ocorrência: é preciso trabalhar para que erros do passado não se tornem rotina, mas sim uma oportunidade para a melhoria contínua na saúde dos pacientes. O desafio da assistência médica é diário, e apenas através de uma forte estrutura colaborativa e protocolos seguidos à risca será possível evitar que tragédias como essa se repitam.
Fontes: Folha de São Paulo, G1, Estadão, UOL.
Resumo
O incidente de administração incorreta de adrenalina a um paciente no Hospital Santa Júlia gerou um intenso debate sobre os protocolos de segurança na saúde. A defesa da médica Juliana Brasil Santos argumentou que o erro foi causado por uma falha no sistema automatizado. O caso levantou questões sobre responsabilidade médica e a importância de verificar falhas sistêmicas. Profissionais de saúde destacaram a necessidade de comunicação e colaboração entre equipes, enfatizando que a responsabilidade deve ser compartilhada. A tecnologia deve ser utilizada para minimizar erros humanos, com sistemas de prescrição que exigem múltiplas confirmações. Apesar da defesa da médica, especialistas expressaram preocupação com as falhas do sistema que permitiram o erro. A percepção pública sobre o incidente é cética, questionando se a culpa recai sobre um indivíduo ou se é resultado de uma cadeia de erros. O caso revela fragilidades na saúde pública brasileira e a necessidade de refletir sobre práticas e protocolos para evitar que erros do passado se repitam.
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