Projetos de lei populistas suscitam questionamentos sobre eficácia e necessidade

A discussão em torno dos projetos de lei populistas cresce, enquanto especialistas debatem a real importância dessas iniciativas no Brasil contemporâneo.

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06/12/2025, 15:38

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma imagem chamativa de um cenário urbano com painéis publicitários exibindo imagens de criminosos famosos em série de TV, com uma multidão curiosa assistindo, enquanto um político discursa ao fundo. A cena é repleta de vibrantes cores e expressões de indignação e curiosidade nas faces dos transeuntes, capturando a tensão entre a cultura de consumo e a legislação.

Nos últimos dias, a proposta de um projeto de lei que visa regulamentar a utilização da imagem de criminosos em produções audiovisuais tem gerado acaloradas discussões em diversas esferas sociais e políticas. O proponente, o deputado Kim Kataguiri, aponta que a proposta tem como objetivo proteger os direitos de imagem dessas figuras não apenas na mídia, mas sua intenção também se apoia no argumento de que a popularização da figura do criminoso pode incentivar comportamentos antissociais. No entanto, críticos questionam a eficácia e relevância de tal projeto em um contexto onde a legislação brasileira já possui um excesso de normas e onde o debate sobre a necessidade de revogar leis obsoletas ganha força.

As opiniões se dividem sobre se essa proposta de lei é realmente uma solução ou se trata apenas de uma manobra populista destinada a manter o político na mídia. Especialistas em direito afirmam que, até o momento, as produções audiovisuais que abordam a vida de criminosos, como a série "Tremembé", não compensam financeiramente os indivíduos retratados, desafiando a ideia de que abusos de imagem e royalties sejam uma preocupação real. De acordo com informações de especialistas, estes programas se baseiam em relatos públicos e notórios, o que implica que os retratados inserem-se no domínio da informação já existente, e portanto não têm direito a compensações financeiras.

Além disso, um dos comentários mais recorrentes no debate é a crítica ao excessivo número de leis propostas. Muitos internautas e analistas destacam que o Brasil já enfrenta problemas significativos relacionados à complexidade da sua legislação, um tema amplamente discutido na últma década. A proposta de uma nova norma neste cenário pode parecer ainda mais como uma tentativa de obter visibilidade política do que uma solução para os problemas reais enfrentados pela sociedade. Essa situação levanta a questão: seria mais sensato revogar leis desatualizadas do que criar novas que podem se tornar irrelevantes em pouco tempo?

Também há uma insatisfação generalizada em relação ao que é percebido como falta de foco dos legisladores nas questões realmente urgentes que o país enfrenta, como saúde pública, segurança, educação e infraestrutura. Um dos participantes do debate descreveu a proposta de lei como uma ação que distancia o foco das verdadeiras necessidades dos cidadãos, comparando-a à ideia de aumentar o preço de um medicamento comum em vez de tratar a raiz do problema: a dor de cabeça. Essa analogia enfatiza o sentimento de que iniciativas como essa podem ser vistas por muitos como uma distração, uma forma de manter os políticos em cena sem realmente abordar os desafios substanciais que a população enfrenta.

Ainda, a proposta de Kataguiri, conforme discutido, parece ser uma tentativa de induzir uma percepção equivocada de que mais leis garantirão uma sociedade mais responsável. Segundo um dos comentários, algumas políticas legislativas podem acabar incentivando a superficialidade no que é consumido pela massa, levando a um controle não desejado sobre as preferências da população. Essa crítica aos projetos com foco meramente populista reflete uma desconfiança de que as motivações por trás dessas iniciativas não são necessariamente altruístas, mas sim uma forma de capitalizar sobre o clamor popular por justiça e responsabilidade.

Em suma, a proposta de proteger os direitos de imagem dos criminosos representados nas mídias pode trazer à tona importantes questões sobre a moralidade do consumo de conteúdo relacionado ao crime, enquanto levanta também a questão da necessidade vital de revisar e simplificar a legislação existente. Como muitos enfatizam, a real preocupação deve ser com políticas eficazes que realmente enfrentem os problemas de uma sociedade complexa e em constante transformação, e não apenas a produção de legislação por questões de visibilidade e popularidade. Com uma população cada vez mais consciente e crítica, o desafio será equilibrar direitos, deveres e a ética no entretenimento, sem cair na armadilha do populismo vazio.

Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, BBC Brasil

Detalhes

Kim Kataguiri

Kim Kataguiri é um político brasileiro e deputado federal, conhecido por sua atuação em temas relacionados à liberdade de expressão e direito à informação. Ele é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), que ganhou notoriedade durante os protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Kataguiri é frequentemente associado a propostas polêmicas e debates acalorados no Congresso Nacional, buscando trazer temas como a reforma política e a redução da burocracia à tona.

Resumo

Nos últimos dias, um projeto de lei proposto pelo deputado Kim Kataguiri, que visa regulamentar o uso da imagem de criminosos em produções audiovisuais, gerou intensos debates sociais e políticos. Kataguiri defende que a proposta protege os direitos de imagem e evita a popularização de figuras criminosas, que poderia incentivar comportamentos antissociais. No entanto, críticos questionam a necessidade da lei em um contexto já saturado de normas, sugerindo que a proposta pode ser uma manobra populista para manter o político em evidência. Especialistas em direito argumentam que produções como a série "Tremembé" não oferecem compensações financeiras aos retratados, pois se baseiam em informações públicas. Além disso, há um descontentamento com a proliferação de novas leis, que desviam a atenção de questões urgentes como saúde e segurança. A proposta levanta a discussão sobre a eficácia de criar mais legislação em vez de revisar normas existentes, refletindo uma preocupação com a superficialidade das iniciativas políticas e a necessidade de focar em problemas reais da sociedade.

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