PL 2628/22 pode restringir acesso à internet e beneficiar Big Techs

A proposta que regulamenta o acesso à internet no Brasil gera preocupações sobre a vigilância massiva e o impacto nas liberdades digitais, defendendo os interesses das Big Techs.

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23/08/2025, 23:54

Autor: Felipe Rocha

Uma ilustração que retrata uma pessoa navegando na internet com um grande cadeado em sua tela, representando vigilância e controle. Ao fundo, uma cidade futurista com prédios altos e tecnologia avançada, inspirando uma atmosfera cyberpunk, enquanto sombras de figuras misteriosas observam a cena.

No dia de hoje, uma nova proposta de lei, conhecida como PL 2628/22, ganhou destaque nas discussões sobre a regulação da internet no Brasil. A proposta, que já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e segue para votação no Senado, criminaliza a exploração infantil na internet, mas traz à tona preocupações sobre os potenciais efeitos colaterais para a liberdade digital e a privacidade dos usuários. De acordo com especialistas e defensores dos direitos digitais, a proposta poderá servir como um veículo para a vigilância massiva por parte das grandes empresas de tecnologia, conhecidas como as Big Techs, e resultar em um controle excessivo da internet no país.

Um dos aspectos mais discutidos da PL 2628/22 é a exigência de que todos os serviços online exigirem a comprovação da idade dos usuários através da apresentação de documentos oficiais como RG ou CNH. Isso significa que qualquer interação na internet, seja em redes sociais ou serviços de streaming, agora dependeria da autorização de usuários que comprovassem que são maiores de idade. Essa determinação tem gerado críticas de que a lei apenas camufla um cenário de controle mais intenso e propõe uma solução que não endereça de forma eficaz a questão da proteção infantil na web.

Os críticos afirmam que a regulamentação falha em atacar a verdadeira raiz do problema que visa resolver, que é a exploração sexual de crianças e adolescentes na internet. Muitos argumentam que, em vez de focar em punições e restrições aos usuários comuns, a lei deveria se concentrar em estabelecer mecanismos de responsabilização mais rigorosos para as plataformas digitais que abrigam conteúdo impróprio e na educação digital para pais e crianças. Este descompasso entre a proposta legislativa e as soluções realmente eficazes para proteger os menores online é uma das maiores preocupações levantadas pelos opositores da lei.

Um comentarista destaca que essa proposta é uma maneira de desviar a atenção da responsabilidade das grandes empresas, que continuam lucrando com a exposição de usuários, enquanto as garantias de privacidade e autonomia são minimizadas. A falta de responsabilização das Big Techs faz com que muitos vejam a PL 2628/22 como uma maneira de acumular dados de uma população inteira e transformar informações pessoais em uma mercadoria valiosa, ao custo da liberdade digital dos cidadãos.

As previsões de especialistas sobre o impacto da PL 2628/22 não são favoráveis. Há preocupações de que a nova lei não apenas será ineficaz para desestimular os criminosos, que certamente encontrarão maneiras de burlar essas exigências, mas também que criará um ambiente onde a maioria da população sofrerá as consequências de um controle excessivo sobre o acesso à internet. A implementação de uma lei tão rigorosa resultaria em um aumento da insegurança na rede, pois usuários comuns, muitas vezes despreparados para lidar com tais mudanças, seriam os mais afetados.

Além disso, os efeitos colaterais da lei incluem a possibilidade de afetar a economia digital do Brasil. As empresas que dependem de um ambiente online aberto e acessível poderão enfrentar barreiras significativas para operar eficazmente ou mesmo para alcançar novos clientes. Isso poderá resultar em um cenário em que a fragmentação da internet no Brasil se torne uma realidade, dificultando a competição e limitando a inovação no setor de tecnologia nacional.

Preocupações também emergem em relação à privacidade, já que a solicitação de documentos para comprovar a idade pode facilitar o acesso indevido a dados pessoais que, sob a justificativa de proteger os jovens, acaba colocando mais informações sensíveis em mãos erradas. É um ciclo que se retroalimenta, em que medidas para proteção acabam por comprometer ainda mais a segurança dos dados e a liberdade de expressão.

Evidentemente, o impacto dessa proposta de lei ressoa em múltiplas frentes. Enquanto a intenção de proteger os menores na internet é um objetivo nobre, a implementação e as suas implicações práticas precisam ser discutidas e repensadas de forma abrangente. O consenso que começa a se formar entre os críticos e especialistas é que o debate deve se concentrar em como as plataformas podem ser responsabilizadas em vez de penalizar usuários com rígidas verificações de identidade e acesso restrito.

O desenrolar da PL 2628/22 nos próximos meses promete ser um campo de batalha central no Brasil, com defesas fervorosas de ambos os lados. A luta por um espaço digital seguro e acessível deve continuar, enquanto se busca um equilíbrio entre proteção e liberdade na internet, evitando que a proposta sirva a interesses comerciais e políticas que, ao final, podem agravar os problemas que se propõem a solucionar.

Fontes: Folha de São Paulo, G1, Estadão

Resumo

A proposta de lei PL 2628/22, que visa regular a internet no Brasil, ganhou destaque após ser aprovada pela Câmara dos Deputados e agora aguarda votação no Senado. A lei criminaliza a exploração infantil online, mas levanta preocupações sobre a liberdade digital e a privacidade dos usuários. Especialistas alertam que a exigência de comprovação de idade para acessar serviços online pode resultar em vigilância excessiva e controle das Big Techs. Críticos afirmam que a lei não aborda a raiz do problema da exploração infantil e propõem que o foco deveria ser na responsabilização das plataformas digitais e na educação digital. Além disso, a implementação da lei pode afetar a economia digital do Brasil, criando barreiras para empresas e limitando a inovação. A proposta gera um debate acirrado sobre como proteger os menores sem comprometer a liberdade e a privacidade dos usuários. O futuro da PL 2628/22 promete ser um campo de batalha importante, com a necessidade de encontrar um equilíbrio entre proteção e liberdade na internet.

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