27/09/2025, 10:00
Autor: Laura Mendes
O café, uma bebida amplamente consumida por milhões em todo o mundo, é tradicionalmente associado ao aumento da energia e ao combate à sonolência. Entretanto, uma nova discussão emergente destaca que, para algumas pessoas, o efeito é notoriamente oposto, levando à sensação de cansaço e sonolência após o consumo de cafeína. Vários fatores estão em jogo, e especialistas começam a investigar as razões por trás desse fenômeno intrigante.
O principal responsável pela ação da cafeína no cérebro é a adenosina, um neurotransmissor que se acumula ao longo do dia e é responsável por induzir a sensação de sonolência. Quando a cafeína é consumida, ela se liga aos receptores de adenosina, impedindo que este neurotransmissor faça seu trabalho, levando à sensação de alerta. No entanto, pesquisas recentes sugerem que algumas pessoas podem ter "receptores escorregadios" de adenosina, o que significa que a cafeína não bloqueia efetivamente seus efeitos, resultando em uma continuação da sonolência.
Além disso, a neurociência moderna mostra que o funcionamento do cérebro de uma pessoa pode alterar a forma como a cafeína é metabolizada e sua eficácia. Nas pessoas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), a situação é ainda mais complexa. Esses indivíduos frequentemente apresentam níveis mais baixos de dopamina, um neurotransmissor crucial para regulação do foco, motivação e prazer. A ação da cafeína, que aumenta indiretamente os níveis de dopamina, pode ocasionar um efeito paradoxal: em vez de deixar essas pessoas mais alertas, a cafeína pode levar a uma sensação de calma e relaxamento, o que pode se manifestar como sonolência.
Opiniões sobre os efeitos da cafeína variam entre aqueles que relatam que ela proporciona um aumento benéfico de atenção e aqueles que se sentem letárgicos e sem energia. Um usuário mencionou que, após uma alta ingestão de café, experimentou um impulso de energia seguido por intensa sonolência. Outro usuário, que percebeu que pode tirar um cochilo após beber café, levanta questões sobre a relação entre o seu consumo de cafeína e o seu neurotransmissor, perguntando se haveria um acoplamento entre a cafeína e sua química cerebral.
Mais ainda, a regularidade do consumo de cafeína também parece desempenhar um papel considerável. Há indícios de que consumidores habituais podem desenvolver uma tolerância, onde quantidades normais de cafeína deixam de produzir os efeitos esperados. Em alguns casos, um aumento imperceptível na ingestão pode inverter a resposta usual do corpo. Um indivíduo, por exemplo, relatou que após um mês sem a cafeína, voltou a bebê-la e não sentiu mais o efeito sonolento que ele costumava experienciar.
Além disso, a individualidade neurobiológica é uma peça chave nesse quebra-cabeça. Comentários de usuários enfatizam que muitas das pessoas que experimentam sonolência após ingestão de café são tipicamente neurodivergentes. O fato de que o cérebro de cada pessoa possa reagir de forma diferente à cafeína traz à tona questões sobre a homogeneidade da pesquisa sobre essa substância. É possível que uma abordagem mais personalizada seja necessária para entender como a cafeína afeta diferentes indivíduos.
Os especialistas sugerem que uma avaliação precisa e a realização de estudos adicionais são fundamentais para investigar os variados efeitos da cafeína. Pesquisas contínuas sobre os efeitos neurológicos da cafeína, principalmente entre os neurodivergentes, podem proporcionar informações valiosas para a prática clínica e ajudar as pessoas a compreender melhor suas próprias reações e estabelecer hábitos de consumo mais saudáveis.
Em conclusão, embora o café seja frequentemente visto como o aliado perfeito para as manhãs cansativas e as horas de trabalho longas, nem todos respondem a ele da mesma maneira. Os estudos sobre a reação individual à cafeína não apenas informam sobre a bioquímica cerebral, mas também abrem um diálogo mais amplo sobre como as substâncias afetam a saúde mental e o bem-estar geral. Assim, a interação complexa entre cafeína, adenosina, dopamina e a química cerebral individual continua a ser um campo promissor de exploração dentro da neurociência e da saúde mental.
Fontes: Folha de São Paulo, Jornal da Ciência, Healthline, Nature
Resumo
O café, popularmente conhecido por aumentar a energia, pode ter efeitos opostos em algumas pessoas, levando à sonolência após o consumo. Especialistas estão investigando essa reação, que pode ser influenciada por fatores como a presença de "receptores escorregadios" de adenosina no cérebro, que não são bloqueados pela cafeína. Além disso, indivíduos com TDAH podem experimentar um efeito paradoxal, onde a cafeína, ao aumentar indiretamente os níveis de dopamina, resulta em calma em vez de alerta. A regularidade do consumo também afeta a resposta do corpo à cafeína, com usuários habituais podendo desenvolver tolerância. Comentários de usuários revelam que muitos que sentem sonolência após o café são neurodivergentes, indicando que a reação à cafeína pode variar significativamente entre indivíduos. Estudos adicionais são necessários para entender melhor esses efeitos e como a cafeína impacta a saúde mental e o bem-estar.
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