24/09/2025, 03:56
Autor: Laura Mendes
A Coreia do Norte está enfrentando um surto de uma rara doença de pele, cujos casos já foram relatados em pelo menos quatro condados da província de Pyongan do Norte. A condição, que está sendo descrita oficialmente como “doença de pele rara” ou “psoríase rara”, gerou preocupação significativa entre os cidadãos e efeitos colaterais para a já precária infraestrutura de saúde do país. O regime de Pyongyang rapidamente começou a responsabilizar a China pelo surto, acendendo debates sobre as reais circunstâncias que cercam a propagação dessa enfermidade.
Os relatos indicam que o surto começou a afetar os moradores da província de Pyongan do Norte, com sintomas que se assemelham aos de condições dermatológicas como psoríase. Especialistas em saúde pública apontam que a organização precária dos cuidados médicos na Coreia do Norte pode estar contribuindo para a intensidade da crise. O regime norte-coreano é conhecido por sua falta de transparência em questões de saúde, e qualquer discussão sobre a responsabilidade pela disseminação de doenças é frequentemente envolta em censura e desinformação.
Os cidadãos, por sua vez, expressam um ceticismo crescente em relação à narrativa oficial, levantando questões sobre as condições de vida e os serviços de saúde do país. Alguns comentadores mencionaram que o histórico de consumo de água não tratada e a negligência em cuidados médicos podem ser fatores muito mais relevantes na origem do surto do que uma suposta contaminação vinda da China. A deterioração da infraestrutura de saúde na Coreia do Norte tem sido um tópico recorrente, com muitos afirmando que o país realiza pouco mais que uma resposta reativa a emergências de saúde.
Além disso, a Coreia do Norte possui um mercado negro significativo que depende de bens importados, incluindo alimentos e outros suprimentos da China. Essa relação estreita com o país vizinho levanta preocupações sobre as condições sanitárias e as práticas de saúde pública no regime de Pyongyang. Os comentários de analistas também indicam que a saída controlada dos cidadãos para a China e a Rússia, essencialmente restrita aos membros da elite do regime, limita significativamente as possibilidades de disseminação de doenças, tornando a responsabilização direta à China uma colocação problemática.
No entanto, o tráfico de trabalhadores forçados leva a uma interconexão inesperada. Coreanos do Norte trabalham em condições adversas no exterior, o que poderia potencialmente unir essas nações sob um novo entendimento de saúde pública. Os especialistas têm chamado atenção para essas dinâmicas de trabalhadores que, ao retornarem, podem trazer doenças que não são comumente vistas na Coreia do Norte, levantando questões sobre a vigilância sanitarista e os protocolos de saúde ao longo da fronteira.
A maior parte do contato que a Coreia do Norte mantém com o mundo exterior se dá quase que exclusivamente através da China. As exportações, incluindo alimentos e insumos industriais, estão frequentemente ligadas ao país vizinho, implicando que qualquer surto emergente poderia pelo menos, de alguma maneira, ter conexão com esse intercâmbio. Contudo, afirmar que a origem do surto de doença de pele vem especificamente deste relacionamento pode ser uma simplificação da complexa relação que a Coreia do Norte possui com sua própria infraestrutura de saúde.
Análises adicionais sugerem que a subnotificação de doenças e condições de saúde no país pode ocultar a extensão real do impacto sanitário enfrentado pela população. Caso a situação não seja tratada adequadamente, há o temor de que a condição se transforme em um problema de saúde pública muito mais grave, levando a um cenário de epidemia. A população, que já se depara com desafios nutricionais e condições de vida precárias, pode ver-se diante de uma pandemia que atinge suas camadas mais vulneráveis.
Neste contexto complexo, o regime de Kim Jong-un está sob vigilância internacional, não apenas por sua resposta a esta crise de saúde, mas também pela maneira como lida com a narrativa de culpa em relação a outras nações. Em uma época em que a transparência e a colaboração internacional são cruciais para o combate a surtos de doenças, o regime isolacionista da Coreia do Norte se encontra em uma posição delicada. É fundamental que as organizações de saúde internacionais mantenham um foco ativo em monitorar a saúde pública no país, oferecendo suporte, sempre que possível, para evitar uma escalada de uma crise que já ameaça a vida de tantos.
Fontes: BBC News, Al Jazeera, The Guardian
Resumo
A Coreia do Norte enfrenta um surto de uma rara doença de pele, relatada em pelo menos quatro condados da província de Pyongan do Norte. Descrita como “doença de pele rara” ou “psoríase rara”, a situação gerou preocupação entre os cidadãos e agravou a já precária infraestrutura de saúde do país. O regime de Pyongyang responsabilizou a China pelo surto, levantando debates sobre as verdadeiras causas da propagação da enfermidade. Especialistas apontam que a organização deficiente dos cuidados médicos na Coreia do Norte contribui para a crise, e a falta de transparência do regime dificulta discussões sobre a responsabilidade pela disseminação de doenças. Cidadãos expressam ceticismo em relação à narrativa oficial e questionam as condições de vida e serviços de saúde. A interconexão com a China, através de um mercado negro e trabalhadores forçados, também levanta preocupações sobre a saúde pública. A subnotificação de doenças pode ocultar a extensão do impacto sanitário, e se a situação não for tratada, há risco de uma epidemia. O regime de Kim Jong-un enfrenta vigilância internacional em sua resposta à crise.
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