24/09/2025, 04:09
Autor: Laura Mendes
Nos últimos anos, a crescente resistência dos organismos patogênicos a antibióticos se tornou uma preocupação crescente nos Estados Unidos. De acordo com especialistas, muitos fatores, incluindo o uso excessivo e inadequado de antibióticos durante a pandemia de Covid-19, têm contribuído para esse fenômeno alarmante. A resistência a antibióticos é uma questão séria que pode levar a infecções mais difíceis de tratar, aumentando a taxa de complicações e até mesmo a mortalidade em pacientes infectados.
Conforme os dados coletados nos últimos anos, o uso excessivo de antibióticos aumentou exponencialmente, especialmente entre 2019 e 2023, quando os profissionais de saúde prescreviam esses medicamentos frequentemente “por precaução” para tratar pacientes com Covid-19 e suas co-infecções. Ao fazer isso, muitas vezes, os médicos acabaram contribuindo para a criação de cepas de bactérias que agora são resistentes a múltiplos medicamentos. Dr. Jason Burnham, pesquisador da Universidade de Washington, observou que o aumento no uso de antibióticos durante a pandemia provavelmente está refletido no aumento das bactérias resistentes.
Entre os agentes patogênicos mais preocupantes está o Acinetobacter baumannii, conhecido por sua resistência extrema a diversas classes de antibióticos. Essa bactéria é frequentemente encontrada em ambientes hospitalares, podendo causar infecções em pacientes que já são vulneráveis devido a doenças pré-existentes. É alarmante notar que nem todos os estados estão enviando amostras de organismos resistentes para testes avançados, o que significa que as infecções podem se espalhar sem que os profissionais de saúde tenham conhecimento de sua presença.
Além disso, o aumento das infecções causadas por organismos resistentes tem levantado questões sobre os protocolos de controle em hospitais. Durante os últimos anos, houve relatos de hospitais enfrentando surtos de cepas resistentes, o que resulta em desafios significativos para as equipes de saúde na luta contra as infecções. Um funcionário que trabalhou em um departamento de saúde durante a pandemia expressou sua frustração com a forma como as normas foram tratadas, afirmando que muitos departamentos não estavam seguindo as diretrizes adequadas para a segurança dos trabalhadores e pacientes.
A disseminação de infecções resistentes a antibióticos não é um problema novo, mas a pandemia ajudou a expor e acentuar sua gravidade. Em certas regiões, os níveis de infecções por patógenos como a Candida auris, uma espécie de fungo resistente a antifúngicos, se tornaram um grande desafio para os cuidados de saúde. Profissionais na linha de frente relatam que trabalham sob pressões significativas para controlar essas infecções, muitas vezes lidando com a resistência a vários tipos de tratamento que deveriam ser eficazes. O fato de que muitos pacientes já internados com Covid-19 estão agora mais vulneráveis a essas infecções coloca um enorme fardo sobre os sistemas de saúde.
O aumento das infecções resistentes pode ter consequências devastadoras. Além de aumentar os custos de tratamento e hospitalização, essas infecções também comprometem a eficiência das cirurgias e outros procedimentos médicos. Profissionais de saúde alertam que, sem intervenções adequadas e um uso mais responsável de antibióticos, a possibilidade de retorno a uma era em que pequenas infecções poderiam ser fatais se torna uma realidade alarmante.
A luta contra a resistência a antibióticos precisa ser uma prioridade. Especialistas estão pedindo não apenas uma educação mais robusta para os profissionais de saúde, mas também um engajamento ativo por parte da população para que antibióticos sejam usados apenas quando realmente necessários. Além disso, a pesquisa sobre novos antibióticos e tratamentos deve ser um foco para garantir que os profissionais de saúde tenham as ferramentas necessárias para lidar com essa crise crescente.
Outra preocupação levantada por médicos e pesquisadores é a possível falta de reportes efetivos sobre casos de resistência, incluindo quais infecções surgem e como elas estão sendo tratadas. Alguns alegaram que hospitais podem não enviar informações completas sobre casos de infecções resistentes devido a questões de estigma ou medo de repercussões na reputação da instituição.
Assim, enquanto as infecções resistentes a antibióticos continuam a aumentar, a necessidade de uma resposta coordenada por parte da comunidade de saúde torna-se cada vez mais clara. Juntos, profissionais de saúde, pesquisadores e o público devem se unir para garantir que as preservações de antibióticos sejam feitas de maneira eficaz, minimizando a disseminação de bactérias super resistentes, preservando a eficácia dos tratamentos atuais e doando um olhar crítico sobre o uso de antibióticos em tempos de necessidade.
Fontes: The BMJ, CDC, Universidade de Washington, Journal of Infectious Diseases
Resumo
A resistência crescente a antibióticos nos Estados Unidos se tornou uma preocupação alarmante, especialmente após o uso excessivo durante a pandemia de Covid-19. Especialistas apontam que a prescrição inadequada de antibióticos para tratar pacientes com Covid-19 e suas co-infecções contribuiu para a criação de cepas resistentes, como o Acinetobacter baumannii, que causa infecções em ambientes hospitalares. A falta de testes adequados em alguns estados impede a detecção eficaz dessas infecções. Além disso, surtos de cepas resistentes em hospitais têm desafiado as equipes de saúde, que enfrentam pressões significativas para controlar infecções, especialmente em pacientes vulneráveis. As consequências incluem aumento dos custos de tratamento e riscos durante procedimentos médicos. A luta contra a resistência a antibióticos precisa ser priorizada, com educação para profissionais de saúde e engajamento da população. A pesquisa de novos tratamentos e a coleta de dados sobre infecções resistentes são essenciais para enfrentar essa crise crescente.
Notícias relacionadas