Investidores subestimam a influência da sorte nos resultados financeiros

A sorte tem um peso surpreendente nos investimentos, superando estratégias sólidas. Especialistas advertem que momento e intuição são cruciais para o sucesso.

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06/12/2025, 17:16

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma imagem que ilustra um investidor ansioso, cercado por gráficos de mercado em alta e baixa, estressado ao mesmo tempo por cartas de pôquer jogadas à sua frente. O investidor, com expressão preocupada, tenta analisar as situações, refletindo sobre a linha tênue entre sorte e habilidade nos investimentos. O fundo deve mostrar painéis digitais que mostram a oscilação das ações e rostos de jogadores de pôquer.

No mundo das finanças, muitos acreditam que o sucesso de um investimento seja o resultado de um planejamento rigoroso e de uma estratégia bem elaborada. Contudo, uma análise recente revela que há um fator crucial frequentemente subestimado pelos investidores: a sorte. Em um ambiente marcado por incertezas e volatilidades, o impacto do timing – o momento exato de entrar e sair de um investimento – pode ser mais significativo do que a própria habilidade ou o conhecimento de mercado. O conceito de sorte na área financeira refere-se, em grande parte, àquelas circunstâncias incontroláveis que podem favorecê-lo ou prejudicá-lo, tais como condições econômicas imprevistas ou a performance do mercado em períodos específicos.

Observamos que muitos investidores costumam subestimar como a sorte pode influenciar os resultados. Por exemplo, investir em ações da Cisco Systems no início dos anos 2000 pode ter parecido uma escolha lógica. No entanto, a bolha das empresas de tecnologia rapidamente se desinflou, levando o investimento a uma estagnação duradoura. Essa é uma clara demonstração de que mesmo as escolhas mais racionais podem ser afetadas por fatores externos imprevisíveis.

A diversidade de estratégias de investimento também é um reflexo da forma como as pessoas percebem a controvérsia entre sorte e habilidade. Muitos especialistas sugerem que manter investimentos regulares em índices, como o S&P 500, é uma abordagem confiável a longo prazo. O investimento sistemático oferece uma proteção em momentos de exacerbada volatilidade, uma vez que o efeito da diluição do custo pode equilibrar os altos e baixos dos preços de ações. O fato de um investidor ser capaz de permanecer investido no longo prazo, apesar de oscilações momentâneas, é frequentemente mais importante do que o timing perfeito em negociações.

Entretanto, para o investidor amador, os conceitos de sorte e timing podem tornar-se nebulosos. A ideia de que a sorte pode ser um fator crucial no sucesso financeiro provoca reações mistas. De um lado, há aqueles que reconhecem a influência do acaso em suas trajetórias financeiras. Do outro, há os que se agarram à crença de que apenas o conhecimento e a execução de estratégias solidamente fundamentadas garantirão a prosperidade. O que realmente importa é a capacidade de abraçar a incerteza e entender que, no final das contas, a combinação entre planejamento cuidadoso e a aceitação da sorte pode ser a chave para o sucesso no investimento.

Um exemplo interessante que foi mencionado é o caso de Zé Mané, um investidor fictício que consistentemente investia em 10 mil reais anualmente no mercado de ações no dia considerado o pior do ano. Surpreendentemente, após 30 anos, seu investimento inicial de 300 mil reais se tornou cerca de 2,5 milhões de reais. Essa história, embora ilustrativa, evidencia que, apesar de prazeres iniciantes darem certo ou errado, a persistência em investir pode ser mais decisiva do que o timing de mercado.

Por outro lado, existem aqueles que argumentam que a habilidade e a experiência são os principais trunfos em um cenário financeiro muitas vezes caótico. Investidores com um conhecimento mais aprofundado do mercado tendem a identificar tendências e pontos de entrada que podem não ser facilmente reconhecidos por novatos. São observações como essas que tornam a discussão sobre a importância da sorte e habilidade ainda mais complexa. Investidores experientes afirmam que, embora a sorte possa desempenhar um papel em um único investimento, a habilidade e a experiência se afetam a longo prazo, ao fazer escolhas que minimizem os riscos.

Um ponto interessante é que essa dualidade entre sorte e habilidade também é observada em atividades parecidas, como o pôquer. É um jogo onde a habilidade pode levar um jogador à vitória em sessões individuais, mas em uma escala de longo prazo, é evidente que aquele que combina habilidade com um pouco de sorte tende a sair vitorioso. A analogia é pertinente e bem aceita entre muitos investidores que reconhecem que, ao navegar pelo mercado financeiro, um toque de sorte pode, sem dúvida, fazer a diferença entre a ruína e a fortuna.

Além disso, a psicologia do investidor desempenha um papel fundamental nesse cenário. Em tempos de flutuações acentuadas do mercado, muitos tendem a mudar suas estratégias em função de notícias ou tendências de curto prazo, muitas vezes levando a resultados adversos. A pressão para agir rapidamente pode precipitar erros, levando a decisões impulsivas em detrimento da disciplina e do planejamento racional.

Diante de todas essas reflexões, a importância de um planejamento financeiro sólido e uma visão clara sobre os riscos se torna essencial. Reconhecer que a sorte é um componente inevitável do sucesso financeiro ajuda a desmistificar a ideia de que apenas habilidades de investimentos podem garantir resultados. A combinação de uma estratégia bem definida, porém flexível, com a aceitação da sorte como fator incontrolável pode levar a um sucesso mais sustentável em investimentos.

Em suma, a relação entre sorte e estratégia nos investimentos deve ser abordada com a mente aberta. Em um cenário financeiro em constante mudança, aqueles que aprendem a equilibrar ambos os fatores têm mais chances de alcançar o sucesso, garantindo assim sua segurança financeira a longo prazo.

Fontes: Valor Econômico, InfoMoney, Exame

Resumo

Uma análise recente no mundo das finanças destaca a importância da sorte no sucesso dos investimentos, muitas vezes subestimada pelos investidores. Embora o planejamento rigoroso e a estratégia sejam essenciais, o timing, ou seja, o momento de entrar e sair de um investimento, pode ser mais decisivo. Fatores externos, como condições econômicas imprevistas, podem influenciar significativamente os resultados. Um exemplo ilustrativo é o caso de Zé Mané, um investidor fictício que, ao investir anualmente em um dia considerado o pior do ano, conseguiu transformar 300 mil reais em 2,5 milhões em 30 anos. A discussão sobre sorte versus habilidade é complexa, com investidores experientes argumentando que, apesar de a sorte ter seu papel, o conhecimento e a experiência são cruciais para minimizar riscos a longo prazo. Além disso, a psicologia do investidor pode levar a decisões impulsivas em momentos de volatilidade, ressaltando a necessidade de um planejamento financeiro sólido que aceite a sorte como um fator inevitável.

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