10/12/2025, 12:36
Autor: Ricardo Vasconcelos

Nos últimos meses, a taxa de câmbio do peso mexicano em relação ao dólar americano passou por transformação significativa, sinalizando tendências que podem impactar não apenas a relação entre essas duas moedas, mas também a economia como um todo. Com a recente valorização do peso e a expectativa de que essa tendência continue, economistas e analistas financeiros têm debatido os fatores que podem contribuir para a contínua apreciação do peso, ao passo que o dólar americano enfrenta uma possível desvalorização. Essa discussão ganha relevância em um momento em que a interdependência entre as economias mexicana e americana se torna cada vez mais evidente, especialmente no que diz respeito ao comércio exterior e às taxas de câmbio.
Historicamente, a relação entre o peso e o dólar sempre foi volátil, com marcos fundamentais, como a criação do novo peso nos anos 90, que dividiu o antigo peso por mil e alterou a forma como as operações financeiras entre as duas nações ocorrem. Atualmente, a taxa de câmbio gira em torno de 18 pesos por dólar, depois de ter alcançado níveis de 20 até meados de abril de 2023. As previsões indicam que esse cenário poderá continuar com uma desvalorização do dólar, especialmente devido ao término do mandato de Jerome Powell como presidente do Federal Reserve, o que abre espaço para a introdução de novas políticas monetárias que podem favorecer a desvalorização contida do dólar.
Uma das razões citadas para a potencial valorização do peso é a expectativa de que o Banco do México, o Banxico, mantenha taxas de juros elevadas, mesmo enquanto o Fed pode vir a adotar uma postura menos rígida. A combinação desses fatores sugere que, no curto prazo, o peso pode se fortalecer em relação ao dólar, o que, por sua vez, pode influenciar diretamente os níveis de competitividade entre produtos locais e importados. O processo de fabricação no México ainda se beneficia de custos relativamente baixos em comparação com os dos Estados Unidos e do Canadá, algo que também atrai investimentos, especialmente em setores como o automotivo e eletrônico.
Entretanto, no meio de toda essa agitação econômica, surgem questionamentos sobre a sustentabilidade dessa valorização. Alguns analistas alertam que a pressão inflacionária e o aumento nos custos de mão de obra podem impactar a capacidade do México de manter essa vantagem competitiva no longo prazo. Eventos recentes sinalizam que o custo da mão de obra no México está aumentando, levando à possibilidade de que, em um futuro próximo, o país não seja mais visto como o destino prioritário para mão de obra barata. Contudo, a Rússia tenta atrair empresas de manufatura a se deslocar para dentro de suas fronteiras, oferecendo condições que, se bem aproveitadas, podem alterar ainda mais o cenário do comércio regional.
Além disso, os Estados Unidos continuam sendo o maior cliente do México em termos de exportações, e um dólar fraco pode ter um efeito negativo a longo prazo sobre as exportações mexicanas como um todo. No passado, uma economia americana mais fraca resultou em uma desaceleração no crescimento mexicano, criando um círculo vicioso que poderia se repetir. Apesar disso, enquanto a economia americana se ajusta, o comércio entre os dois países apresenta ao mesmo tempo oportunidades e desafios, com consumidores e produtores experimentando diferentes efeitos da valorização do peso.
À medida que as previsões se desenrolam para 2026 e além, muitos analistas continuam a explorar o potencial de um fortalecimento do peso para os próximos anos. A continuação da desvalorização do dólar, combinado com uma gestão prudente das políticas monetárias pelo Banxico, poderia levar a taxas de câmbio abaixo dos 17 pesos até o final de 2025, com uma possível queda ainda mais acentuada em 2027, onde se pode observar uma taxa que remete a níveis históricos, de 12 a 13 pesos por dólar.
Diante desse quadro, é compreensível que muitos se perguntem quais seriam os catalisadores que permitiriam ao peso mexicano alcançar patamares históricos sem precedentes. Fatores como o Índice de Desenvolvimento Externo e a atração de novas indústrias para o México são elementos-chave que poderão engendrar essa transformação. Adicionalmente, o potencial de uma nova crise econômica nos EUA, associada a uma tendência de alta nas taxas de juros em outros países, poderá constituir um cenário favorável para um fortalecimento contínuo do peso no mercado internacional.
Enquanto o futuro do peso e do dólar permanece incerto, a interconexão de suas economias apresenta um dilema fascinante que, longe de ser previsível, está em constante evolução. O peso mexicano, ainda que atualmente em ascensão, enfrentará inevitavelmente novos testes que sua economia terá que suportar para sustentar sua valorização num panorama global multifacetado.
Fontes: Agência Estado, Bloomberg, Reuters
Resumo
Nos últimos meses, a taxa de câmbio do peso mexicano em relação ao dólar americano passou por mudanças significativas, com a valorização do peso e a expectativa de que essa tendência continue. Economistas discutem os fatores que podem contribuir para essa apreciação, especialmente com o dólar enfrentando uma possível desvalorização. Historicamente, a relação entre as duas moedas tem sido volátil, e atualmente a taxa de câmbio gira em torno de 18 pesos por dólar. A expectativa de que o Banco do México mantenha taxas de juros elevadas é um dos fatores que pode favorecer a valorização do peso. No entanto, analistas alertam sobre a sustentabilidade dessa valorização, dada a pressão inflacionária e o aumento dos custos de mão de obra. Além disso, a dependência do México em relação aos Estados Unidos como seu maior cliente em exportações pode impactar negativamente a economia mexicana se o dólar continuar fraco. As previsões para 2026 indicam um potencial fortalecimento do peso, mas desafios permanecem, e a interconexão das economias de ambos os países continua a criar um cenário dinâmico e incerto.
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