22/12/2025, 13:23
Autor: Laura Mendes

Em um acirrado cenário político brasileiro, a tradicional marca de chinelos Havaianas tornou-se alvo de críticas e um proposto boicote após o lançamento de uma campanha publicitária que, segundo alguns políticos, possui conotação anti-direita. O polêmico anúncio apresenta frases como "Comece o ano novo com os dois pés", utilizando um jogo de palavras que, para alguns, insinua uma mensagem Política de esquerda. Essa interpretação causou uma série de reações significativas em redes sociais e na esfera política.
Vereadores da cidade de São Paulo, como Rubinho Nunes do União Brasil, foram rápidos em se manifestar, afirmando que a campanha da marca transformou um símbolo brasileiro em um “panfleto político”, e apelando para que os cidadãos boicotem a Havaianas. Nunes, em sua crítica, expressou: “Escolheram o pé esquerdo, e o Brasil segue atolado na lama”, capturando o sentimento de descontentamento em relação à publicidade da marca.
Por outro lado, muitos dos defensores da marca não veem a questão com a mesma gravidade. “Havaianas já é patrimônio tombado nacional, não existe boicote que pare a gigantesca flip flop”, comentou um internauta, enquanto outros destacaram a bizarrice da situação, descrevendo como “mimimi” a tentativa de boicote, apontando para a grande fila que fazia curva em frente às lojas Havaianas em um shopping nas mesmas horas em que a hashtag #boicoteHavaianas estava em alta na internet. Essa diferença entre a resposta nas redes sociais e o comportamento do consumidor na prática é um paradoxo comum em temas polarizados no Brasil.
Críticos da direita fizeram piadas a respeito da absurda postura de alguns parlamentares conservadores em relação ao anúncio, sugerindo que a direita deveria focar em questões mais significativas e não se preocupar com uma propaganda que, na verdade, é bastante comum no contexto publicitário. Em resposta ao boicote, muitos consumidores afirmaram que continuariam a comprar Havaianas, vendo a situação como uma tempestade em copo d'água.
Além das opiniões contrastantes, há aqueles que levantam questionamentos sobre a intenção da Havaianas ao veicular essa nova campanha em meio a um clima já tenso de polarização política. Alguns comentaristas se perguntam se a escolha de palavras e expressões foi realmente uma estratégia de marketing falha ou se, por trás disso, existe um plano mais elaborado. Ao se referir a elementos comuns da cultura brasileira, o anúncio não explicitou seu direcionamento político, mas a forma como foi interpretado mexe com sensibilidades políticas em um Brasil em que até as marcas tornaram-se atores relevantes nesse teatro polarizado.
A bem da verdade, o anúncio evoca temas maiores do que simplesmente um par de chinelos. Ele reflete a crescente divisão da sociedade entre direitistas e esquerdistas, onde até mesmo gestos ou palavras associadas à sorte, como “entrar com o pé direito”, são carregados de significados políticos. O debate em torno dessa campanha da Havaianas escancara a frágil linha que existe na cultura brasileira entre linguagem, identidade e política, levando a um exame mais profundo sobre como as marcas se posicionam em tempos de divisão.
Os comentários acalorados gerados em resposta ao evento revelam também uma nova dinâmica entre consumidores e marcas, onde os cidadãos se sentem cada vez mais próximos e, ao mesmo tempo, mais distantes. Neste contexto, questiona-se até que ponto as empresas devem se envolver em debates políticos ou simplesmente manter uma comunicação que ressoe com a cultura e a identidade de grande parte de seus consumidores.
À medida que as repercussões dessa polêmica continuam a se desdobrar, a Havaianas enfrenta não apenas um possível boicote, mas também um exame mais amplo sobre como a publicidade se interpõe nas complexidades da cultura brasileira contemporânea, onde escudos e bandeiras políticas podem transformar até mesmo um simples par de chinelos em um símbolo de posições opostas.
Fontes: Folha de São Paulo, Estadão, BBC Brasil
Detalhes
Havaianas é uma marca brasileira de sandálias e chinelos, conhecida mundialmente por seus produtos de borracha coloridos e confortáveis. Fundada em 1962, a marca se tornou um ícone da cultura brasileira e é frequentemente associada ao estilo de vida descontraído do país. Havaianas é reconhecida por suas campanhas publicitárias criativas e pela capacidade de se reinventar, mantendo-se relevante em um mercado competitivo.
Resumo
A marca de chinelos Havaianas se tornou alvo de críticas e um proposto boicote após o lançamento de uma campanha publicitária considerada por alguns políticos como anti-direita. O anúncio, que apresenta frases como "Comece o ano novo com os dois pés", gerou reações nas redes sociais e na política, levando vereadores de São Paulo, como Rubinho Nunes, a chamarem a campanha de um “panfleto político”. Enquanto alguns defendem a marca, afirmando que Havaianas é um patrimônio nacional, outros criticam a postura dos parlamentares conservadores, sugerindo que deveriam focar em questões mais relevantes. A polêmica levanta questões sobre a intenção da Havaianas ao veicular a campanha em um clima de polarização política, refletindo a divisão entre direitistas e esquerdistas no Brasil. O debate em torno do anúncio revela a complexidade da relação entre marcas e consumidores em tempos de divisão, questionando até que ponto as empresas devem se envolver em debates políticos.
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