Exército do Paquistão classifica Imran Khan como mentalmente doente

Imran Khan, ex-primeiro-ministro do Paquistão, cuja liberdade é debatida, é rotulado de mentalmente doente pelo exército após críticas ao novo comando militar.

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06/12/2025, 14:54

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma manifestação pacífica em Islamabad com cidadãos segurando faixas pedindo pela liberdade de Imran Khan, enquanto um pôr do sol dramático ilumina o fundo. A imagem deve expressar tensões políticas, com elementos que representem a cultura paquistanesa, como bandeiras e trajes típicos.

O clima político no Paquistão se intensificou nos últimos dias, com o ex-primeiro-ministro Imran Khan enfrentando um desafio sem precedentes após críticas ao comando militar, agora sob o controle do Marechal de Campo Asim Munir. Em um movimento que muitos consideram uma tentativa de deslegitimar Khan, o exército classificou-o como "mentalmente doente". Essa declaração vem em um contexto de crescente tensão entre o ex-líder e a atual cúpula militar, sinalizando um duelo de poder que pode redefinir o futuro político do país.

A situação de Khan, que foi destituído do cargo em abril de 2022, gerou uma série de reações tanto dentro como fora do Paquistão. Desde então, ele tem lutado contra as autoridades que tomaram as rédeas do governo, e seu apoio popular, que outrora foi robusto, parece ter se esgotado. Muitos analistas acreditam que o exército tem utilizado a imagem de Khan, rotulando-o de instável, como uma estratégia para justificar a sua prisão e manutenção do controle. A rotulação de "mentalmente doente" é um recurso que, embora controverso, não é inédito nas disputas políticas do país, onde ataques pessoais e deslegitimações são comuns.

Khan, que já foi um ícone do cricket e conquistou o coração do povo paquistanês, agora se vê em uma situação em que sua credibilidade e saúde mental estão sendo questionadas. Suas críticas ao exército, especialmente ao novo comandante, que ostenta um perfil agressivo, culminaram em sua prisão e subsequente rotulação por parte do establishment militar. A relação de subserviência e dependência que sempre existiu entre os líderes civis e o exército do Paquistão está sendo posta à prova, e muitos temem que essa situação possa levar a um aumento das tensões civis no país.

As reações à situação de Khan variam, com alguns analistas afirmando que essas etiquetas são uma tentativa explícita de silenciar a oposição. Além disso, observa-se que as influências externas, especialmente das potências como os Estados Unidos e a China, podem complicar ainda mais a situação. O exército do Paquistão continua recebendo apoio militar e financeiro de Washington, mesmo diante da crescente criticidade nas relações com os governantes civis.

A comunidade paquistanesa-americana, que outrora apoiava Khan, está dividida. Alguns veem a administração Biden como uma opção mais diplomática e sensata comparada à retórica agressiva de seus opositores. As críticas à administração Biden, alimentadas pela crença de que poderiam ter tentado interferir nas questões internas do Paquistão, formam um pano de fundo complexo. Além disso, há aqueles que se questionam sobre as verdadeiras intenções de Donald Trump em relação ao Paquistão e seu tratamento amigável com o novo governo indiano.

A política paquistanesa é complexa e frequentemente comparada a um "circo político". Como afirma um dos comentários sobre a situação, "se você acha que a política do seu país é bagunçada, aposto que não chega nem perto do circo político que é o Paquistão". A instabilidade política e a incerteza sempre foram uma realidade, mas o momento atual parece fazer com que a necessidade de uma forte liderança civil e o questionamento do poder militar se tornem ainda mais urgentes.

Em paralelo, discursos que se referem ao uso de militantes como mujahideen, uma prática histórica do Paquistão durante suas guerras no Afeganistão e no Kashmir, levanta preocupações sobre a doutrinação militar e os princípios que sustentam o exército. Isso nos mostra que a narrativa dos heróis de ontem poderia ser moldada em vilões hoje, dependendo da geopolítica em constante mudança. E essa transformação é um reflexo de como a liderança e a política estão longe de ser simples.

Diante de todo esse caldo de tensões, os próximos passos para Imran Khan são incertos. A opção de exílio ou aceitar um acordo que lhe foi proposto em 2022 permanecem no horizonte, enquanto suas chances de recuperar seu status de liderança parecem distantes, uma vez que o estabelecimento militar, liderado por Munir, solidificou seu poder. Contudo, a vontade do povo pode ainda ser uma força poderosa. A expressão popular nas ruas e nas redes sociais poderá exercer uma pressão que pode levar a mudanças significativas.

Assim, a situação de Imran Khan não é apenas uma crise individual, mas serve como um microcosmo das complexidades políticas que o Paquistão enfrenta. Enquanto o país se pergunta como equacionar sua relação entre civis e militares, os cidadãos paquistaneses se veem no centro de uma luta pela liberdade e pela democracia, sua voz se tornando cada vez mais crucial neste enredo tumultuado.

Fontes: Al Jazeera, BBC, The Guardian

Detalhes

Imran Khan

Imran Khan é um ex-primeiro-ministro do Paquistão e uma figura proeminente no críquete, tendo liderado a seleção nacional em sua vitória na Copa do Mundo de 1992. Ele se tornou um político influente após sua aposentadoria do críquete, fundando o partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI) e servindo como primeiro-ministro de 2018 até sua destituição em 2022. Khan é conhecido por suas críticas ao establishment militar e por buscar reformas sociais e econômicas no Paquistão, mas sua relação conturbada com as forças armadas e a crescente oposição política o colocaram em uma posição vulnerável.

Resumo

O clima político no Paquistão se intensificou com o ex-primeiro-ministro Imran Khan enfrentando um desafio inédito após críticas ao comando militar, agora liderado pelo Marechal de Campo Asim Munir. O exército rotulou Khan como "mentalmente doente", o que muitos consideram uma tentativa de deslegitimá-lo e justificar sua prisão. Desde sua destituição em abril de 2022, Khan tem lutado contra as autoridades, enquanto seu apoio popular diminui. A relação entre líderes civis e o exército, tradicionalmente subserviente, está sendo testada, levantando preocupações sobre tensões civis. As reações à situação de Khan variam, com analistas sugerindo que as etiquetas são uma tentativa de silenciar a oposição. A comunidade paquistanesa-americana está dividida, com alguns apoiando a administração Biden e outros questionando as intenções de Donald Trump em relação ao Paquistão. A política paquistanesa é complexa, e a instabilidade atual destaca a necessidade de uma liderança civil forte. Os próximos passos de Khan são incertos, mas a vontade popular pode ser uma força significativa em meio a essa crise.

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