Escolas enfrentam desafios em punir crianças que preferem detenção

A abordagem tradicional de disciplina escolar mostra-se ineficaz frente a crianças que preferem a detenção, suscitando debates sobre a necessidade de soluções mais empáticas.

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11/09/2025, 00:49

Autor: Laura Mendes

Uma sala de aula iluminada e acolhedora, com crianças felizes em atividade, sentadas em mesas coloridas, enquanto um professor atencioso se ajoelha ao lado de uma criança visivelmente contente. O ambiente é de aprendizado positivo, com cartazes de incentivo nas paredes. A imagem transmite uma sensação de apoio emocional e educação inclusiva, ressaltando a importância de profissionais dedicados no ambiente escolar.

A discussão sobre os métodos de disciplina nas escolas ganha cada vez mais força à medida que se observa um padrão crescente de crianças que parecem não se importar com punições como a detenção. Recentes relatos de educadores e ex-alunos revelam que a detenção não é vista como uma consequência negativa por muitos alunos, mas sim como um lugar seguro que lhes proporciona uma espécie de alívio do ambiente doméstico, que pode ser hostil ou insatisfatório.

Estudos apontam que a forma como as crianças se comportam nas escolas e como reagem a punições está diretamente relacionada ao ambiente familiar. Uma parte significativa das crianças que apresentam comportamento desafiador e entram em detenção o fazem porque, para elas, a escola não é somente um espaço de aprendizado, mas muitas vezes um refúgio. Para algumas, o ambiente doméstico pode ser tão estressante que as aulas se tornam um alívio. Em muitos casos, a detenção representa uma oportunidade de estar longe de casa e sob a supervisão de adultos que se importam.

Uma ex-professora de educação especial destacou que, ao longo de sua experiência, viu alunos com sérios problemas de comportamento indo para a escola mesmo durante as penalidades. Para esses estudantes, a detenção se transforma em um momento de conforto. Ela enfatiza que o sistema precisa evoluir para reconhecer que punições tradicionais, como a suspensão e a detenção, não abordam as causas subjacentes do comportamento, mas sim as consequências. O método muitas vezes se resume a tratar os sintomas, sem considerar que a raiz do problema pode estar em casa.

Além disso, é reforçado que muitos dos alunos sujeitos a punições não se vêem em um estado de “consequência”, já que, para eles, a detenção pode incluir interações sociais com colegas — algo que valorizam e que lhes proporciona um sentido de pertencimento. Um ex-aluno compartilhou que, em sua experiência escolar, a detenção não era vista como uma punição, mas antes como uma oportunidade de aproveitar um tempo extra para ler ou fazer outras atividades que ele gostava.

Isso levanta a questão da eficácia dos métodos de disciplina tradicionais. O conceito de “perda de privilégios”, que inclui restrição de atividades que os alunos costumam valorizar, como almoçar fora do campus, muitas vezes não resulta na melhoria do comportamento. Um novo paradigma reivindica que, em vez de simplesmente punir, a educação deve ser centrada na mudança do comportamento por meio de métodos de apoio e compreensão.

Essa nova abordagem sugere que, ao invés de aplicar punições, as escolas deveriam investir em práticas mais restaurativas, que envolvem diálogos entre alunos e educadores, ouvindo o que realmente motiva o comportamento e criando um plano que beneficie todos os envolvidos. A construção de um ambiente seguro e acolhedor na escola é uma estratégia que, segundo professores experientes, não só melhora o comportamento dos alunos, mas também fomenta um verdadeiro amor pelo aprender.

A realidade é que a maioria dos educadores gostaria de ver ambientes escolares mais colaborativos e menos de controle. O desejo é que as escolas passem a funcionar como espaços de apoio emocional, onde os alunos possam se sentir confortáveis e motivados a aprender, ao invés de simplesmente obedecer a regras rígidas. Professores estão clamando por mais recursos e treinamentos que os capacitem a lidar com essas situações de modo mais eficaz, ao invés de apenas aplicar disciplinarmente as regras.

Importantes vozes na educação concluem que não é responsabilidade das escolas fiscalizar a vida doméstica dos alunos. Contudo, ao se deparar com alunos que preferem a detenção a voltar para casa, as escolas são desafiadas a encontrar formas inovadoras de atender a essa necessidade. Para muitos alunos, um adulto preocupado e presente pode ser a chave que falta para a transformação do comportamento.

Essas reflexões fomentam um debate que precisa ser ampliado. Se as escolas pretendem ser verdadeiros agentes de mudança no comportamento e no desenvolvimento dos alunos, será preciso repensar as práticas atuais de disciplina e buscar uma metodologia que considere o contexto da vida dos alunos. Um novo olhar sobre a disciplina na educação pode ser exatamente o que as escolas de hoje necessitam para formar não apenas alunos obedientes, mas cidadãos conscientes e responsáveis.

Fontes: The New York Times, Education Week, Journal of Educational Psychology

Resumo

A discussão sobre métodos de disciplina nas escolas está se intensificando, especialmente com o aumento de crianças que não veem a detenção como uma punição, mas sim como um refúgio do ambiente doméstico. Educadores e ex-alunos relatam que, para muitos, a detenção oferece um espaço seguro e supervisionado, longe de lares potencialmente hostis. Estudos indicam que o comportamento dos alunos está ligado ao contexto familiar, e a detenção pode ser vista como um momento de conforto e interação social, em vez de uma consequência negativa. Especialistas sugerem que as escolas devem evoluir suas abordagens disciplinares, priorizando métodos restaurativos que promovam diálogos e compreensão, ao invés de punições tradicionais. A construção de um ambiente escolar acolhedor é vista como essencial para melhorar o comportamento dos alunos e incentivar um amor pelo aprendizado. Educadores clamam por mais recursos e treinamentos para lidar com essas questões de forma eficaz, desafiando as escolas a se tornarem espaços de apoio emocional e desenvolvimento, em vez de meras instituições de controle.

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