18/09/2025, 11:00
Autor: Laura Mendes
Nos últimos anos, a ascensão do autoritarismo tem sido observada em diversas partes do mundo, levantando preocupações sobre a erosão da democracia e dos direitos civis. Especialistas apontam que esse fenômeno não é fruto de uma decisão repentina, mas o resultado de uma série de fatores interconectados, particularmente a influência crescente das tecnologias digitais e o poder desproporcional de grandes corporações. A combinação de vigilância em massa, manipulação da informação e interesses corporativos se mostra profundamente alarmante e abrangente, afetando a vida cotidiana de cidadãos em democracias estabelecidas.
Historicamente, o autoritarismo sofreu um ressurgimento em várias sociedades ao redor do mundo, sendo notáveis exemplos a eleição de líderes com características autocráticas em países como Estados Unidos, Brasil, Hungria e Filipinas. Essas tendências geram um ciclo vicioso, onde o aumento do controle governamental e corporativo alimenta uma maior resistência popular. De fato, as vozes de dissenso se tornam alvo fácil de ataques e censura, uma realidade que muitos cidadãos sentiram durante a pandemia da COVID-19. A polarização e o confronto de ideologias se intensificaram, contribuindo para um ambiente hostil à liberdade de expressão.
Uma das razões frequentemente mencionadas para a propagação do autoritarismo é a manipulação que acontece no ambiente online. Com o advento das redes sociais, se tornou mais fácil para os grupos de poder moldar a opinião pública a seu favor. A capacidade de disseminar desinformação e criar "bolhas" de informação permitiu que narrativas autoritárias fossem promovidas, minando a confiança nas instituições democráticas. Com plataformas que favorecem o conteúdo que gera maior engajamento, vozes críticas podem ser silenciadas e a verdade distorcida ou caricaturada.
Os comentários e análises também ressaltam que, em sua essência, as corporações sempre buscaram maximizar seus lucros, e a era do autoritarismo atual proporciona um ambiente propício para isso. Não há mais a necessidade de acomodar as demandas dos trabalhadores e da sociedade civil quando as regras são moldadas a favor de entidades empresariais. Essa mudança se insere em um contexto mais amplo, onde o neoliberalismo e a demanda por crescimento contínuo da economia se mostram insustentáveis e perigosos.
Os efeitos das políticas que priorizam o ganho financeiro sobre o bem-estar social e ambiental são claros. Mudanças climáticas, degradação ambiental e crises sociais interconectadas desafiam não apenas as nações, mas a própria sobrevivência de diversos ecossistemas. A degradação do meio ambiente não é apenas uma questão de política; é uma questão de sobrevivência que exige ação imediata e cooperativa, contrastando fortemente com as práticas frequentemente observadas nas administrações de governos autoritários que priorizam a exploração em detrimento da conservação.
Além disso, estudiosos alertam que o desafio do autoritarismo não é só político, mas também cultural. O desafio está em promover a educação crítica e a conscientização entre os cidadãos para que possam reconhecer as manobras que visam silenciar suas vozes e subverter seus direitos. Há uma necessidade urgente de voltar a enfatizar a importância do pensamento crítico e da liberdade de informar e ser informado de maneira transparente.
Desde a promulgação da Lei Patriota nos Estados Unidos, em resposta ao ataque terrorista de 11 de setembro, diversas regulamentações que priorizam a segurança em detrimento das liberdades civis têm sido justificadas sob pretextos de proteção. Essa normalização de um estado de exceção, em que o temor e a vigilância são amplificados, levantam questões sobre a discrição do Estado e seu papel como protetor versus controlador.
A interação entre esses fatores sugere uma mudança fundamental na estrutura de poder dentro das democracias. A descentralização das vozes pertinentes e a ascensão de megacorporações que atuam como jogadores políticos significativos indicam que a luta pela liberdade não se dá apenas nas urnas de votação, mas também nas arenas digitais e sociais. A batalha contra o autoritarismo moderno é, em última análise, uma luta por um espaço onde a verdade, a justiça e a responsabilidade possam prosperar sem medo de repressão institucional.
Um futuro democrático sustentável requer mais do que apenas resistência a regimes autoritários; é também sobre a construção de alternativas, explorando como as tecnologias podem ser utilizadas para empoderar os cidadãos, em vez de controlar. O diálogo deve ser reestabelecido, não apenas entre cidadãos, mas entre sociedades em uma escala global, para confrontar as forças que ameaçam a liberdade e a justiça social.
Assim, cabe a todos nós – cidadãos, líderes e instituições – permanecer vigilantes e proativos na defesa da democracia. O autoritarismo pode ser a sombra que nos persegue, mas juntos temos o poder de abraçar a luz da liberdade e da transparência. O desafio é complexo, mas o compromisso com a verdade, a justiça e a cidadania sempre vale a luta.
Fontes: Washington Post, The Guardian, BBC News, New York Times
Resumo
A ascensão do autoritarismo em várias partes do mundo tem gerado preocupações sobre a erosão da democracia e dos direitos civis. Especialistas afirmam que esse fenômeno resulta de fatores interconectados, como a influência das tecnologias digitais e o poder desproporcional de grandes corporações. O controle governamental e corporativo tem gerado resistência popular, com vozes dissidentes sendo alvo de censura, especialmente durante a pandemia da COVID-19. A manipulação da opinião pública nas redes sociais tem facilitado a promoção de narrativas autoritárias, minando a confiança nas instituições democráticas. As corporações, em busca de maximizar lucros, têm se beneficiado desse ambiente autoritário, enquanto questões como mudanças climáticas e crises sociais se agravam. A luta contra o autoritarismo moderno envolve não apenas resistência, mas também a promoção da educação crítica e da conscientização dos cidadãos. A defesa da democracia exige vigilância e proatividade, com o objetivo de construir alternativas que empoderem os cidadãos e promovam um diálogo global em favor da liberdade e da justiça social.
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