18/09/2025, 11:11
Autor: Laura Mendes
Nos últimos anos, a sociedade tem enfrentado uma crescente sensação de desconexão emocional, com os relatos sobre a diminuição da empatia tornando-se cada vez mais evidentes. Em um mundo interconectado pelas redes sociais, muitos se perguntam: o que aconteceu com a empatia? Essa questão chegou ao debate público, especialmente considerando o impacto que o contexto social e político atual tem sobre as interações humanas. As opiniões sobre esse fenômeno são diversas, refletindo uma preocupação que transcende círculos sociais e econômicos.
Um dos fatores frequentemente mencionados é o papel das redes sociais, que, segundo alguns especialistas, criam um ambiente propício para a polarização e a superficialidade nas relações interpessoais. A natureza do conteúdo consumido online tende a privilegiar a indignação e o conflito, enquanto comportamentos empáticos ficam em segundo plano. Em uma análise sobre o assunto, um comentarista apontou que "a empatia não é recompensada, mas as divisões e a raiva sim", sugerindo que a pressão para reagir a conteúdos polêmicos pode eclipsar o cuidado e a solidariedade.
Além disso, a pandemia de COVID-19 teve um papel significativo na forma como as pessoas se conectam emocionalmente. O isolamento forçado durante os períodos de lockdown não apenas exacerbou a solidão, mas também afetou a capacidade de muitos em se relacionar empaticamente com os outros. A percepção de que "a empatia parece estar em declínio" se intensificou, principalmente entre aqueles que se sentem sobrecarregados pela quantidade de sofrimento e crises sendo exibidas nas mídias sociais. Um participante do debate afirmou que "o bombardeio diário de notícias e opiniões pode fazer com que as pessoas simplesmente desliguem em vez de se envolverem emocionalmente".
Apesar das dificuldades, há quem destaque que a verdadeira empatia ainda existe, embora muitas vezes esteja escondida em ações cotidianas menos visíveis nas redes sociais. "Ainda há muitas iniciativas de caridade e apoio comunitário que não recebem a atenção que merecem", disse outro comentarista, enfatizando a importância de reconhecer o trabalho invisível realizado por indivíduos e grupos que se dedicam a ajudar os outros. Esta visão sugere que a empatia não desapareceu, mas que sua expressão está muitas vezes ausente nas plataformas digitais que dominam a comunicação moderna.
Ademais, a desconfiança em relação à política e as disparidades econômicas têm contribuído para um clima de antagonismo, onde a empatia é muitas vezes vista como uma fraqueza. Um relevante debate político se materializa na lente de uma cultura que frequentemente apologiza a individualidade e a acumulação, valores que podem reduzir a equipe comunitária e os laços interpessoais. Um observador mencionou que a "longevidade da propaganda e do medo na esfera pública" está diretamente ligada ao crescimento da indiferença emocional, gerando um ciclo vicioso que torna a empatia cada vez mais rara entre as interações.
Por outro lado, o fenômeno do tribalismo, que separa as pessoas em grupos opostos, também é um fator limitante para a empatia. Este fenómeno, alimentado pela política polarizadora e pelas couroseiras sociais, pode levar as pessoas a se enfraquecerem em relação à dor e às experiências alheias. Incrustrado em uma dinâmica de "nós contra eles", muitos sentem que a empatia deve ser reservada apenas para os que pertencem ao seu grupo ou ideologia, o que prejudica a capacidade de entender e se conectar com as experiências dos outros.
Ainda assim, há também aqueles que consideram que a percepção de que a empatia está em declínio é prematura ou exagerada. Em sua defesa, um comentarista afirmou que "as pessoas ainda são empáticas, mas esta empatia muitas vezes é invisível", ressaltando que individuas continuam a expressar compaixão nas suas comunidades, mesmo que isso não se traduza em cliques ou curtidas on-line.
Nesse cenário complexo, a reflexão sobre a empatia se impõe como um chamado para resgatar as interações humanas e reavaliar o valor da conexão emocional. Especialistas sugerem que, para recuperar a empatia, é necessário promover a conscientização sobre a importância das relações interpessoais e incentivar a prática de gestos simples de bondade e compreensão. Desta maneira, possa-se transformar a narrativa atual e trabalhar na construção de um ambiente mais acolhedor e solidário, onde a empatia não apenas sobreviva, mas floresça novamente.
Com a discussão aberta e as fases da sociedade em constante evolução, a esperança é de que a empatia não seja apenas uma lembrança do passado, mas uma ferramenta ativa em direção a um futuro mais harmonioso e compreensivo.
Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, Estadão, BBC Brasil
Resumo
Nos últimos anos, a sociedade tem enfrentado um aumento na sensação de desconexão emocional, com relatos sobre a diminuição da empatia se tornando mais frequentes. Especialistas apontam que as redes sociais contribuem para a polarização e superficialidade nas relações, priorizando a indignação em detrimento da empatia. A pandemia de COVID-19 também intensificou essa percepção, exacerbando a solidão e dificultando a conexão emocional entre as pessoas. Apesar das dificuldades, alguns argumentam que a empatia ainda existe, embora muitas vezes não seja visível nas plataformas digitais. A desconfiança política e as disparidades econômicas criam um ambiente de antagonismo, onde a empatia é vista como fraqueza. O tribalismo, alimentado por divisões políticas, limita ainda mais a capacidade de se conectar com as experiências alheias. No entanto, há quem defenda que a empatia continua presente nas comunidades, mesmo que não se traduza em ações visíveis online. Especialistas sugerem que, para resgatar a empatia, é necessário promover a conscientização sobre a importância das relações interpessoais e incentivar gestos simples de bondade.
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