Berkshire Hathaway pode ficar para trás do S&P 500 no último ano de Buffett

Berkshire Hathaway enfrenta desafios no mercado, com ações em queda e movimentos voláteis, enquanto Warren Buffett se prepara para deixar o cargo de CEO.

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06/12/2025, 17:10

Autor: Ricardo Vasconcelos

Um gráfico comparativo entre a performance das ações da Berkshire Hathaway e o S&P 500, com Warren Buffett observando ao fundo. O fundo da imagem deve ir até o céu azul, simbolizando um futuro incerto. Ao lado, um cofre reluzente que representa a riqueza guardada pela Berkshire, enquanto ações como Nvidia e Microsoft estão em alta, com gráficos em ascensão.

No último ano de Warren Buffett como CEO da Berkshire Hathaway, a icônica empresa de investimentos enfrenta um momento desafiador nos mercados financeiros. Desde o anúncio da sua saída em maio, as ações da Berkshire, identificadas pelo ticker BRK.B, apresentaram uma performance temporariamente superior ao S&P 500, superando em mais de 22 pontos percentuais até meados de 2025. No entanto, a situação mudou drasticamente após o anúncio, com a empresa enfrentando um declínio de quase 15% em um breve período, atingindo um mínimo de cerca de US$ 459 em agosto.

A volatilidade das ações da Berkshire no segundo semestre do ano, que agora se aproxima dos US$ 504, oferece uma perspectiva de recuperação de cerca de 10%. Apesar desse ressurgimento, o sentimento em todo o mercado é dominado por um cenário mais otimista, com o S&P 500 disparando quase 38% desde o seu ponto mais baixo em abril e acumulando 17% de alta no ano. Essa dinâmica sugere que o mercado atual está recompensando estratégias mais arriscadas e voltadas para o crescimento, em vez dos investimentos tradicionais que caracterizam a filosofia da Berkshire, conhecida por sua abordagem conservadora e focada em valor.

Especialistas do mercado começam a questionar se a Berkshire se tornará um ativo menos interessante, especialmente à medida que os investidores se voltam para as empresas de tecnologia e crescimento que dominam o atual ambiente de alta na bolsa. Os comentários de investidores refletem essa preocupação, com alguns ponderando sobre a posição da Berkshire em um mercado que parece privilegiar ações de alto crescimento, em detrimento da segurança oferecida pela empresa.

Um aspecto notável, conforme apontado pelos comentários, é a enorme quantidade de liquidez que a Berkshire tem à sua disposição – cerca de 30% do capital em caixa. Isso levanta questões sobre o futuro uso desse capital, uma vez que muitos investidores veem esse montante como uma reserva estratégica. A expectativa é de que a empresa utilize essa reserva para efetuar aquisições vantajosas no momento certo, algo que Buffett fez com maestria ao longo de sua carreira. No entanto, a distribuição de lucros aos acionistas permanece um tema de debate, com muitos favoráveis a um pagamento mais substancial.

A questão central que surge é a situação em que a Berkshire se encontra atualmente versus a trajetória do S&P 500 e suas principais empresas, especialmente os seis gigantes da tecnologia, resumidos pela sigla "Mag7": Nvidia, Microsoft, Apple, Alphabet, Amazon, Meta e Tesla, que estão alavancando o índice para novas alturas.

Historicamente, a Berkshire já demonstrou resiliência em mercados em baixa. Para ilustrar, enquanto o S&P 500 perdeu 18% em 2022, a Berkshire ainda conseguiu um leve ganho de 4%. Essa capacidade de preservação em tempos difíceis é um testemunho da estratégia fundamentada em valor da empresa e de seu portfólio diversificado. Entretanto, à medida que o cenário econômico se transforma, muitos investidores ponderam o quão sustentável essa estratégia será, principalmente com a crescente polarização entre os "ações seguras" e as "ações de crescimento".

Ademais, a transição de responsabilidade para Greg Abel, o sucessor de Buffett, é uma incógnita que está gerando muitas especulações entre os investidores. O temor de que a saída de uma figura tão proeminente e respeitada quanto Buffett possa desencadear um período de incerteza e possível declínio na performance das ações da Berkshire é palpável. A fragilidade dessa transição foi evidenciada por um comentário que destacou a dificuldade de Abel em "calçar os sapatos gigantes" deixados por Buffett, ressaltando que a expectativa do mercado pode se tornar um peso sobre suas decisões futuras.

No entanto, uma parte considerável dos investidores ainda mantém sua fé inabalável na Berkshire, enfatizando que o investimento em valor pode, a longo prazo, oferecer resultados mais estáveis. Observações sobre os padrões de investimento históricos revelam que a Berkshire tem um histórico notável de busca de oportunidades que outros investidores podem ignorar, especialmente em momentos de incerteza.

À medida que a Berkshire se aproxima do final do ano e do encerramento do capítulo Buffett, o desafio é equilibrar as expectativas do mercado com a tradicional abordagem conservadora de investimento da empresa. O cenário atual sugere que, por mais que a Berkshire tenha que lidar com a incerteza e a volatilidade do mercado de ações, sua reputação como um pilar de segurança e sabedoria no investimento ainda pode garantir uma base sólida no futuro.

Fontes: CNBC, investopedia.com, thebalance.com

Detalhes

Berkshire Hathaway

Berkshire Hathaway é uma holding multinacional americana, conhecida por sua abordagem de investimento em valor sob a liderança de Warren Buffett. A empresa possui uma diversificada gama de subsidiárias e investimentos em setores como seguros, energia e consumo. Com um histórico de resiliência em mercados em baixa, a Berkshire se destaca por sua filosofia conservadora e foco em aquisições estratégicas. A transição de liderança para Greg Abel marca um novo capítulo na história da empresa, que continua a ser um pilar de segurança no investimento.

Resumo

No último ano de Warren Buffett como CEO da Berkshire Hathaway, a empresa de investimentos enfrenta desafios nos mercados financeiros. Após o anúncio de sua saída em maio, as ações da Berkshire, com ticker BRK.B, inicialmente superaram o S&P 500, mas sofreram um declínio de quase 15%, atingindo um mínimo de cerca de US$ 459 em agosto. A volatilidade das ações no segundo semestre sugere uma recuperação, com os preços se aproximando de US$ 504. No entanto, o mercado está mais otimista com ações de tecnologia e crescimento, levantando questões sobre o futuro da Berkshire. Apesar de ter cerca de 30% do capital em caixa, a empresa enfrenta debates sobre a distribuição de lucros e sua estratégia de investimento conservadora. A transição de liderança para Greg Abel, sucessor de Buffett, gera especulações sobre a continuidade do sucesso da Berkshire. Embora muitos investidores ainda confiem na abordagem de investimento em valor da empresa, o desafio será equilibrar as expectativas do mercado com sua filosofia tradicional.

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