17/12/2025, 18:57
Autor: Felipe Rocha

As ações da ASML, uma das principais fabricantes de equipamentos para a produção de semicondutores, caíram 6% após reportagens revelarem que a China está avançando em tecnologia de litografia ultravioleta extrema (EUV). Estas notícias surgem em um momento em que a disputa tecnológica entre os Estados Unidos e a China se intensifica, principalmente no setor de semicondutores, crucial para o desenvolvimento da inteligência artificial e outras tecnologias avançadas.
Um artigo da Reuters destacou que, em um laboratório de alta segurança em Shenzhen, cientistas chineses desenvolveram um protótipo de máquina capaz de fabricar chips de semicondutores de ponta. Essa tecnologia, considerada um marco para a indústria de semicondutores na China, representa um grande passo em um campo em que a ASML atualmente detém uma posição monopolista. Os especialistas observam que a capacidade da China de produzir essas máquinas poderia potencialmente alterar o equilíbrio de poder global no mercado de semicondutores.
Os comentários de especialistas e investidores na área oferecem uma visão variada sobre a situação. Muitos acreditam que, apesar dos avanços, a China ainda enfrenta enormes desafios para replicar a tecnologia EUV. Um dos comentaristas apontou que, embora a China tenha a capacidade de desenvolver produtos avançados, a questão é sempre quando essas inovações se tornarão realidade, destacando que o desenvolvimento de máquinas comparáveis à ASML levará tempo. Eles sugerem que, para alcançar um nível comparável, a China teria que superar uma série de obstáculos técnicos complicados, muitos dos quais ainda não foram resolvidos.
Além disso, alguns analistas chamaram a atenção para o fato de que o que foi apresentado até agora ainda não se compara à tecnologia existente da ASML, que é a mais sofisticada do mundo. Os críticos apontam que a máquina desenvolvida na China é significativamente maior e ainda não está pronta para produção em massa, levantando a questão de sua viabilidade em um mercado que exige eficiência e custo. Embora a Reuters tenha indicado que a China está investindo massivamente na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia EUV, é difícil prever se esses esforços resultarão em uma máquina funcional em um futuro próximo.
Em resposta à queda nas ações da ASML, alguns investidores estão adotando uma abordagem cautelosa, prevendo que a inteligência artificial possa enfrentar volatilidade similar à observada após o lançamento de novas tecnologias disruptivas no passado. Um comentarista mencionou o exemplo do “Deepseek”, onde ações de empresas de IA caíram drasticamente, apenas para se recuperarem rapidamente, sugerindo que a situação atual pode seguir um padrão semelhante. A hesitação do mercado pode refletir tanto a incerteza em relação à capacidade da China de superar as barreiras tecnológicas quanto uma reação às incertezas gerais em torno da relação comercial entre as duas potências.
A discussão se estende ainda mais ao considerar as capacidades dos engenheiros e cientistas chineses, que, segundo alguns, estão à frente de seus equivalentes ocidentais. A ideia de que a China pode estar desenvolvendo tecnologias que poderiam superar suas contrapartes ocidentais não é nova, e o sentimento de que subestimá-los seria um erro parece estar crescendo entre os analistas.
Um dos principais pontos levantados durante essa discussão é a necessidade de entender onde a China se encontra em relação a fornecedores de tecnologia essenciais, como espelhos de alta precisão que são uma parte crucial da litografia. A empresa Zeiss, por exemplo, é a única que possui tecnologia necessária para produzir esses componentes em escala nanométrica, e a dependência da China de fornecedores externos para a construção de equipamentos de litografia avançada pode ser uma fraqueza em sua busca para alcançar a ASML.
À medida que a tensão entre os Estados Unidos e a China continua a moldar o futuro da tecnologia, fica evidente que o setor de semicondutores enfrentará mudanças dinâmicas. O papel fundamental dos semicondutores na economia moderna, especialmente na alimentação de IA e outras tecnologias emergentes, assegura que esta não é apenas uma disputa industrial, mas uma batalha pelo domínio tecnológico em um mundo cada vez mais conectado. O desfecho desta história pode impactar setores que vão além da tecnologia, influenciando mercados financeiros e políticas públicas em ambos os lados do Pacífico nos próximos anos.
Fontes: Reuters, TechCrunch, Wired
Detalhes
A ASML é uma empresa holandesa líder mundial na fabricação de equipamentos para a produção de semicondutores, especialmente conhecida por sua tecnologia de litografia ultravioleta extrema (EUV). A empresa desempenha um papel crucial na indústria de semicondutores, fornecendo máquinas que são essenciais para a fabricação de chips avançados, utilizados em uma variedade de dispositivos eletrônicos e aplicações, incluindo inteligência artificial.
Resumo
As ações da ASML, líder na fabricação de equipamentos para semicondutores, caíram 6% após reportagens sobre os avanços da China em tecnologia de litografia ultravioleta extrema (EUV). Um artigo da Reuters revelou que cientistas chineses desenvolveram um protótipo de máquina para fabricar chips de ponta, o que pode alterar o equilíbrio de poder no mercado de semicondutores, onde a ASML atualmente detém um monopólio. Especialistas acreditam que, apesar dos avanços, a China enfrenta desafios significativos para replicar a tecnologia EUV. Embora a máquina chinesa seja um progresso, ainda não está pronta para produção em massa e é considerada inferior à tecnologia da ASML. A incerteza do mercado reflete preocupações sobre a capacidade da China de superar barreiras tecnológicas e a relação comercial tensa entre as duas potências. Além disso, a dependência da China de fornecedores externos para componentes essenciais, como espelhos de alta precisão, pode ser uma fraqueza. A disputa no setor de semicondutores não é apenas uma questão industrial, mas uma luta pelo domínio tecnológico global, com implicações para economias e políticas públicas.
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