14/12/2025, 18:25
Autor: Ricardo Vasconcelos

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece ter estabelecido um novo foco de atenção no cenário político europeu, levando a preocupações sobre a ascensão da extrema-direita na região. Comentários recentes sugerem uma estratégia em que Trump busca alianças com líderes populistas e partidos de direita, potencialmente buscando desestabilizar a coesão da União Europeia e diminuir sua resistência à influência americana. Essa situação é inquietante não apenas para a Europa, mas também para as relações transatlânticas que foram historicamente sólidas.
Críticos afirmam que a aproximação de Trump com grupos de extrema-direita na Europa não é meramente casual, mas sim parte de um plano mais abrangente que visa reconfigurar o equilíbrio de poder global, favorecendo regimes menos regulamentadores e alinhados com seus próprios ideais. “Ele quer que a Europa se torne mais como os Estados Unidos, onde a retórica e as políticas de extrema-direita prevalecem, e menos como um bloco que regulamenta grandes tecnologias e impõe um padrão alto de qualidade”, comentou um analista político.
Um dos pontos levantados por defensores dessa análise é a despreocupação de Trump sobre o estado da democracia em nações europeias, particularmente à luz da sua admiração por regimes autoritários. O fato de que líderes como Viktor Orbán na Hungria e Marine Le Pen na França tenham recebido apoio de Trump, e que personagens influentes de sua administração, como Steve Bannon, tenham atuado nos bastidores para estreitar laços com a política de direita na Europa, ilustram a crescente dificuldade que o continente enfrenta para manter a estabilidade política diante de pressões externas.
Há também o aspecto da imigração, que continua a ser um tema polarizador em muitos países europeus. Os partidos de direita têm explorado a crise migratória, frequentemente apresentando narrativas que associam a imigração à criminalidade e ao desrespeito pela cultura local. Os comentários contundentes sobre políticas de migração escalonadas são um reflexo direto do clima político atual e mostram como a política em um lado do Atlântico pode ecoar do outro. “Imigração é um assunto que nunca sai de moda e continuará dando apoio aos partidos de direita em todo o continente”, observou um especialista em política europeia.
O preocupante panorama da Europa em relação ao imaginário de Trump é que a estratégia dele pode eventualmente culminar em uma fragmentação do bloco europeu, tornando-o mais vulnerável a interferências externas. Ao questionar a qualidade da carne americana e a eficácia das regulamentações europeias, Trump parece sinalizar desejo de reduzir as barreiras comerciais, o que poderia beneficiar grandes corporações americanas, mas ao preço da autonomia europeia. As similaridades com ações previamente vistas durante sua administração são notáveis e revelam um padrão de comportamento que gera incertezas sobre futuras alianças.
As alianças de Trump também coincidem com tensões amplificadas entre a Europa e a Rússia, especialmente no contexto da invasão da Ucrânia. Observadores notam que, ao se alinhar com a Rússia, Trump pode estar mirando em um cenário onde fragmentações políticas na Europa tornem o continente mais moldável aos interesses estratégicos dos EUA. Assim, a combinação de um EUA em decadência sob a liderança de Trump e as políticas restrictivas de suas alianças na Europa sugere um futuro incerto para as relações transatlânticas.
Outros analistas sugerem que a verdadeira prova da influência de Trump na política europeia será a próxima escolha de líderes em vários países, onde o ambiente político para a extrema-direita parece estar se consolidando. Esses partidos têm mostrado uma habilidade crescente para capitalizar sobre o descontentamento público, particularmente entre os jovens, o que representa um alerta para as democracias na Europa. “A Europa pode estar descobrindo como sua política funciona sem a estabilização constante dos EUA”, comentou um acadêmico, antecipando um período de recalibração e potencial instabilidade.
No fundo, a intenção de Trump parece clara: não apenas desafiar as normas políticas estabelecidas, mas também estabelecer uma nova ordem que reverbera as práticas populistas e autocráticas que ele promove. Com cada movimento da alta roda política europeia, a relevância das interações do ex-presidente com personalidades influentes e partidos de direita vai tomando forma, colocando em cheque a eclosão de uma nova era de komplexidade política em um continente que há muito tempo se vangloria de sua diversidade e solidariedade. À medida que a influência americana se mostra um fator central nas reviravoltas de poder na Europa, a expectativa é que a próxima fase da história do continente comece a se desvendar, moldando o que vem por aí.
Fontes: The Guardian, BBC News, Politico, The New York Times
Detalhes
Donald Trump é um empresário e político americano que foi o 45º presidente dos Estados Unidos, ocupando o cargo de janeiro de 2017 a janeiro de 2021. Conhecido por seu estilo controverso e retórica polarizadora, Trump implementou políticas que enfatizavam o nacionalismo econômico e a imigração restritiva. Sua presidência foi marcada por divisões políticas intensas e uma abordagem não convencional em questões de política externa. Após deixar o cargo, ele continuou a influenciar a política americana e global, especialmente em relação a movimentos populistas.
Resumo
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está direcionando sua atenção para a política europeia, levantando preocupações sobre a ascensão da extrema-direita na região. Ele busca alianças com líderes populistas, o que pode desestabilizar a União Europeia e afetar as relações transatlânticas. Críticos afirmam que essa aproximação não é acidental, mas parte de um plano para reconfigurar o equilíbrio de poder global em favor de regimes menos regulamentadores. A admiração de Trump por líderes autoritários, como Viktor Orbán e Marine Le Pen, e o apoio de figuras de sua administração, como Steve Bannon, ilustram a crescente dificuldade da Europa em manter a estabilidade política. A imigração, um tema polarizador, é explorada pelos partidos de direita, refletindo o clima político atual. A estratégia de Trump pode levar à fragmentação do bloco europeu, tornando-o mais vulnerável a interferências externas. Além disso, suas alianças coincidem com tensões entre a Europa e a Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia. A próxima escolha de líderes na Europa será crucial para avaliar a influência de Trump, que parece querer desafiar as normas políticas estabelecidas e estabelecer uma nova ordem populista.
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