14/12/2025, 19:34
Autor: Ricardo Vasconcelos

No último sábado, 28 de outubro de 2023, milhares de pessoas foram às ruas de São Paulo para protestar contra o que consideram um Congresso "inimigo do povo". A manifestação, marcada por intensa participação popular, levantou discussões sobre o real impacto dessas mobilizações na política brasileira. No entanto, a convergência de vozes e ideias gerou recriminações sobre a natureza dos protestos, especialmente em relação ao clima festivo que permeava o evento.
Conforme os manifestantes tomavam as ruas, cartazes e gritos de ordem se misturavam a ritmos de samba e canções populares, levadas por músicos que se uniram ao ato. Essa fusão entre luta e entretenimento foi alvo de críticas, especialmente por aqueles que acreditam que a seriedade da situação deve prevalecer. "Transformaram um ato que supostamente era uma luta contra um projeto de lei que vai soltar criminosos condenados em um grande festival", desabafou um dos participantes, expressando a frustração de muitos ao ver a mensagem do protesto diluída em uma atmosfera de festividade.
Os manifestantes contestavam uma Medida Provisória (MP) considerada polêmica, que, segundo eles, ameaça a segurança pública ao facilitar a progressão de pena para criminosos. Essa preocupação foi compartilhada por diversas vozes que se uniram contra a proposta, mas a maneira como o evento foi conduzido suscitou questionamentos sobre a eficácia da mobilização. O contraste entre o teor de reivindicações sérias e a maneira leve como muitos participantes encaram a festa começou a preocupar setores mais críticos da esquerda.
Um comentarista destacou que a presença de uma elite “hipster” nos protestos distorce a verdadeira representação popular. “A esquerda diz que representa o povo, mas parece que não sabe se comunicar com o verdadeiro povo”, argumentou. Outros participantes questionaram a ausência de uma comunicação mais clara e eficaz, pedindo que a luta se voltasse para os reais interesses da classe trabalhadora e não tivesse um tom elitista.
No entanto, não faltaram aqueles que lembraram o impacto histórico das mobilizações populares. As ações coletivas, segundo afirmavam, podem efetivamente influenciar decisões políticas, como aconteceu com a PEC da blindagem, que foi rejeitada em grande parte pela pressão exercida nas ruas. Os defensores das manifestações insistem que essas ações continuam sendo uma forma legítima de expressar a insatisfação e de forçar mudanças. "Ir à rua é demonstrar a rejeição do povo", disse um manifestante, reforçando a importância da expressão coletiva como forma de resistência.
Em contrapartida, as críticas sobre a postura dos manifestantes e a abordagem superficial com que alguns deles tratam o ato foram intensificadas. A reflexão sobre o verdadeiro propósito dos protestos foi um tema recorrente nas conversas. Muitos se questionaram: “O que adianta essas manifestações? Essa pressão social não muda nada, a galera vai pra passear”. A avaliação crítica sobre o real efeito dessas ações e a utilização de manifestações apenas como palco para discursos vazios geraram divisões entre os presentes.
Os participantes se mostraram conscientes da situação volátil na política brasileira, e a performance do Congresso nos últimos meses, marcada por crises e desconfiança pública, foi um estopim para os protestos. Entretanto, essa mobilização ainda carece de estratégia e foco claro. Manifestantes criticaram a esquerda por não conseguir unir as suas bases e estabelecer uma comunicação eficaz que ressoe com as necessidades da população vulnerável. O mesmo grupo que deveria liderar a luta virava alvo de críticas por suas falhas na mobilização e na articulação das demandas sociais.
"Enquanto essa turma for quem mais consegue mobilizar gente na rua, vão continuar dominando as manifestações", lamentou um crítico, referindo-se à atual falta de diversidade e representação nas vozes que se fazem ouvir em eventos de protesto. "É uma turma que tem boas ideias, mas não consegue sair do lugar", complementou, evidenciando o desafio que a esquerda enfrenta para recuperar a credibilidade e a conexão com a sociedade.
No final, a manifestação em São Paulo se tornou mais um capítulo na saga da política brasileira, onde a luta pela justiça social e a expressão popular continuam em ebulição. A cidade, que tem um histórico de grandes mobilizações, novamente se preparou para enfrentar os desafios do Congresso, mas é preciso que os grupos políticos busquem diálogo com a população e foquem no objetivo de unir todas as vozes em prol de uma verdadeira mudança. As manifestações podem servir como um elo vital entre o povo e a política, desde que estejam alinhadas com reivindicações concretas e uma estratégia clara.
Fontes: Folha de São Paulo, Globo, Estadão
Resumo
No último sábado, 28 de outubro de 2023, milhares de pessoas se reuniram em São Paulo para protestar contra o que consideram um Congresso "inimigo do povo". A manifestação, marcada por uma intensa participação popular, levantou questões sobre o impacto real dessas mobilizações na política brasileira. Apesar da seriedade das reivindicações, muitos manifestantes incorporaram um clima festivo ao evento, misturando protestos com música e dança, o que gerou críticas sobre a diluição da mensagem. Os participantes contestavam uma Medida Provisória polêmica que, segundo eles, compromete a segurança pública ao facilitar a progressão de pena para criminosos. Críticas foram direcionadas à presença de uma elite "hipster" que, segundo alguns, distorce a representação popular. Apesar das divisões e questionamentos sobre a eficácia das manifestações, muitos defendem que a mobilização popular ainda é uma forma legítima de expressar insatisfação e forçar mudanças. A manifestação em São Paulo se insere em um contexto mais amplo de luta pela justiça social, destacando a necessidade de um diálogo mais eficaz entre os grupos políticos e a população.
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