Trump afirma que tarifas geraram 18 trilhões, despertando reações de incredulidade

Afirmação polêmica de Trump sobre arrecadação com tarifas gera questionamentos sobre veracidade e consequências fiscais na economia americana.

17/12/2025, 12:30

Autor: Ricardo Vasconcelos

No cenário político atual, uma nova afirmação do ex-presidente Donald Trump, que afirma que as tarifas comerciais geraram 18 trilhões de dólares para a economia dos Estados Unidos, está levantando uma série de questões e reações surpreendentes entre economistas, políticos e o público em geral. A alegação foi feita recentemente em um evento público e rapidamente se espalhou por redes sociais e meios de comunicação em todo o país, suscitando intensos debates sobre a veracidade dos números e suas implicações para a política tributária americana.

Muitos especialistas em economia estão apontando que a declaração de Trump é, no mínimo, duvidosa. A economia americana, estimada em cerca de 28 trilhões de dólares, não poderia suportar uma arrecadação adicional de 18 trilhões apenas através de tarifas. A afirmação parece ser não apenas uma exageração, mas uma deturpação das verdades fiscais atuais. Especialistas afirmam que as tarifas, na verdade, funcionam como impostos pagos pelos consumidores americanos, que, consequentemente, acabam arcando com custos mais altos na compra de produtos importados. Isso significa que, na prática, não se trata de uma "arrecadação" benéfica vinda do governo, mas sim de um encargo adicional para o já sobrecarregado cidadão.

Comentários de internautas refletiram essa incredulidade. Um usuário levantou a questão fundamental de onde estariam esses 18 trilhões de dólares: “Se isso fosse verdade, cadê o dinheiro? Não tá indo pra VA, assistência à saúde das pessoas, agricultores, sem-teto, pra baixar preços, pra dívida, etc.” Este questionamento ecoa entre muitos, que se perguntam como tais vastos recursos poderiam resultar de uma política tão controversa e frequentemente criticada.

Adicionalmente, a confusão em torno dos números de Trump gerou um cenário onde muitos se sentem alienados e desconfiados. O fato de um ex-presidente fazer declarações tão grandiosas e sem fundamento levou a uma preocupação sobre a manipulação da informação. Um comentarista expressou que a desinformação sobre política fiscal poderia ser comparada a “um golpe", insinuando que a retórica de Trump visa desviar a atenção dos problemas reais que afetam os americanos do dia a dia.

Na verdade, as tarifas aplicadas por Trump tiveram um papel ambíguo na economia. Ao mesmo tempo que alguns segmentos da indústria se beneficiaram, como o setor metalúrgico, muitos outros enfrentaram desafios significativos, e a inflação crescente indubitavelmente impactou negativamente todos os consumidores. Por exemplo, produtos importados, que dependem de matérias-primas tarifadas, tiveram seus preços elevados, resultando em um custo de vida mais alto para os cidadãos. Assim, ao invés de gerar riqueza, muitos acreditam que as tarifas contribuíram apenas para a manutenção de um ciclo de desvantagens econômicas para o consumidor médio.

Os críticos da administração Trump também levantaram preocupações sobre a precariedade da narrativa que cerca suas alegações. Um usuário apontou que “o cara tem um histórico de inflar números pra ganhar dinheiro”, questionando novamente a credibilidade de um homem que não é um estranho aos escândalos financeiros. Essas acusações de desinformação e falta de responsabilidade não são novas e frequentemente aparecem em discussões sobre a política fiscal e econômica atual.

Ademais, a reação pública à afirmação de Trump demonstra um cansaço em relação a discursos que desconsideram fatos palpáveis. Enquanto muitos apoiadores ainda o defendem fervorosamente, há um ceticismo crescente em relação à capacidade de um ex-presidente de administrar de forma coerente a complexidade econômica de uma nação tão grande quanto os Estados Unidos.

Diante dessa situação, o Congresso e as autoridades responsáveis pela fiscalização das políticas econômicas sentem a pressão por maior transparência e responsabilidade na contabilidade pública. Um eleitor indignado sugeriu que "o Congresso devia emitir uma intimação pro Tesouro" para que houvesse cobranças mais rigorosas sobre a origem e a destinação dos alegados 18 trilhões. Essa demanda por responsabilidade é um reflexo do desejo popular de ter líderes que comuniquem verdades factuais e não ilusões econômicas.

Em um cenário onde a desinformação pode moldar decisões fundamentais sobre políticas públicas, é imperativo que os cidadãos busquem sempre a verdade por trás das afirmações encontradas em discursos políticos. O impacto das políticas de tarifas de Trump não deve ser subestimado, e a responsabilização deve ser parte do discurso que envolve economistas, políticos e o público.

O panorama político se mostra desafiador, com uma divisão crescente entre os cidadãos em relação às políticas implementadas. Mas, independentemente de ideologias, a verdade e a responsabilidade permanecem as pedras angulares do discurso democrático, fundamentais para a construção de uma sociedade mais informada e justa. Assim, a conversa sobre tarifas, arrecadação e veracidade dos números deve ser mantida viva, em busca de soluções que realmente beneficiem o povo e não sirvam apenas como ferramentas de retórica política.

Fontes: The New York Times, The Washington Post, CNBC