23/12/2025, 12:55
Autor: Laura Mendes

A televisão nos anos 70 e 80 é lembrada com um toque de nostalgia, trazendo à mente uma época em que a tela pequena reunia famílias em torno de um mesmo conteúdo, criando laços e memórias que perduram até hoje. Durante essas décadas, a presença das emissoras de televisão nacional variava amplamente entre os países da América Latina, refletindo tanto a evolução da mídia quanto os costumes sociais da época. Na Colômbia, por exemplo, a oferta televisiva era restrita a apenas dois canais, que operavam em horários limitados. Com um início ao amanhecer e um término em horários postos como 2 da tarde ou até mesmo às 12 da noite, os colombianos encontravam formas de entreter-se durante os pouco mais de dez horas de transmissão disponíveis. Desenhos animados eram uma janela para a infância, enquanto séries como "The Fall Guy" e "A Mulher Maravilha" atraíam audiências cativas.
A situação contrastava com a experiência no Brasil, onde a Rede Globo se destacava como líder de audiência. A Globo não apenas dominava as telas como também influenciava a cultura popular, com produções que se tornaram fenômenos sociais. A força da emissora era tão significativa que praticamente todo o país se reunia em suas casas para assistir a novelas e programas que moldavam tendências e comportamentos. Com uma programação que incluía uma variedade de atrações, a Globo moldou não só o modo de consumir entretenimento, mas também a construção da identidade brasileira, o que ainda é evidente nos dias de hoje. Embora a transição para plataformas de streaming tenha trazido mudanças, a emissora continua a manter uma vasta audiência.
Na Venezuela, a realidade da TV também apresentava particularidades. O conteúdo produzido localmente era frequentemente complementado por programas importados de países vizinhos, criando uma rica tapeçaria cultural televisiva. A popularidade das dublagens, como a de "Danny Phantom", mostra como a mídia latina rapidamente se adaptou para engajar seus públicos. Assim, foram as décadas de 70 e 80 que geraram icônicos programas de formação de crianças, como "Vila Sésamo", que encantavam gerações e representavam um marco importante na educação pela televisão.
O fenômeno de "Chaves", um dos maiores sucessos da televisão mexicanas produzido pela Televisa, que se disseminou por todo o continente, simboliza o poder da TV em unificar as culturas latino-americanas. Para muitos, "El Chavo del Ocho" não era apenas um número cômico, mas uma parte essencial da identidade cultural. A forma como os personagens e suas histórias se entrelaçaram na vida cotidiana dos espectadores estabelece um legado que ainda ressoa nas famílias que, décadas depois, continuam a compartilhar esses episódios icônicos.
A demanda por conteúdo diversificado e a rivalidade das emissoras frequentemente levavam à importação e dublagem de importantes séries norte-americanas. A confirmação da popularidade de programas como "Miami Vice", "Dallas" e "CHiPs", que atraíam o público latino, é evidência de como a televisão se tornava um espaço de troca cultural. Em muitas partes da América Latina, o acesso à programação americana não era apenas uma forma de entretenimento, mas também uma janela para novas ideias e estilos de vida que começaram a ser disseminados pelas narrativas televisivas.
Os ciclos de produção cultural, especialmente nas décadas de 70 e 80, também refletiram um momento sociocultural mais amplo. Filmes mexicanos, por exemplo, enfrentaram um declínio geral, conhecido como a "Era Sombria" do cinema mexicano. Embora críticas sobre a qualidade dos filmes dessa época sejam recorrentes, a resiliência da televisão como forma de entretenimento demonstra uma capacidade de adaptação. A transição gradual da produção cinematográfica para a popularidade das telenovelas e programas de variedades exemplifica uma resposta cultural às necessidades de um público que buscava entretenimento e identificação.
À medida que a indústria da televisão evoluiu, os desafios da conversão para novos formatos e plataformas trouxeram novas oportunidades e riscos. A nostalgia por aqueles dias de programação simples, onde as famílias se reuniam para assistir a uma única tela, levanta questões sobre a direção atual do consumo de mídia e a conexão que compartilhamos com a cultura. O desejo de replicar essas experiências de compartilhamento e conexão é palpável, mesmo em um mundo repleto de opções digitais. No fim, é inegável que a televisão moldou não apenas o entretenimento, mas a própria cultura latino-americana, unindo pessoas por meio das ondas da história e da memória coletiva.
Fontes: Revista Vida e Cidadania, Jornal do Brasil, El País, BBC Brasil, História da Televisão Brasileira
Detalhes
A Rede Globo é uma das maiores emissoras de televisão do Brasil, fundada em 1965. Conhecida por sua programação diversificada, incluindo novelas, telejornais e programas de entretenimento, a Globo se tornou uma referência na cultura brasileira. Com uma forte influência na sociedade, suas produções frequentemente abordam temas sociais e culturais, moldando tendências e comportamentos ao longo das décadas. A emissora também é reconhecida internacionalmente, tendo exportado suas novelas para diversos países.
Resumo
A televisão dos anos 70 e 80 é lembrada com nostalgia, sendo um meio que unia famílias em torno de um conteúdo comum. Na Colômbia, a oferta era limitada a dois canais, com programação restrita, enquanto no Brasil a Rede Globo se destacava como líder de audiência, moldando a cultura popular com suas novelas e programas. Na Venezuela, a TV apresentava uma mistura de conteúdo local e importado, com programas como "Danny Phantom" se tornando populares. O fenômeno "Chaves", produzido pela Televisa, simboliza a unificação cultural da América Latina. A importação de séries norte-americanas como "Miami Vice" e "Dallas" também evidenciava a troca cultural na televisão. As décadas de 70 e 80 foram marcadas por mudanças na produção cultural, refletindo um momento sociocultural mais amplo. A nostalgia por essa época levanta questões sobre o consumo de mídia atual e a conexão com a cultura, mostrando como a televisão moldou a identidade latino-americana.
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