16/09/2025, 12:11
Autor: Laura Mendes
O secretário de Polícia do Rio de Janeiro fez recentemente declarações contundentes a respeito da crescente violência na cidade, afirmando que “pode chamar o FBI, não vai resolver”. Essa afirmação evidencia uma percepção de que as tentativas tradicionais de combate ao crime estão longe de serem efetivas. A fala sugere que, para enfrentar a violência e o tráfico de drogas que permeiam áreas como a Rocinha, medidas mais drásticas e profundas são necessárias, o que implica em um investimento social significativo que se arrasta há décadas sem ser adequadamente abordado. Desde a década de 1980, políticas públicas de segurança parecem estar defasadas e ineficazes, à medida que a criminalidade se fortaleceu e consolidou seu domínio territorial, incluindo a infiltração nas estruturas de poder.
Levantando a questão da chamada “tolerância zero”, que foi implementada em diversas cidades dos Estados Unidos, especialmente em Nova York, um comentarista destacou que tal abordagem teve suas falhas. Embora tenha registrado uma redução nas estatísticas de crimes menores, não houve a mesma eficácia em relação aos crimes violentos, como homicídios e roubos. A experiência norte-americana sugere que o aumento na prisão de infratores por delitos menores não necessariamente resulta em uma diminuição nos crimes graves, e a população carcerária continua a crescer de forma alarmante.
A discussão acerca da eficácia da política de segurança no Brasil revela um panorama complexo, onde é cada vez mais evidente que não se trata apenas de implementar uma estratégia de punição, mas sim de investir em soluções estruturais que envolvam a melhoria da educação, a criação de oportunidades e a redução das desigualdades sociais. Um dos comentários mais destacados ressalta uma frase de Darcy Ribeiro, proferida em 1982, que enfatiza a necessidade de construir escolas para evitar a superlotação nos presídios ao longo do tempo. Isso reforça a ideia de que a educação é um bem fundamental no combate à criminalidade a longo prazo.
Necessariamente, para que haja uma mudança significativa, é crucial que as políticas enfrentem diretamente as condições que incentivam a criminalidade, como a pobreza e a falta de acesso a serviços essenciais. O Rio de Janeiro é uma cidade marcada por profundas desigualdades. A Zona Sul, por exemplo, apresenta uma realidade totalmente distinta da Zona Norte, onde muitas comunidades enfrentam desafios diários relacionados à violência e ao tráfico de drogas. Um consenso entre os cidadãos é que o investimento social deve ser ampliado e direcionado para as áreas mais vulneráveis. Muitos acreditam que no Rio, é mais uma questão de renunciar ao medo e proporcionar dignidade à população.
Entretanto, a intersecção do crime organizado com a corrupção também é uma preocupação central na luta contra a violência no Brasil. As milícias e facções criminosas não somente rivalizam pelo controle de território, mas muitas vezes infiltram-se nas instituições públicas, tornando a situação ainda mais desafiadora. A falta de resposta eficaz das autoridades ao fenômeno da violência no país gerou um ceticismo generalizado entre a população, que se sente abandonada e sem proteção.
Em meio à crítica à eficácia de medidas como a “tolerância zero”, um cometário ressalta que, no Brasil, as prisões têm sido vistas como uma "faculdade do crime", onde, ao invés de reabilitação, os indivíduos acabam se tornando mais periculosos após a condenação. Essa percepção aponta para a urgência de reformas no sistema carcerário, que ainda enfrenta uma série de problemas, incluindo superlotação e condições subhumanas.
Realizando uma reflexão mais ampla, outro comentário sugere que não se pode tratar a questão da criminalidade apenas como uma questão de policiamento. Para um avanço real, é fundamental que haja uma reestruturação nas oportunidades sociais, formação e inclusão da população marginalizada, especialmente à luz do que já foi observado nas histórias de outras cidades que enfrentaram seus próprios dilemas de violência.
Diante de todos esses elementos, torna-se evidente que a luta contra a violência no Rio de Janeiro não se limita a uma batalha entre forças policiais e criminosos, mas envolve um complexo sistema social que precisa ser tratado com maturidade, investimento e visão de longo prazo. As vozes que pedem uma abordagem holística na segurança pública devem ser ouvidas, e a efetividade das políticas de combate à criminalidade reside na articulação entre segurança e desenvolvimento social. O Rio de Janeiro poderia, assim, trilhar um novo caminho, focando em soluções permanentes em vez de paliativos temporários.
Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, Agência Brasil
Resumo
O secretário de Polícia do Rio de Janeiro fez declarações sobre a crescente violência na cidade, afirmando que mesmo a intervenção do FBI não resolveria o problema. Ele sugere que as abordagens tradicionais de combate ao crime são ineficazes, e que é necessário um investimento social profundo, algo que tem sido negligenciado por décadas. A discussão sobre a política de segurança revela que não basta punir; é preciso investir em educação e oportunidades para reduzir desigualdades sociais. Comentários sobre a abordagem de “tolerância zero”, utilizada em cidades dos EUA, indicam que, embora tenha reduzido crimes menores, não foi eficaz contra crimes violentos. A intersecção entre crime organizado e corrupção no Brasil agrava a situação, com milícias infiltrando-se em instituições públicas. A percepção de que as prisões funcionam como uma "faculdade do crime" destaca a necessidade de reformas no sistema carcerário. A luta contra a violência no Rio é complexa e requer uma abordagem holística que una segurança e desenvolvimento social, visando soluções permanentes.
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