12/12/2025, 11:33
Autor: Laura Mendes

A cidade de São Paulo, frequentemente reconhecida por sua grandeza e dinamismo, enfrenta uma nova realidade marcada por apagões frequentes. Nos últimos dias, moradores de diversas regiões da metrópole relataram interrupções prolongadas de energia, culminando em desconforto e críticas acirradas à gestão energética e à privatização dos serviços. As reclamações surgem em meio a um clima de indignação em que os paulistanos se sentem cada vez mais abandonados por uma gestão que prometeu eficiência e segurança.
Vários residentes, especialmente aqueles que residem em áreas consideradas nobres, testemunharam interrupções de energia que se estenderam por mais de 36 horas. Comentários trocados em plataformas revelam um descontentamento crescente e um sentimento de perplexidade sobre o que se considera uma anomalia para uma das cidades mais desenvolvidas da América Latina. Uma comerciante, oriunda da Bahia, compartilhou sua experiência de ter ficado sem energia em sua loja por um período que ultrapassa um dia, algo que ela considera impensável para as normas de funcionamento em sua antiga cidade. "Aqui em São Paulo, parece que a situação saiu do controle. Não esperava que uma cidade tão desenvolvida enfrentasse problemas assim", disse a comerciante, ressaltando que a situação no passado era menos problemática sob outra administradora de energia.
As críticas à gestão da Enel, que assumiu a concessão em 2018, são constantes. Muitos moradores se perguntam como a empresa pode ter conseguido herdar tão grandes problemas operacionais e de infraestrutura. A AES Eletropaulo, que foi a fornecedora de energia de São Paulo até 2018, tinha um histórico melhor nesse quesito, com menos interrupções e uma resposta mais ágil a problemas emergenciais. “Quando a AES estava no comando, a situação era bem mais controlada. Agora, observei uma degradação notável na prestação de serviços”, afirmou outra moradora que, assim como muitos, expressou seu receio em relação ao futuro.
Os comentaristas sobre a situação chamam atenção para o que consideram uma falha crítica no sistema de gerenciamento do que deveria ser um serviço essencial. Para alguns, a privatização dos serviços públicos acabou resultando em um abandono consciente das necessidades da população, visando lucro acima do bem-estar social. Críticas foram feitas sobre a falta de ações preventivas e manutenção adequada no sistema elétrico da cidade. Fatores como ventos fortes e mudanças climáticas intensificadas foram mencionados, mas muitos acreditam que uma gestão mais eficiente teria minimizado os danos e a duração das interrupções. Com o aumento previsto de eventos climáticos extremos, as preocupações em relação à capacidade da infraestrutura em suportar essas mudanças são legítimas e compartilhadas por uma parte significativa da população.
Além disso, comentários ressaltaram a sensação de impotência em relação à falta de informação sobre possíveis planos de emergência e retorno do serviço. Moradores que optaram por se deslocar até a sede da Enel diante da falta de comunicação acabaram saindo frustrados, sem respostas claras sobre o que seria feito para evitar recorrências. “Seria mais fácil lidar com os problemas se ao menos tivéssemos um plano claro de comunicação e atualização”, lamentou um paulista que luta para atender aos desafios de um negócio que depende da eletricidade constante.
Essa situação não apenas gera descontentamento individual, mas também acende debates sobre o futuro da cidade. Alguns sugerem que a volta a um modelo estatal poderia ser um caminho para recuperar a qualidade do serviço. “A privatização, que parecia uma solução viável, se tornou um pesadelo para muitos de nós. Precisamos repensar nossos modelos de gestão”, comentou um empresário que cargo no ramo de fornecimento de alimentos.
Entidades governamentais e regulatórias também estão sendo responsabilizadas pela falta de fiscalização e controle sobre os contratos firmados com a Enel, resultando em desmandos e na degradação da infraestrutura essencial. A promessa de um serviço de qualidade nunca se concretizou, levando muitos a questionar se as políticas de privatização realmente beneficiaram a população ou se foram mais vantajosas para as empresas.
Com a intensidade dos problemas evidentes, São Paulo se vê em uma encruzilhada, onde os cidadãos clamam por uma nova abordagem na administração pública e pela responsabilidade na gestão dos recursos essenciais. As crescentes dificuldades em um serviço considerado básico mostram que a cidade, uma das mais emblemáticas do Brasil, ainda tem muito a avançar em termos de garantia de qualidade e respeito à dignidade dos cidadãos que ali vivem. As lições do passado podem servir para moldar um futuro mais sustentável e consciente das necessidades coletivas da população.
Fontes: Folha de São Paulo, Estadão
Detalhes
A Enel é uma multinacional italiana de energia que atua em diversos países, incluindo o Brasil, onde é responsável pela distribuição de eletricidade em várias regiões. A empresa tem enfrentado críticas em relação à qualidade de seus serviços e à gestão de infraestrutura, especialmente após assumir a concessão da distribuição de energia em São Paulo em 2018. A Enel busca promover a transição energética e a sustentabilidade, mas suas operações têm sido alvo de descontentamento popular devido a apagões e falta de comunicação com os consumidores.
Resumo
A cidade de São Paulo enfrenta uma crise energética, com apagões frequentes que têm gerado descontentamento entre os moradores. Nos últimos dias, residentes de áreas nobres relataram interrupções de energia que duraram mais de 36 horas, levando a críticas à gestão da Enel, que assumiu a concessão em 2018. Muitos paulistanos, incluindo comerciantes, expressam perplexidade diante da situação, que consideram inaceitável para uma metrópole desenvolvida. Comparações com a AES Eletropaulo, antiga fornecedora, revelam um histórico de melhor desempenho. As críticas se estendem à privatização dos serviços públicos, que, segundo alguns, prioriza o lucro em detrimento do bem-estar social. A falta de comunicação sobre planos de emergência e a sensação de impotência entre os cidadãos aumentam a insatisfação. A situação levanta debates sobre a necessidade de uma nova abordagem na gestão pública e a possibilidade de retorno a um modelo estatal, enquanto entidades regulatórias são cobradas por sua falta de fiscalização.
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