13/12/2025, 02:22
Autor: Laura Mendes

Na última quarta-feira, 18 de outubro de 2023, a cidade de Marana, localizada no estado do Arizona, tomou a decisão de rejeitar a construção de um novo data center na área. Esse movimento se alinha com um crescente entendimento sobre os desafios ambientais enfrentados pelo estado, particularmente no que se refere ao uso excessivo de recursos hídricos. A decisão foi amplamente apoiada por ativistas locais, preocupados com a já crítica situação hídrica da região. Marana não está sozinha nessa escolha; recentemente, Tucson também negou a permissão para um projeto semelhante.
As principais preocupações levantadas vão além da simplesmente negativa a um novo empreendimento. A construção de data centers, que exigem grandes quantidades de água e energia, tem sido objeto de debate acalorado em um estado que já lida com a escassez de ambos. No deserto, onde a água é um recurso limitado, a utilização de água por indústrias que prometem “crescimento econômico” é cada vez mais contestada. A sociedade está questionando as alegações de que tais projetos realmente beneficiam as comunidades locais.
Diversos comentários de membros da comunidade local apontam que, embora os data centers possam parecer atrativos por sua promessa de criação de empregos, na prática, eles tendem a exigir um número relativamente pequeno de funcionários. Os especialistas afirmam que, enquanto as promessas de empregos durante a construção são tentadoras, as centenas de empregos temporários raramente se traduzem em oportunidades de trabalho significativo após a conclusão da instalação. Um estudo da National Public Radio revela que a maioria dos data centers operacionais atualmente na região requer apenas uma equipe reduzida para manutenção, não refletindo o impacto econômico desejado.
Outro ponto discutido nas reações sobre a recusa em Marana é o papel do lobby em decisões de política pública. Nomes como o da senadora Kyrsten Sinema foram mencionados, especificamente em relação a tentativas de pressionar conselhos municipais em favor da instalação de data centers. Este subtema colocou em evidência a relação entre interesses corporativos e a necessidade de proteger os recursos naturais. Comentários ressaltaram a sensação de que as decisões estão sendo tomadas sem levar em conta a voz das comunidades locais. As pessoas enfatizam que um engajamento mais profundo e uma consulta aberta seriam essenciais no planejamento dessas iniciativas.
Além das questões de emprego e orçamento, a energia também se destaca como parte importante desse debate. Os data centers consomem enormes quantidades de eletricidade, colocando pressão adicional sobre a já estressada infraestrutura energética local. A baixa atividade sísmica no Arizona já faz da região um destino popular para indústrias desta natureza, mas a exigência de energia e água torna a situação insustentável. Uma alocação ideal dos recursos poderia incluir investimentos em energia solar, uma alternativa que tem atraído a atenção da comunidade. A ideia de usar o sol intenso do Arizona para energia renovável traria benefícios ambientais ao mesmo tempo que mitigaria as críticas aos impactos negativos dos data centers.
Um aspecto frequentemente esquecido é que, enquanto o Arizona pode parecer um local atraente para a construção de data centers devido à sua geografia favorável, as características climáticas e hídricas devem ser consideradas. O Arizona é conhecido por suas altas temperaturas e condições áridas, o que contrasta com outros locais nos Estados Unidos que possuem melhores condições para abrigar tais instalações, como os estados do norte, que oferecem acesso a água e climas mais temperados.
Os desafiadores problemas do abastecimento de água no estado não poderão ser resolvidos simplesmente ignorando as necessidades locacionais que os data centers impõem. Em vez disso, uma abordagem mais sustentável poderia exigir que estas empresas contribuíssem para a construção de infraestrutura que suporte seu consumo, investindo em soluções que minimizem os danos e promovam a saúde pública e ambiental.
Diante desse panorama, Marana lança um exemplo de resistência a investimentos que comprometem recursos essenciais, gerando uma discussão que pode inspirar outras comunidades a reavaliarem suas posições sobre propostas de data center. À medida que as cidades do Arizona fazem suas escolhas, fica claro que cada decisão afetará não apenas a economia imediata, mas também o futuro sustentável da região. As comunidades devem se unir em um diálogo, buscando formas que equilibrem as necessidades econômicas e ambientais antes que seja tarde demais.
Fontes: The Arizona Republic, National Public Radio, Environmental Protection Agency
Detalhes
Kyrsten Sinema é uma política americana e senadora pelo estado do Arizona, conhecida por sua abordagem moderada e bipartidária. Eleita em 2018, Sinema foi a primeira mulher a representar o Arizona no Senado. Antes de sua carreira no Senado, ela foi membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e serviu no Senado do Arizona. Sinema é frequentemente envolvida em questões de política pública que afetam seu estado, incluindo saúde, educação e infraestrutura.
Resumo
Na quarta-feira, 18 de outubro de 2023, a cidade de Marana, Arizona, decidiu rejeitar a construção de um novo data center, refletindo preocupações ambientais sobre o uso excessivo de recursos hídricos. A decisão foi apoiada por ativistas locais, especialmente em um estado que já enfrenta escassez de água e energia. A construção de data centers, que prometem crescimento econômico, é contestada, pois esses projetos tendem a gerar apenas um número limitado de empregos permanentes. Além disso, a pressão exercida por lobbies, como o da senadora Kyrsten Sinema, levanta questões sobre a influência de interesses corporativos nas decisões de política pública. A necessidade de energia e água para esses centros também é uma preocupação, com especialistas sugerindo que o estado deve investir em soluções sustentáveis, como energia solar. A resistência de Marana pode inspirar outras comunidades a reconsiderar suas posições sobre propostas semelhantes, enfatizando a importância de um diálogo que equilibre necessidades econômicas e ambientais.
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