23/10/2025, 08:54
Autor: Laura Mendes
A tendência de queda no número de canadenses viajando para os Estados Unidos é uma realidade cada vez mais visível e preocupante, com impactos não apenas nas economias locais, mas também nas percepções políticas e sociais entre os dois países vizinhos. Recentes relatos e dados indicam que o turismo transfronteiriço tem enfrentado desafios significativos, afetados por uma combinação de fatores, incluindo preços elevados, escândalos relacionados à segurança e um clima político adverso nos EUA, especialmente sob a administração do atual presidente.
Nos últimos anos, muitos canadenses têm optado por evitar viagens ao sul da fronteira, motivados pelo aumento nos custos de viagem e pela percepção de que o ambiente nos Estados Unidos se tornou hostil, especialmente em relação à imigração e à segurança. Comentários de viajantes destacam a frustração com processos de segurança nas fronteiras, como a maneira como a Agência de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA lida com aqueles que tentam cruzar. A ideia de ser detido ou mal tratado simplesmente por cruzar a fronteira está, segundo muitos relatos, gerando receios que fazem com que os canadianos reconsiderem suas viagens.
As cifras revelam que, em comparação com anos anteriores, a quantidade de viajantes canadenses que cruzam a fronteira para uma viagem de lazer está em um declínio acentuado. Muitos que costumavam visitar amigos e familiares ou aproveitar as compras nos EUA estão agora redirecionando suas férias para destinos menos problemáticos e mais econômicos, como o México, Caribe e até mesmo opções domésticas dentro do próprio Canadá. Essa mudança de comportamento em relação ao turismo impõe um impacto financeiro considerável nas indústrias que dependem do fluxo de visitantes canadenses, particularmente em estados que tradicionalmente atraíam turistas do norte, como Nevada e Flórida.
A crescente insatisfação com a administração do presidente Donald Trump, que vem gerando apreensão mesmo entre os que já costumavam viajar para os EUA, também é um aspecto central nessa mudança. Muitos comentários de canadenses expressam a visão de que o ambiente sociopolítico nos Estados Unidos se tornou insuportável. A retórica polarizadora e as políticas que ameaçam a soberania canadense têm levado a uma sensação geral de insegurança entre os viajantes. Vários cidadãos canadenses relatam que, por motivos de segurança e incerteza política, estão adiando ou cancelando suas viagens planejadas.
Além disso, a escalada da inflação e a crise econômica tornam as férias menos acessíveis. Este cenário não só reduz a propensão dos canadenses em atravessar a fronteira, mas também reflete uma insatisfação com a realidade financeira que a população está vivendo. A mudança no humor do consumidor, impulsionada por preocupações sobre segurança, custos e as políticas do governo americano, indica que essa decadência no turismo pode ser mais do que uma simples fase; pode sinalizar uma mudança na maneira como os canadenses percebem e interagem com os Estados Unidos no futuro.
Por outro lado, fontes oficiais e residentes no lado americano da fronteira alertam para a necessidade de uma análise cuidadosa dos dados, que indicam que o turismo comercial e de negócios permanece, ainda que o turismo recreativo tenha visto uma queda grave. As cadeias de suprimentos integradas entre os dois países significam que, enquanto o turismo de lazer diminui, as viagens relacionadas ao trabalho continuam. Porém, a consequência dessa queda no turismo canadense está se fazendo notar nos negócios que dependem das despesas dos turistas em produtos e serviços.
De acordo com algumas observações, o turismo parece estar em um ponto de inflexão, onde não apenas os limites físicos da fronteira estão em questionamento, mas também as relações pessoais e as percepções sobre o que significa viajar para os EUA hoje. Essa análise abrangente do turismo entre Canadá e Estados Unidos revela um panorama que vai além das cifras – são histórias de desapontamento, mudanças de hábito e uma nova realidade que se estende entre duas nações que, um dia, se conectaram tão intimamente.
À medida que o ambiente político e econômico evolui, será crucial acompanhar como essas dinâmicas continuarão a moldar as interações entre canadenses e americanos, e o que isso significa para o futuro da viagem e do turismo na América do Norte. Essa mudança pode não apenas redefinir as tradições de viagem, mas também influenciar a forma como os canadenses e americanos percebem um ao outro, em um mundo cada vez mais interconectado, mas repleto de incertezas.
Fontes: Globo, Folha de São Paulo, New York Times, BBC News
Detalhes
Donald Trump é um empresário e político americano que serviu como o 45º presidente dos Estados Unidos de janeiro de 2017 a janeiro de 2021. Conhecido por seu estilo controverso e retórica polarizadora, Trump implementou políticas que impactaram diversas áreas, incluindo imigração e comércio. Sua presidência foi marcada por divisões políticas e sociais, além de escândalos que geraram debates acalorados tanto nos EUA quanto internacionalmente.
Resumo
A queda no número de canadenses viajando para os Estados Unidos tem se tornado uma preocupação crescente, afetando tanto as economias locais quanto as relações entre os dois países. Fatores como o aumento dos custos de viagem, escândalos de segurança e um clima político adverso sob a administração do presidente Donald Trump têm levado muitos canadenses a reconsiderar suas viagens. A frustração com os processos de segurança nas fronteiras e a percepção de um ambiente hostil em relação à imigração contribuem para essa mudança de comportamento. Em vez de viajar para os EUA, muitos optam por destinos mais acessíveis e menos problemáticos, como o México e o Caribe. Além disso, a insatisfação com a administração Trump e a crise econômica estão fazendo com que os canadenses adiem ou cancelem suas viagens. Embora o turismo de negócios ainda se mantenha, a queda no turismo recreativo está impactando negativamente as indústrias que dependem do fluxo de turistas canadenses. Essa mudança pode sinalizar uma nova realidade nas relações entre Canadá e Estados Unidos, refletindo desapontamento e incertezas.
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