23/10/2025, 11:58
Autor: Laura Mendes
No último dia 20 de outubro de 2023, a Ponte Estaiada em São Paulo foi palco de uma manifestação organizada por donos de autoescolas. O protesto acontece em resposta a uma proposta legislativa que visa tornar opcional o curso em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os manifestantes, alegando que a medida pode acarretar um aumento nos acidentes de trânsito e na insegurança nas ruas, estacionaram veículos em locais proibidos, provocando a ira de motoristas e pedestres que atravessavam a icônica ponte.
A proposta, que está atualmente em fase de discussão pública, levantou um intenso debate sobre a qualidade e eficácia na formação de novos motoristas no Brasil. Os proprietários de autoescolas, presentes ao protesto, destacaram que o treinamento oferecido é fundamental para a segurança tanto de novos motoristas quanto de outras pessoas nas vias. Um dos participantes chegou a afirmar: "Estamos aqui para defender as famílias brasileiras, o trânsito vai ficar muito perigoso se a gente não treinar os motoristas."
A reação do público foi mista. Enquanto alguns demonstraram apoio à causa, muitos apresentaram críticas sobre a relevância do protesto. “Legal agora é só recolher uns 60.000,00 em multa depois de multar todos os carros estacionados em local proibido. Achei que autoescola ensinasse essas coisas”, comentou um internauta, refletindo a desconfiança de parte da população em relação à proposta de mudança e à metodologia das autoescolas.
Desde sua criação, as autoescolas têm sido frequentemente apontadas por diversos usuários de veículos como parte de uma estrutura que, muitas vezes, aparenta funcionar como um cartel. comentário de um manifestante que se disse insatisfeito com a experiência na autoescola apontou que muitos instrutores demonstram comportamentos inadequados, como o uso de álcool. Mesmo com a experiência negativa de alguns, outros manifestantes se posicionaram a favor da manutenção das autoescolas, argumentando que não tiveram escolha e que o aprendizado básico se deu por meio delas.
Além disso, a proposta de tornar o curso em autoescola opcional também despertou a discussão sobre o elevado custo do processo de obtenção da CNH. Muitas pessoas têm relatado a dificuldade de acesso à habilitação, um relato que ecoa em várias esferas da sociedade. Há quem contabilize gastos que ultrapassam R$ 1.000,00 entre aulas, taxas e a tentação de realizar exames repetidos empostos que são taxas exorbitantes para alguns. Um manifestante compartilhou sua experiência, relatando a reprovação em um exame prático e a indignação por ter de pagar R$ 400,00 para fazer o teste novamente, enquanto o custo da remarcação era inferior.
Contudo, durante a manifestação, há também um apelo legítimo para que se busque um meio termo, que consista em oferecer uma educação viária mais acessível, sem a insistência em manter uma estrutura que já não atende a todos de maneira justa e igualitária. Dessa forma, ganhou força entre os participantes do protesto o clamor por legislações que equilibrem o acesso à facilidade da habilitação e à segurança nas estradas. Muitos ressaltaram que a discussão sobre a formação de motoristas deveria levar em conta não só o acesso ao documento, mas também a responsabilidade ao volante.
Esse tipo de manifestação não é incomum, já que frequentemente a opinião pública se manifesta sobre a necessidade de uma reforma no trânsito brasileiro. A sugestão de liberação do curso em autoescola remete a questões mais amplas sobre a condução segura e adequada e se as autoescolas são essencialmente o que os motoristas precisam ou se, na verdade, seria ideal buscar formas inovadoras de educação no trânsito. É uma questão que aflige motoristas e pedestres a cada dia nas ruas do Brasil.
As autoescolas, por sua vez, têm um papel curioso a desempenhar nessa história. O aspecto de lobby por parte das autoescolas, como muitos afirmaram no protesto, levanta uma questão genuína sobre os interesses visados. Se por um lado a mudança pode aliviar a carga financeira de muitos, por outro coloca em questão a habilidade e a responsabilidade de conduzir veículos, levantando preocupações sobre a melhora da segurança no trânsito.
Em suma, a manifestação na Ponte Estaiada reflete um clash intergeracional e de interesses, ressaltando a necessidade de reformulações que garantam não apenas a eficiência da formação de motoristas, mas também a segurança de todos em trânsito. É um tema que continua a reverberar por várias partes do país, com a expectativa de que as próximas discussões legislativas levem em consideração a voz de todos os envolvidos e busquem, de fato, melhorar o cenário do trânsito no Brasil.
Fontes: Jornal O Globo, Folha de São Paulo, G1
Detalhes
As autoescolas são instituições responsáveis pela formação de motoristas, oferecendo aulas teóricas e práticas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil. Apesar de desempenharem um papel crucial na educação viária, frequentemente enfrentam críticas sobre a qualidade do ensino e a estrutura de custos, sendo acusadas de funcionarem como um cartel em algumas regiões. A discussão sobre a relevância e a eficácia das autoescolas é um tema recorrente, especialmente em relação a propostas que visam reformular o processo de habilitação.
Resumo
No dia 20 de outubro de 2023, a Ponte Estaiada em São Paulo foi o cenário de uma manifestação organizada por proprietários de autoescolas, que protestaram contra uma proposta legislativa que tornaria opcional o curso em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os manifestantes argumentaram que essa mudança poderia aumentar os acidentes de trânsito e a insegurança nas ruas, estacionando veículos em locais proibidos, o que gerou reações mistas do público. Enquanto alguns apoiaram a causa, outros criticaram a relevância do protesto e a atuação das autoescolas. A proposta também suscitou discussões sobre o alto custo do processo de habilitação, que pode ultrapassar R$ 1.000,00. Os participantes pediram um equilíbrio entre a acessibilidade à habilitação e a segurança no trânsito, destacando a necessidade de reformulações que garantam a eficiência na formação de motoristas e a proteção de todos nas vias. A manifestação refletiu um debate mais amplo sobre a educação no trânsito no Brasil.
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