21/09/2025, 14:28
Autor: Ricardo Vasconcelos
No último dia {hoje}, as Filipinas testemunharam uma onda de protestos em massa, resultante de um escândalo de corrupção envolvendo o desvio de mais de 545 bilhões de pesos (aproximadamente US$ 9,5 bilhões) destinados a projetos de controle de enchentes. Esse escândalo não só expôs a vulnerabilidade das infraestruturas do país, que se tornaram ineficazes frente a enchentes mortais, mas também gerou uma indignação coletiva, amplificada por comentários ofensivos e desdenhosos feitos por familiares de empreiteiros envolvidos, que se referiram ao povo comum de forma pejorativa, provocando ainda mais raiva nas redes sociais e nas ruas.
O impacto do desvio de recursos e a ineficácia das obras de infraestrutura não podem ser subestimados, especialmente em um país que frequentemente enfrenta desastres naturais. As enchentes de 2025, que devastaram várias áreas, tornaram-se o catalisador para a revolta popular. Comentários de cidadãos indicam que essa indignação não é uma novidade; muitos percebem que a corrupção é um problema crônico nas Filipinas, com um histórico que remonta a várias administrações, incluindo a do ex-presidente Ferdinand Marcos, cujo filho, Ferdinand "Bongbong" Marcos Jr., agora ocupa a presidência.
Os relatos apontam que a questão da corrupção sob o governo Marcos Jr. é complexa, uma vez que ele próprio foi apontado como responsável por expor a corrupção associada aos recursos públicos, presumivelmente para desviar a atenção das gestões anteriores da família Duterte. Tal manobra política sugere uma batalha pelo poder entre facções políticas rivalizando pelas percepções públicas. Além disso, o contexto em que essa corrupção acontece é alarmante: a crescente insatisfação popular com o status quo, exacerbada por crises financeiras, gera um ambiente propício para a agitação civil.
A repercussão dos protestos não foi de violência generalizada. Embora tenham ocorrido momentos isolados de conflitos, muitos cidadãos relataram um clima pacífico, com algumas atividades cotidianas, como eventos esportivos e funcionamento normal do comércio, continuando ao longo dos protestos. Isso pode ser um reflexo das táticas organizadas por grupos de protesto que, embora passionate, buscavam uma manifestação pacífica, distinta da anarquia que muitos temem que possa ocorrer.
Por outro lado, as opiniões entre os cidadãos são bastante polarizadas. Enquanto uns clamam por mudanças e responsabilidade imediata dos governantes, outros se mostram céticos quanto à eficácia do movimento, apontando a possibilidade de que as forças políticas em jogo possam manipular os protestos em benefício próprio. Há temores de que as mudanças buscadas não levem a um real progresso, mas a um retorno à antiga ordem, com novos rostos no poder mantendo as mesmas práticas corruptas de sempre. Um ponto que tem sido ressaltado nas conversas entre cidadãos é a influência crescente da Vice-presidente, filha do ex-presidente Duterte, que poderia se beneficiar politicamente a partir de uma eventual desestabilização da atual gestão.
Historicamente, as Filipinas têm sido um campo de batalha para questões de corrupção e poder, e a atual situação não é diferente. A longa sombra do legado de Ferdinand Marcos, que ainda é muitas vezes percebido como o homem mais corrupto que já governou o país, persiste nas mentes do povo. Seu filho ocupa agora o cargo mais alto da nação e muitos cidadãos expressam desconfiança em relação à capacidade de Marcos Jr. para se distanciar da corrupção que se tornou parte da identidade política do país.
Embora o futuro imediato permaneça incerto, o clamor por responsabilidade e reforma ecoa nas ruas das cidades das Filipinas. Os protestos anticorrupção não são apenas uma resposta a eventos recentes, mas representam uma busca por um sistema governamental mais justo, que atenda às necessidades da população e não às ambições egoístas de elites corruptas. À medida que as manifestações continuam, a vigilância dos cidadãos desempenhará um papel crucial na orientação do futuro político do país, um caminho tortuoso que muitos esperam que leve a uma sociedade mais equitativa e transparente.
Fontes: Folha de São Paulo, BBC News, Al Jazeera
Detalhes
Ferdinand "Bongbong" Marcos Jr. é o atual presidente das Filipinas, filho do ex-presidente Ferdinand Marcos, cujo governo é frequentemente associado à corrupção e abuso de poder. Ele assumiu a presidência em 2022, após uma campanha que prometeu unir o país e restaurar a confiança nas instituições. No entanto, seu governo enfrenta críticas por questões de corrupção e sua capacidade de se distanciar do legado problemático de seu pai.
Resumo
No último dia, as Filipinas enfrentaram uma onda de protestos em massa devido a um escândalo de corrupção que envolveu o desvio de mais de 545 bilhões de pesos (cerca de US$ 9,5 bilhões) destinados a projetos de controle de enchentes. O desvio expôs a fragilidade das infraestruturas do país, que falharam em proteger a população de enchentes devastadoras. A indignação popular foi exacerbada por comentários desdenhosos de familiares de empreiteiros envolvidos, gerando uma revolta nas redes sociais. A corrupção, um problema crônico nas Filipinas, remonta a várias administrações, incluindo a do ex-presidente Ferdinand Marcos, pai do atual presidente Ferdinand "Bongbong" Marcos Jr. O clima dos protestos foi majoritariamente pacífico, apesar de alguns conflitos isolados, refletindo a organização dos grupos de protesto. No entanto, as opiniões entre os cidadãos são polarizadas, com alguns clamando por mudanças imediatas e outros céticos quanto à eficácia do movimento. A influência da Vice-presidente, filha do ex-presidente Duterte, também é uma preocupação, com temores de que a desestabilização atual possa beneficiá-la politicamente. O futuro político das Filipinas permanece incerto, mas a busca por responsabilidade e reforma continua a ecoar nas ruas.
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