18/12/2025, 11:21
Autor: Ricardo Vasconcelos

No atual clima econômico, um acalorado debate está emergindo entre especialistas e investidores sobre a viabilidade e as tendências do mercado de ações, com foco particular no impacto da inteligência artificial (IA) nas diferentes indústrias. Um levantamento recente de dados tem mostrado que, apesar dos temores predominantes de uma possível "bolha de IA", as análises também revelam informações alentadoras, especialmente relacionadas ao crescimento do lucro por ação (EPS) e à resiliência do mercado em períodos históricos.
Um dos principais pontos levantados por analistas é que a atual preocupação com a inteligência artificial pode ser fruto de uma paranoia excessiva. A narrativa de que a IA está à beira de provocar uma bolha financeira semelhante à explosão da bolha das empresas de tecnologia no início dos anos 2000 tem se disseminado entre investidores mais cautelosos. No entanto, especialistas sugerem que essa visão pode ser excessivamente pessimista, considerando que a IA representa uma tecnologia em desenvolvimento que requer tempo e infraestrutura robusta para plena monetização.
Ao escanear as estatísticas do desempenho do S&P 500, evidências mostram que apenas quatro anos desde 1938 apresentaram um retorno total negativo de 18% ou mais: 1974, 2002, 2008 e 2022. Isso representa apenas 4,6% dos 87 anos de dados disponíveis, o que poderia sugerir que, mesmo em tempos de incerteza, as quedas não são tão frequentes quanto se poderia esperar. Além disso, ao considerar que o PEG ratio atual do S&P 500 é de 1,2, próximo à média histórica, a situação pode não ser tão crítica quanto alguns analistas temem.
Por sua vez, os sentimentos negativos entre os investidores não são unânimes. Existem muitas vozes que argumentam que a economia americana ainda conserva uma base sólida. A saúde das corporações se manteve robusta e, mesmo com a inflação e as taxas de juros em elevação, o crescimento dos lucros ajustados para ganhos de ações, apresentado no EPS do S&P, está, excluindo os períodos pandêmicos, em níveis mais altos vistos nos últimos 15 anos.
No entanto, a incerteza continua pairando, especialmente com as diversas vozes de investidores que sentem os impactos das flutuações do mercado. Comentários apontam que a alta do preço das ações, juntamente com o aumento no índice de preço/lucro (P/E), especialmente em um contexto de crescimento econômico lento, pode ser um sinal de alerta. A questão sobre a necessidade de diversificação de ativos, como colecionáveis e investimentos alternativos, volta a ganhar destaque entre investidores que, após uma série de ganhos significativos, começam a refletir sobre suas estratégias de investimento.
Ademais, o desempenho das ações de alta beta, que geralmente refletem empresas com alto potencial de crescimento em relação ao risco, têm gerado apreensão. O fato de que ações de tecnologia, tradicionalmente consideradas seguras, experimentaram quedas significativas a partir das expectativas não atendidas com a capacidade de lucro de novas tecnologias, também levanta questões sobre a envergadura de confiança nos rumos futuros desse mercado.
Por outro lado, a expectativa por lucros da IA que muitos preveem está longe de estar morta. A monetização da inteligência artificial é uma questão intrínseca à inovação contínua, e muitos analistas concordam que o setor está apenas começando a explorar suas capacidades. Este cenário levanta perguntas cruciais: como os desenvolvedores e os executivos do setor responderão às demandas do mercado e conseguirão manter o ritmo de inovação? No entanto, alguns peritos observam que a pressão para monetizar significativas inovações pode estar diminuindo.
Por fim, essa tensão entre a espera de retorno e a pressão por resultados tangíveis, somada à percepção de que a velhice da economia não garante um êxito automático, faz com que os investidores permaneçam vigilantes. As discussões e as especulações sobre a capacidade de crescimento da IA e seu impacto nos mercados não mostrarão sinais de abrandamento tão cedo, e a figura da bolha financeira ainda estará presente nas conversações dos analistas e investidores nos dias que seguem. A economia está em constante transformação e continuará a ser um jogo de xadrez estratégico em que cada movimento pode influenciar tanto os parâmetros econômicos gerais quanto as decisões de investimento individuais.
Fontes: Folha de São Paulo, Valor Econômico, Reuters, Bloomberg, Infomoney
Resumo
No atual clima econômico, um intenso debate se desenvolve entre especialistas e investidores sobre a viabilidade do mercado de ações, com foco na inteligência artificial (IA). Apesar das preocupações sobre uma possível "bolha de IA", dados recentes indicam um crescimento no lucro por ação (EPS) e resiliência do mercado. Analistas argumentam que a ansiedade em torno da IA pode ser excessiva, comparando-a a temores passados de bolhas financeiras. Embora a saúde corporativa permaneça sólida, a incerteza persiste, especialmente com flutuações de mercado e a necessidade de diversificação de ativos. O desempenho de ações de alta beta e tecnologia levanta preocupações sobre a confiança futura no mercado. Contudo, a expectativa de lucros da IA não está morta, com muitos acreditando que o setor está apenas começando a explorar suas capacidades. A tensão entre a expectativa de retorno e a pressão por resultados tangíveis faz com que investidores permaneçam cautelosos, enquanto discussões sobre o impacto da IA nos mercados continuam a evoluir.
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