30/12/2025, 19:30
Autor: Ricardo Vasconcelos

Nos últimos meses, tem havido um aumento significativo no número de trabalhadores estrangeiros da área de tecnologia que estão optando por evitar viagens aos Estados Unidos, principalmente devido às crescentes barreiras de imigração e políticas de vistos que tornam a entrada no país cada vez mais difícil. Este fenômeno, que já afeta grandes eventos do setor, como conferências de tecnologia, levanta a questão sobre como tais restrições podem impactar a indústria, bem como a imagem dos Estados Unidos como um destino para talentos globais.
Um comentarista, que se identifica como parte da comunidade de tecnologia na EMEA e APJ, relatou sua decisão de não viajar para uma conferência de tecnologia na Califórnia que normalmente atrai centenas de profissionais da área. "Este ano, muitos de nós simplesmente não estamos indo, quanto mais estender viagens e gastar tempo e dinheiro nos EUA", declarou. O sentimento é compartilhado por muitos dos seus colegas, que apontam para os altos custos e a incerteza associada aos vistos como razões determinantes para essa mudança de comportamento. Esses trabalhadores, que muitas vezes ocupam posições altamente qualificadas e bem remuneradas, estão simplesmente optando por não correr o risco de serem barrados ao tentar entrar nos Estados Unidos.
A situação parece ser ainda mais complicada do que somente as questões relacionadas a tecnologia, já que um candidato a uma vaga de finanças em Toronto mencionou que muitos dos candidatos não brancos se sentem desconfortáveis em viajar para os EUA a trabalho. O sentimento de insegurança está mais presente do que nunca, levando a grandes dúvidas sobre as intenções e atitudes do governo em relação a diferentes nacionalidades e etnias.
Um incidente notório ocorreu recentemente, quando um palestrante chave foi forçado a cancelar sua participação em uma conferência devido a um visto negado, o que demonstra as dificuldades que não são apenas normais, mas também impactantes para eventos que dependem da presença de figuras importantes do setor. "Quem quer voar por mais de 8 horas para uma conferência, apenas para ser negado na última hora e forçado a voltar?", lamentou um comentarista que ressaltou a frustração généralizada.
A situação é exacerbada por novas exigências que obrigam os candidatos a apresentarem cinco anos de seu histórico em redes sociais, um fator que apavora muitos que já se mostram cautelosos em relação a críticas públicas ou à expressão de opiniões não alinhadas com o governo. Essa nova barreira à entrada, somada à preocupação com a possibilidade de ser barrado uma vez e perder o acesso a isenções de visto em futuras tentativas, desencoraja muitos de embarcar em viagens para os Estados Unidos, mesmo aquelas programadas com meses de antecedência. “Esperar passar e manter um histórico limpo para quando a sanidade voltar", enfatizou um comentarista.
Além disso, várias empresas com presença internacional também estão adotando medidas drásticas, como a suspensão de viagens não essenciais para os EUA. O ambiente atual é descrito como um "cobertor que suffoca" por aqueles que têm que gerir equipes distribuídas globalmente. Essa situação levanta uma série de questões sobre como as políticas de imigração estão influenciando a movimentação de talentos e a colaboração internacional na indústria de tecnologia.
A segurança, que deveria garantir a proteção dos cidadãos e visitantes, parece estar levando a um isolamento que repelia a inovação e o intercâmbio cultural. Um comentarista expressou preocupação com o futuro das relações entre empresas norte-americanas e seus parceiros internacionais, dado que muitos podem simplesmente desistir de fazer negócios no país.
"A ICE está desaparecendo turistas normais e inocentes em seus buracos negros de centros de detenção diariamente, então por que alguém correr esse risco?" questionou outro usuário, evidenciando a transformação do país em um lugar de temor e incerteza por parte dos trabalhadores estrangeiros, que historicamente têm desempenhado papéis fundamentais na economia de tecnologia da nação.
O temor generalizado sobre a segurança e o respeito à privacidade em relação a passagens de imigração se reflete na hesitação dos trabalhadores qualificados em escolher os Estados Unidos como seu destino para investimento e carreira. Com as incertezas econômicas globais e a crescente concorrência de outros países que também estão buscando atrair talentos estrangeiros, as políticas de imigração dos EUA podem acabar afastando segmentos inteiros de potenciais profissionais e dificultando ainda mais a recuperação econômica a longo prazo. Em um mundo cada vez mais conectado, o que acontece nas fronteiras dos Estados Unidos pode muito bem determinar seu status como um dos principais destinos para profissionais globais - e suas políticas atuais trazem preocupação quanto ao futuro.
Fontes: The Washington Post, The Guardian, TechCrunch, New York Times
Resumo
Nos últimos meses, muitos trabalhadores estrangeiros da área de tecnologia têm evitado viajar para os Estados Unidos, em resposta a crescentes barreiras de imigração e políticas de vistos mais rigorosas. Esse fenômeno impacta eventos do setor, como conferências, e levanta preocupações sobre a imagem dos EUA como um destino atrativo para talentos globais. Um comentarista relatou que muitos profissionais estão optando por não participar de conferências na Califórnia devido aos altos custos e à incerteza em relação aos vistos. Além disso, a insegurança é ampliada por questões raciais, com candidatos a empregos expressando desconforto em viajar para os EUA. Recentemente, um palestrante teve que cancelar sua participação em uma conferência devido a um visto negado, exemplificando as dificuldades enfrentadas. Novas exigências, como a apresentação de cinco anos de histórico em redes sociais, também desencorajam viagens. Empresas internacionais estão suspendendo viagens não essenciais para os EUA, levantando questões sobre como as políticas de imigração afetam a colaboração na indústria de tecnologia. O ambiente atual pode afastar talentos e dificultar a recuperação econômica dos EUA.
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