Polícia Federal demite agentes por atuar como coaches de concursos

A demissão de dois agentes da Polícia Federal levanta questões sobre a privatização da educação e as regras da dedicação exclusiva no serviço público.

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30/12/2025, 21:08

Autor: Laura Mendes

Uma imagem de um agente de polícia em uniforme, olhando para um laptop em uma sala de aula, enquanto um grupo diversificado de alunos observa atentamente. No fundo, há uma tela de projeção com gráficos de desempenho e uma citação inspiradora sobre a educação. A atmosfera é de seriedade e inspiração, refletindo a natureza educacional do conteúdo abordado pelos agentes.

A recente demissão de dois agentes da Polícia Federal, Bruno Horne e Pedro Cook, que foram encontrados infringindo as normas de dedicação exclusiva de seus cargos, trouxe à tona um debate importante sobre a profissionalização e o papel das redes sociais no mundo dos concursos públicos. Os agentes, cuja demissão foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 11 de dezembro, estavam atuando como coaches, oferecendo cursos e mentorias para candidatos a concursos públicos, o que, segundo a Polícia Federal, viola as diretrizes que determinam que esses servidores públicos podem exercer apenas atividades relacionadas ao magistério.

De acordo com as normas, a dedicação exclusiva do cargo impede que os servidores públicos se envolvam em atividades empresariais, limitando seus papéis a funções diretamente relacionadas à sua formação e ao serviço que prestam. A interpretação dessa regra, contudo, tem gerado polêmicas e incertezas, especialmente em um contexto onde a educação online e as plataformas digitais se tornaram parte integral da formação profissional e preparação para concursos.

Uma análise mais profunda revela questões mais abrangentes sobre a atuação dos servidores e a necessidade de atualização das legislações, que não levam em consideração o fenômeno das redes sociais e a crescente demanda por cursos preparatórios. Com a precarização das aposentadorias no serviço público, muitos profissionais veem nas plataformas de ensino uma alternativa viável e lucrativa, levando-os a reconsiderar suas obrigações com os cargos públicos que ocupam. A possibilidade de equilibrar serviços públicos e iniciativas privadas, como cursos online, levanta reflexões sobre a viabilidade de um novo modelo de educação que não apenas se adapte à era digital, mas que também promova o desenvolvimento profissional de maneira ética e sem conflitos de interesse.

É crucial destacar que, no caso dos agentes demitidos, suas atividades como coaches não eram apenas uma tentativa de lucros; elas também refletiam uma mudança de paradigma na forma como os concursos públicos são preparados. A relação entre ensino e prática profissional está se tornando cada vez mais interligada, e a demissão de Horne e Cook pode ser vista como um reflexo da postura conservadora de estruturas arraigadas que não se adaptaram às novas realidades.

Além disso, a situação se torna mais complexa quando se considera a história de outros profissionais que enfrentaram circunstâncias semelhantes. Casos de servidores públicos, incluindo auditores fiscais e delegados, têm ressaltado a necessidade de uma reavaliação das regras que governam a atividade de magistério em contexto de ensino preparatório. A jurisprudência já se manifestou a favor da liberdade de expressão dos servidores, permitindo que compartilhem suas experiências em mídias como livros, entrevistas e podcasts. Porém, a linha da legalidade é tênue, e a situação dos agentes demitidos levanta questões sobre onde termina a liberdade de expressão e onde começam as violações das obrigações profissionais.

Além da liberdade de expressão, há também um debate sobre a concorrência desleal que a atuação de agentes na educação online pode representar. Enquanto ex-policiais e outros servidores públicos tem encontrado uma forma de rentabilizar suas experiências, questiona-se se a atividade de coaching deve ser regulamentada de maneira a evitar que servidores públicos em exercício usem seu prestígio e influência para criar empresas de ensino que possam competir com instituições educacionais emergentes e bem estabelecidas.

Outro ponto a ser considerado é a urgência de atualizar as normas que regem a atuação dos servidores públicos em um mundo cada vez mais digitalizado e globalizado. Assim como muitos setores da sociedade foram impactados por transformações tecnológicas, a educação também exige adaptação. A regulamentação mais clara sobre atividades paralelas e as obrigações do servidor podem evitar casos de demissões controversas e garantir que os cidadãos recebam um serviço público que não seja apenas competente, mas também moderno e relevante.

Embora a demissão de Bruno Horne e Pedro Cook tenha gerado um debate sobre a ética no serviço público e a necessidade de proteção e regulamentação de atividades de magistério, ela também serve como um aviso para outros servidores: a linha entre o público e o privado deve ser cuidadosamente navegada, especialmente em um cenário onde as oportunidades de ensino estão em constante evolução. O que se espera agora é uma reflexão coletiva sobre a necessidade de criar um ambiente que permita o crescimento profissional sem sacrificar as responsabilidades éticas dos agentes públicos, garantindo assim que a educação, independentemente de sua forma, permaneça um pilar sólido para a construção de um futuro melhor.

Fontes: Correio Braziliense, G1, O Globo, JusBrasil

Detalhes

Bruno Horne

Bruno Horne é um agente da Polícia Federal do Brasil que foi demitido por infringir normas de dedicação exclusiva ao atuar como coach e oferecer cursos preparatórios para concursos públicos. Sua demissão gerou discussões sobre a ética no serviço público e a necessidade de regulamentação das atividades paralelas de servidores.

Pedro Cook

Pedro Cook é um agente da Polícia Federal que, assim como seu colega Bruno Horne, foi demitido por violar as normas de dedicação exclusiva ao se envolver em atividades de coaching para concursos públicos. Sua situação levanta questões sobre a relação entre o serviço público e as novas formas de educação online.

Resumo

A demissão de dois agentes da Polícia Federal, Bruno Horne e Pedro Cook, por violarem normas de dedicação exclusiva, gerou um debate sobre a profissionalização e o impacto das redes sociais nos concursos públicos. Os agentes, que atuavam como coaches oferecendo cursos preparatórios, foram considerados em desacordo com as diretrizes que limitam suas atividades a funções relacionadas ao magistério. A situação levanta questões sobre a necessidade de modernização das legislações, considerando a crescente demanda por educação online. Além disso, a demissão reflete uma resistência das estruturas tradicionais em se adaptar às novas realidades do ensino, onde a interligação entre prática profissional e educação é cada vez mais evidente. O caso também destaca a urgência de regulamentar a atuação de servidores públicos em um contexto digital, evitando conflitos de interesse e garantindo um serviço público competente e relevante. A reflexão sobre o equilíbrio entre atividades públicas e privadas é crucial para o desenvolvimento ético e profissional no setor.

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