30/12/2025, 23:22
Autor: Laura Mendes

Em um fenômeno alarmante que teve início em outubro de 2023, a Meta, gigante das redes sociais, lançou uma operação massiva de censura que afetou profundamente a maneira como usuários se expressam sobre o conflito entre Israel e Palestina. Um relatório da Drop Site News, divulgado em abril de 2025, descreveu essa estratégia como "a maior operação de censura em massa da história moderna", uma alegação que destaca a crescente preocupação sobre a liberdade de expressão nas plataformas de mídia social.
A campanha de censura da Meta envolveu a remoção de aproximadamente 38,8 milhões de postagens sob acusações de "terrorismo" e "violência e incitamento", um processo que, segundo os denunciantes, seguiu uma rotina automatizada sem o devido escrutínio. Em 94% dos casos, a Meta teria atendido aos pedidos de remoção provenientes de Israel, o que levanta questões sérias sobre ses comportamentos tendenciosos na gestão de conteúdo. Este padrão não apenas impactou usuários que criticam o governo israelense, mas se revelou um fator desproporcionalmente prejudicial para usuários de países árabes e de maioria muçulmana.
A censura tem gerado um clima de medo e relutância entre usuários que anteriormente se sentiam à vontade para discutir questões delicadas. Cada vez mais, as histórias pessoais de usuários que levantaram críticas ou que simplesmente desejaram compartilhar informações sobre a situação no Oriente Médio estão se tornando menos visíveis devido ao controle rigoroso da plataforma. Comentários de usuários expressam essa frustração, onde muitos relatam ter visto uma queda significativa nas interações com suas postagens quando abordam temas relacionados à Palestina ou Israel. Para muitos, a perda de alcance na comunicação digital representa uma forma de silenciamento social.
O impacto disso é exacerbado pelo uso crescente de ferramentas de inteligência artificial para moderação. Estas tecnologias estão sendo alimentadas com dados de censura, correndo o risco de perpetuar a exclusão de vozes críticas em futuros processos de moderação. O Project Censored e o Conselho de Relações América-Islâmicas levantaram preocupações sobre como essa abordagem poderia não apenas prejudicar a liberdade de expressão, mas também como os procedimentos de moderação em redes sociais podem ser manipulados para se alinhar com narrativas geopolíticas específicas.
Além disso, em um clima onde relatórios sobre desastres naturais e crises humanitárias estão cada vez mais em segundo plano, vem à tona a questão da responsabilidade das plataformas de mídia social em cobrir e promover conteúdos que refletem a verdade dos eventos. Um exemplo notável foi a notável falta de cobertura sobre um tufão devastador que ocorreu no Alasca em outubro, que deslocou milhares e cujos impactos foram noticiados com mínima atenção. Isso levanta um debate pertinente: até que ponto as redes sociais e os meios de comunicação tradicionais estão dispostos a ir para manter um status quo que favorece interesses econômicos ou políticas de controle social?
As reações à censura não se limitaram a manifestações de frustração online. Alguns usuários expressaram a decisão de abandonar plataformas como o Facebook e o Instagram, afirmando que a experiência de estar "livre" de censura melhorou suas vidas significativamente. A percepção de que redes sociais estão mais interessadas em seguir algoritmos do que em promover um diálogo significativo levou muitos a questionar a lógica por detrás do uso dessas plataformas e sua relevância na comunicação moderna.
Os relatos são variados, desde usuários que, frustrados com a natureza controladora das plataformas, decidiram sair dessas redes sociais, até aqueles que observam a crescente desigualdade de vozes que conseguem ser ouvidas. Esta tendência de silenciamento se estende além da figura do governo israelense, sugerindo uma manipulação mais ampla do discurso que é aceitável nas mídias sociais.
Com a Meta enfrentando cada vez mais críticas sobre como gerencia e modera conteúdo, espera-se que os grupos de direitos humanos continuem a pressionar por maior transparência e responsabilidade. Enquanto isso, a sociedade observa ansiosamente como o debate sobre liberdade de expressão no ambiente digital evoluirá diante da crescente militarização da informação e o controle social que redes como a Meta exercem. Com uma luta em andamento por vozes e verdades, a questão permanece: que tipo de sociedade estamos dispostos a construir em um espaço onde a informação se tornou a nova moeda?
Fontes: Drop Site News, Project Censored, Comitê para Proteger Jornalistas
Detalhes
A Meta Platforms, Inc., anteriormente conhecida como Facebook, Inc., é uma empresa americana de tecnologia que opera redes sociais e produtos de comunicação digital. Fundada por Mark Zuckerberg e outros em 2004, a Meta é conhecida por suas plataformas como Facebook, Instagram e WhatsApp. A empresa tem enfrentado críticas e controvérsias relacionadas à privacidade, disseminação de desinformação e moderação de conteúdo. Em anos recentes, a Meta tem se concentrado em desenvolver o "metaverso", um ambiente virtual interativo.
Resumo
Em outubro de 2023, a Meta iniciou uma operação massiva de censura que impactou a expressão dos usuários sobre o conflito entre Israel e Palestina. Um relatório da Drop Site News, publicado em abril de 2025, classificou essa ação como "a maior operação de censura em massa da história moderna", levantando preocupações sobre a liberdade de expressão nas redes sociais. A Meta removeu cerca de 38,8 milhões de postagens, atendendo em 94% dos casos a pedidos de remoção de Israel, o que sugere um viés na moderação de conteúdo. Essa censura gerou um clima de medo entre os usuários, especialmente aqueles de países árabes, e resultou em uma queda nas interações relacionadas ao tema. Além disso, a utilização crescente de inteligência artificial na moderação pode perpetuar a exclusão de vozes críticas. A falta de cobertura de desastres, como um tufão no Alasca, também levanta questões sobre a responsabilidade das plataformas. Muitos usuários estão abandonando redes sociais em busca de maior liberdade de expressão, enquanto a Meta enfrenta críticas crescentes por sua gestão de conteúdo.
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