Piqué e Shakira levantam debate sobre diferenças de idade em relacionamentos

O casal Piqué e Shakira reacendeu discussões sobre relações com diferenças de idade significativas, refletindo sobre expectativas sociais e preconceitos.

18/10/2025, 12:35

Autor: Laura Mendes

Nos últimos dias, o término do jogador Gerard Piqué com a cantora Shakira tem sido um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, trazendo à tona uma série de reflexões sobre relacionamentos com diferenças de idade. Os questionamentos sobre o que é considerado socialmente aceitável em termos de compatibilidade etária entre casais têm gerado debates acalorados, revelando uma dicotomia que persiste nas conversas contemporâneas sobre amor, poder e dinâmicas de relacionamentos.

Muitas pessoas começaram a se perguntar: qual é a idade “apropriada” para namorar? Embora a diferença de dez anos entre Piqué, que tinha 23 anos ao iniciar o relacionamento com Shakira, que na época tinha 33, tenha sido temida e criticada, a atual namorada do jogador, Clara Chía Marti, que tem 23 anos e é dez anos mais jovem que Piqué, não gerou a mesma apreensão. Isso sugere que as normas sociais acerca das diferenças de idade são frequentemente afetadas por fatores como imagem, reputação pública e contexto de gênero.

Um dos pontos levantados é que tais opiniões muitas vezes refletem uma infantilização das mulheres mais jovens e uma vilanização dos homens mais velhos. Comentários em redes sociais deixam claro que muitas pessoas veem a diferença de idade como um indicador do caráter dos homens que optam por relacionar-se com parceiras consideravelmente mais jovens. Para muitos, essa comunicação implícita sugere que esses homens estão em busca de poder e controle, enquanto tratam suas parceiras como se fossem imaturas ou incapazes de fazer decisões autônomas.

Uma observação frequente é que, ao contrário de como se percebem essas diferenças de idade entre casais heterossexuais, a mesma dinâmica é frequentemente ignorada ou minimizada quando se trata de mulheres mais velhas que se relacionam com homens mais jovens. Figuras como Cher e Madonna são lembradas como exemplos de mulheres que, ao escolherem parceiros mais jovens, não enfrentaram o mesmo escrutínio.

Os comentários também refletem uma incapacidade de compreender que a maturidade não é definida exclusivamente pela idade, já que muitos consideram que indivíduos na faixa dos vinte e poucos anos são exatamente isso: adultos com capacidade de tomar suas próprias decisões. Essa ideia de que relacionamentos com diferenças de idade são problemáticos baseia-se em pressupostos de que as mulheres mais jovens são sempre vítimas, um estigma que muitos desejam desafiar.

Adicionalmente, a narrativa cultural que perpetua a ideia de que homens mais velhos buscarão intencionalmente parceiras mais jovens, não porque essas mulheres são escolhidas, mas como um reflexo de algum padrão de comportamento predatório, também entra em questão. O conceito pede uma reavaliação sobre como a sociedade lida com a diversidade nos relacionamentos – uma questão que, embora pareça ter ramificações simples, revela um intrincado mosaico de normas, valores e expectativas sociais.

Essa discussão está longe de ser nova, mas a recente troca de relacionamentos entre celebridades tem trazido à tona um exame intenso do que é considerado aceitável na sociedade. As trocas de parcerias entre figuras proeminentes geram uma pressão social para entender o que cada casal representa e como seus relacionamentos se encaixam nas normas sociais.

Enquanto isso, muitos internautas afirmam que esta narrativa de idade apropriada não leva em conta a agência das mulheres e sua liberdade para fazer escolhas em suas vidas amorosas. Essa perspectiva sugere que a pressão social não apenas marginaliza experiências, mas pode enfraquecer a autonomia feminina em sementear relacionamentos que consideram gratificantes, não importando a diferença de idade.

Além do mais, a noção de que relacionamentos com grandes diferenças de idade indicam interesse apenas na juventude da parceira frequentemente ignora a conexão emocional e vínculos que podem se formar independentemente das referências sociais.

À medida que as conversações sobre idade e relacionamentos prosseguem, muitas pessoas expressam a esperança de que as mesquinharias que cercam a questão sejam cada vez menos relevantes em um mundo que busca equilibrar a liberdade individual com as normas e valores coletivos. Essa ênfase em igualdade e respeito pode muito bem ser o futuro das dinâmicas de relacionamento, onde o foco deve permanecer não tanto na diferença de idade, mas na compatibilidade e no consentimento mútuo.

Fontes: Folha de São Paulo, UOL, O Globo