16/10/2025, 12:23
Autor: Laura Mendes
A possibilidade de inclusão de ônibus articulados no sistema de transporte público de São Paulo tem suscitado uma discussão crescente entre cidadãos e especialistas na área de mobilidade urbana. Apesar de serem vistos como uma alternativa para melhorar a capacidade de transporte nas áreas mais densas da cidade, os desafios relacionados à infraestrutura das vias tornam essa implementação uma questão complexa, especialmente em regiões montanhosas e de ruas estreitas.
Conforme mencionado em várias conversas entre os moradores, a experiência passada com ônibus articulados guarda lições importantes. Por exemplo, há registros de que a linha 971X-10, que liga o Metrô Santana ao Terminal Cachoeirinha, opera com ônibus articulados, mas enfrenta dificuldades significativas em regiões com curvas apertadas, como a Afonso Schmidt. Isso levanta um ponto crucial: para que essa solução seja viável, as rotas precisam ser cuidadosamente planejadas, levando em consideração o espaço físico disponível e a geografia das áreas a serem atendidas.
Além disso, a proposta de mudar a estrutura de concessões, passando a remunerar as empresas de transporte por quilômetro rodado em vez de passageiros transportados, é uma sugestão que tem ganhado apoio. Essa mudança não apenas incentivaria um maior número de ônibus em circulação, como também poderia ajudar a reduzir a pressão sobre os ônibus para que estejam sempre lotados, tornando o transporte mais eficiente. Juntamente com a introdução da catraca livre, que agilizaria o embarque e desembarque, a redução de congestionamentos em pontos críticos se tornaria mais factível.
Entretanto, muitos cidadãos sustentam que a solução ideal não se limita a ônibus articulados ou aumento na frota desses veículos. Para muitos, a implementação de um sistema de metrô ou VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) seria a solução mais viável, principalmente para regiões com alta demanda de transporte. Afinal, a dependência do uso de carros particulares precisa ser enfrentada com ações audaciosas que priorizem o transporte público, como o aumento de linhas de metrô e a revitalização de rios como o Tietê e o Pinheiros para utilização como vias fluviais.
As complexidades da infraestrutura urbana em São Paulo revelam que zonas como Jaraguá e Jardim Damasceno possuem rotas recheadas de curvas e desníveis que dificultam a operação de veículos maiores, como os ônibus articulados. Observadores destacam que, enquanto os ônibus articulados são eficazes em corredores amplos e bem projetados, sua eficácia pode ser comprometida em locais com ruas estreitas e maior acidentação. O medo é que, ao insistir na implementação desses veículos na região sem os ajustes necessários, o resultado seria um aumento ainda maior no congestionamento, frenando o fluxo de transporte ao invés de facilitar.
Embora a implementação de uma rede de ônibus articulados seja uma parte da conversa, muitos especialistas concordam que é essencial abordar o problema da mobilidade urbana de forma mais ampla, avaliando a necessidade de integrar diferentes modos de transporte, melhorar a infraestrutura existente e considerar tecnologias alternativas. Soluções abrangentes que incluam tanto o uso de ônibus articulados bem alocados quanto sistemas de metrô eficientes e outras modalidades de transporte podem constituir a resposta mais adequada para os desafios causados pela elevada densidade demográfica de São Paulo.
No contexto atual, enquanto os ônibus articulados se apresentem como uma solução viável em algumas áreas, a realidade das ruas de São Paulo exige um olhar atento e uma estratégia que considere não apenas a capacidade dos veículos, mas também a adequação das vias, a necessidade de reduzir a dependência de carros e, crucialmente, a experiência do usuário no transporte público. O foco deve ser em garantir um sistema integrado e acessível para todos, promovendo a mobilidade urbana de forma sustentável e eficiente.
Fontes: Jornal Folha de São Paulo, jornal O Globo, Secretaria de Transporte de São Paulo
Resumo
A discussão sobre a inclusão de ônibus articulados no transporte público de São Paulo tem ganhado força entre cidadãos e especialistas em mobilidade urbana. Embora esses veículos possam aumentar a capacidade de transporte em áreas densas, a infraestrutura das vias apresenta desafios significativos, especialmente em regiões montanhosas e com ruas estreitas. A experiência com a linha 971X-10, que utiliza ônibus articulados, revela dificuldades em locais com curvas apertadas. Para viabilizar essa solução, é necessário um planejamento cuidadoso das rotas. Além disso, a proposta de remunerar empresas de transporte por quilômetro rodado, em vez de passageiros, tem apoio crescente, podendo aumentar a eficiência do sistema. No entanto, muitos cidadãos acreditam que a solução ideal envolve a implementação de metrôs ou VLTs, especialmente em áreas com alta demanda. A complexidade da infraestrutura urbana em São Paulo exige uma abordagem abrangente que considere a integração de diferentes modos de transporte e a melhoria da infraestrutura existente, visando uma mobilidade urbana sustentável e eficiente.
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