24/12/2025, 14:37
Autor: Ricardo Vasconcelos

Um recente relatório da Deloitte trouxe à luz questões sobre a eficácia das ferramentas de software utilizadas pela Amazon e Whole Foods, revelando que a dependência excessiva de soluções fragmentadas da Microsoft tem afetado a eficiência operacional da gigante do comércio eletrônico. Desde a aquisição da rede de supermercados Whole Foods em 2017, a Amazon tem enfrentado dificuldades contínuas em integrar plenamente as operações da empresa adquirida, levando a uma necessidade crítica de revisar suas ferramentas e métodos de gestão.
Conforme apontado no relatório, a análise foi concluída em maio e recomenda um plano de integração de 24 meses. Este documento também sugere que a imersão nas tecnologias da Microsoft, que incluem plataformas como Office 365 e Microsoft Teams, não está atendendo às expectativas, trazendo à tona uma série de limitações que se traduzem em processos lentos e ineficazes. Funcionários relataram o uso de arquivos de Excel complexos e soluções improvisadas em vez de um sistema coeso e unificado, o que não apenas compromete a produtividade, mas também gera frustração constante nas equipes. Uma das preocupações levantadas inclui a falta de documentação adequada para o fluxo de dados, que está longe de ser ideal em empresas do porte da Amazon.
Os comentários sobre essas deficiências apontam uma percepção generalizada de insatisfação com ferramentas da Microsoft, consideradas por muitos como "inseguras" e complicadas de integrar. Especialistas alertam que esta situação revela a culpa não só da Microsoft, mas também da falta de iniciativas da própria Amazon em otimizar suas soluções internas. A biblioteca de ferramentas da Amazon é descrita como dispersa e com muitas lacunas, o que resulta em um gerenciamento ineficaz que prejudica as operações em um ambiente corporativo que depende de rapidez e eficiência.
Outro fator que complica ainda mais o cenário é a relação entre as equipes de tecnologia interna e consultores externos. Muitos funcionários apontam que a decisão frequentemente recai sobre o que fornecedores de software oferecem, e não sobre as necessidades específicas das equipes. Isso leva a uma situação em que, embora exista uma percepção de que a adoção de novas tecnologias e softwares traria benefícios, muitas vezes resulta em experiências frustrantes e desmotivadoras. Consultores prometem soluções que rapidamente se revelam insuficientes, a promessa de integração perfeita não se materializa e a frustração aumenta entre colaboradores que lutam para tirar o máximo proveito de sistemas inadequados.
Um dos comentários mais críticos resume a situação ao afirmar que o problema reside em uma disposição da Amazon em continuar dependente de sistemas da Microsoft, apesar das complicações que isso envolve. Isto levanta questões sobre a estratégia da empresa e sua visão de longo prazo em uma era onde a tecnologia é um elemento central na definição do sucesso operacional. Profissionais do setor debatem se grandes empresas, como a Amazon, estavam criando suas próprias ferramentas internas por questões de segurança e privacidade, ao invés de depender de soluções de terceiros.
À medida que a pressão do mercado e demandas de eficiência aumentam, a introdução de inteligência artificial e novas tecnologias se torna um tópico relevante nas discussões. Há um consenso de que a automação pode ajudar a resolver alguns dos problemas de ineficiência, mas também há ceticismo sobre a implementação adequada dessas soluções. O debate gira em torno de como as melhorias tecnológicas propostas podem realmente beneficiar uma empresa que historicamente tem enfrentado desafios em integrar novas aquisições e otimizar suas operações.
Em um momento em que a competição é acirrada, a falta de eficiência e organização nas ferramentas utilizadas não apenas prejudica a Amazon, mas também pode impactar negativamente os seus clientes e sua posição no mercado. Com o relatório da Deloitte em mãos, muitos questionam se a Amazon será capaz de implementar as mudanças necessárias para reverter essa situação. À medida que a empresa se esforça para otimizar seus sistemas, poderá ser forçada a reavaliar sua parceria com fornecedores de software e considerar alternativas que melhor atendam às suas necessidades operacionais.
Nesse cenário dinâmico, a ligação entre a tecnologia e a operação do dia a dia se torna mais evidente, e a urgência por soluções eficazes é palpável. A Amazon, assim como outras grandes corporações, pode precisar reconsiderar seu modelo de custo-benefício em relação ao software e ajudar a estabelecer padrões que favoreçam um ambiente de trabalho mais produtivo e coeso. A questão persiste: até que ponto a dependência de soluções externas pode ser uma barragem para o crescimento e inovação? A resposta pode muito bem definir o futuro de sua estratégia operacional e a sua posição como líder do setor.
Fontes: Folha de São Paulo, TechCrunch, Fortune
Detalhes
A Amazon é uma das maiores empresas de comércio eletrônico do mundo, fundada por Jeff Bezos em 1994. Inicialmente uma livraria online, a empresa expandiu-se para uma vasta gama de produtos e serviços, incluindo eletrônicos, roupas e serviços de streaming. A Amazon também é conhecida por sua inovação em tecnologia, como a introdução de assistentes virtuais e serviços de nuvem através da Amazon Web Services (AWS). A empresa tem enfrentado críticas e desafios relacionados a práticas trabalhistas e sua influência no mercado.
A Microsoft Corporation, fundada em 1975 por Bill Gates e Paul Allen, é uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Conhecida por desenvolver o sistema operacional Windows e a suíte de produtividade Office, a Microsoft também atua em áreas como computação em nuvem, inteligência artificial e jogos. A empresa tem sido uma força dominante na indústria de software, mas enfrenta críticas sobre a segurança e a integração de suas soluções, especialmente em ambientes corporativos.
Resumo
Um relatório recente da Deloitte revelou que a Amazon e a Whole Foods enfrentam desafios significativos na integração de suas operações, especialmente devido à dependência de soluções fragmentadas da Microsoft. Desde a aquisição da Whole Foods em 2017, a Amazon tem lutado para otimizar suas ferramentas de gestão, resultando em processos ineficazes e frustração entre os funcionários. O relatório, concluído em maio, sugere um plano de integração de 24 meses e critica a falta de documentação adequada e a utilização de sistemas improvisados, como arquivos complexos de Excel. Além disso, a insatisfação com as ferramentas da Microsoft, consideradas inseguras e difíceis de integrar, foi amplamente relatada. A dependência da Amazon de fornecedores externos para soluções de software, em vez de atender às necessidades internas, tem exacerbado a situação. Enquanto a automação e a inteligência artificial são vistas como potenciais soluções, há ceticismo sobre sua implementação. A falta de eficiência nas ferramentas utilizadas pode prejudicar a posição da Amazon no mercado, levando à necessidade de reavaliar parcerias e considerar alternativas que atendam melhor às suas operações.
Notícias relacionadas





