19/12/2025, 17:03
Autor: Ricardo Vasconcelos

A utilização de verbas públicas para financiar produções cinematográficas tem se tornado um tema controverso no Brasil, gerando debate em torno da responsabilidade fiscal e da transparência na utilização dos recursos públicos. Recentemente, ficou em evidência a destinação de R$ 2 milhões pela Prefeitura de São Paulo para o filme "Dark Horse", que é inspirado na trajetória do ex-presidente Jair Bolsonaro. O projeto é associado a Mario Frias, ex-secretário especial de Cultura e atual deputado federal pelo PL-SP, que teve papel fundamental na aprovação das emendas que viabilizaram o repasse de recursos.
A empresa que está por trás do projeto, a GoUP Entertainment, é controlada por Karina Ferreira da Gama, que também preside o Instituto Conhecer Brasil (ICB), ONG que, segundo informações disponíveis, tem laços diretos com frias. O financiamento foi realizado através de duas emendas parlamentares que garantirão os referidos R$ 2 milhões ao ICB — uma cifra bastante significativa no contexto atual, onde muitas áreas lutam por recursos para serviços essenciais. Além disso, o instituto já havia recebido recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Ministério dos Esportes em ações relacionadas à inclusão digital e projeto de artes marciais, respectivamente.
Entretanto, o mais impactante não é apenas a concessão de verbas públicas a um projeto considerado, por muitos, um filme de propaganda política, mas também a forma como isso foi realizado. A Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia defendeu a legalidade do processo, afirmando que a contratação foi feita por meio de "chamamento público transparente e sem contestações". No entanto, críticos da iniciativa indicam inconsistências em como tais decisões são tomadas, bem como a falta de fiscalização efetiva no uso de verbas.
O conteúdo do projeto "Dark Horse" foi descrito como baseando-se em um roteiro de autoria de Frias, que intitula a narrativa de "Capitão do Povo". Esse detalhe levanta red flags sobre as intenções por trás do financiamento, visto que muitos acreditam que é um esforço estratégico para promover a imagem de Jair Bolsonaro. A repercussão negativa em relação ao investimento, considerado inapropriado, gera desconfiança e críticas virulentas por parte do público, que não hesita em expressar seu descontentamento.
Os comentários a respeito da situação na esfera pública foram diversos, com muitos apontando que, se a Lei Rouanet é frequentemente criticada como um mecanismo de favorecimento, o desvio de verbas de áreas essenciais para financiar um projeto que tem conotações políticas é altamente questionável. Dentre os exemplares de descontentamento, uma observação chamou a atenção ao mencionar que, mesmo com a produção de um filme que apela a sentimentos políticos e que supostamente utiliza recursos públicos, a qualidade da produção levantou dúvidas. Um comentário resonante destaca que o projeto tentava comparar-se a produções consideradas de pouco valor, como a série de comédia "Hermes e Renato".
A questão das verbas públicas e seu uso legítimo é um tema que afeta não apenas a administração municipal, mas que também toca a nas suas raízes mais profundas na cultura política brasileira. O sistema é frequentemente contestado, com diversos segmentos da sociedade civil exigindo maior responsabilidade dos governantes no que se refere ao manejo de recursos. O caso de Mario Frias é emblemático, pois mostra como o uso de verbas predestinadas a áreas como ciência, tecnologia e infraestrutura podem ser desvirtuadas para fins estritamente políticos, desrespeitando, assim, preceitos de bom uso do dinheiro público.
Procurados pela imprensa, tanto Mario Frias quanto o Instituto Conhecer Brasil não forneceram uma declaração até o momento da publicação desta notícia. Esse silêncio por parte das partes envolvidas na história levanta mais perguntas do que respostas e deixa muitas pessoas se perguntando sobre a real integridade das operações governamentais. Para muitos cidadãos, é de crucial importância que haja um maior controle sobre como as verbas estão sendo empregadas, a fim de evitar que situações como esta se tornem comuns, pondo em risco não apenas recursos financeiros, mas toda a confiança no setor público.
A conduta dos funcionários públicos em relação à alocação de dinheiro público em projetos que possam beneficiar interesses diretamente ligados a cargos políticos meritórios é um foco de atenção, e a necessidade de aumentar a transparência na gestão desses recursos torna-se cada vez mais urgente. As vozes da sociedade civil e a pressão popular por uma fiscalização mais rigorosa são, sem dúvida, o caminho a seguir para evitar que episódios do tipo continuem a ocorrer, minando assim a confiança dos cidadãos em seu governo e no sistema.
Fontes: Folha de São Paulo, The Intercept Brasil
Detalhes
Mario Frias é um político e ex-secretário especial de Cultura do Brasil, conhecido por sua ligação com o governo de Jair Bolsonaro. Ele é deputado federal pelo PL-SP e tem sido uma figura controversa, especialmente em relação ao uso de verbas públicas para projetos culturais que têm conotações políticas. Frias também é associado ao Instituto Conhecer Brasil, que atua em diversas áreas, incluindo cultura e inclusão digital.
O Instituto Conhecer Brasil (ICB) é uma organização não governamental presidida por Karina Ferreira da Gama, que se dedica a projetos voltados para a educação e a cultura. O ICB tem laços diretos com Mario Frias e já recebeu recursos de diferentes ministérios para iniciativas que incluem inclusão digital e artes marciais. A atuação do instituto tem sido objeto de debate, especialmente em relação ao financiamento de projetos que envolvem figuras políticas.
"Dark Horse" é um filme brasileiro que se inspira na trajetória do ex-presidente Jair Bolsonaro. O projeto gerou controvérsias devido ao financiamento com verbas públicas, levantando questões sobre a legalidade e a transparência no uso desses recursos. O roteiro do filme é de autoria de Mario Frias, o que intensifica as críticas sobre a intenção política por trás da produção, que é vista por muitos como uma forma de propaganda.
Resumo
A destinação de R$ 2 milhões pela Prefeitura de São Paulo para o filme "Dark Horse", inspirado na trajetória do ex-presidente Jair Bolsonaro, gerou polêmica sobre o uso de verbas públicas. O projeto, associado a Mario Frias, ex-secretário especial de Cultura e atual deputado federal, foi viabilizado por emendas que garantiram os recursos ao Instituto Conhecer Brasil (ICB), presidido por Karina Ferreira da Gama. Críticos apontam que o financiamento pode ser um esforço para promover a imagem de Bolsonaro, levantando questões sobre a legalidade e a transparência do processo. A Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia defendeu a legalidade da contratação, mas a falta de fiscalização e as intenções políticas por trás do projeto geraram descontentamento público. O uso de verbas públicas para fins políticos é um tema controverso no Brasil, e a situação de Frias exemplifica como recursos destinados a áreas essenciais podem ser desviados, provocando desconfiança na administração pública. A pressão por maior transparência e controle sobre esses recursos é vista como fundamental para restaurar a confiança da sociedade no governo.
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