Lula propõe investir 2% do PIB para garantir independência tecnológica

Lula busca alocar 2% do PIB em tecnologia e ciência, prometendo aumentar a autonomia do Brasil e reduzir dependência de grandes potências.

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06/12/2025, 15:19

Autor: Felipe Rocha

Imagem mostrando engenheiros e pesquisadores trabalhando em um laboratório de alta tecnologia, com computadores, circuitos e gráficos na tela, representando a busca da independência tecnológica do Brasil em um ambiente repleto de inovações. Ao fundo, uma bandeira do Brasil e símbolos de tecnologias avançadas como chips e software livre.

Em um movimento audacioso que busca colocar o Brasil no caminho da autossuficiência tecnológica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou planos para investir 2% do PIB em iniciativas voltadas ao desenvolvimento e à inovação científica. O objetivo é reduzir a dependência do país em relação a potências tecnológicas e garantir que o Brasil possa futuramente se tornar um líder em áreas estratégicas como semicondutores, fármacos, energia limpa e tecnologias digitais. A proposta surge em um contexto onde a vulnerabilidade brasileira foi amplamente discutida, especialmente em um momento em que o país é afetado por interrupções e flutuações no acesso a tecnologias essenciais fornecidas por grandes multinacionais, como Google e Microsoft.

Entretanto, a viabilidade dessa proposta suscita um debate profundo sobre a continuidade das políticas públicas em tempos de mudança de governo. Como apontado por especialistas, investimentos em tecnologia e pesquisa exigem um comprometimento de longo prazo que transcende ciclos políticos. Um caso emblemático mencionado foi a CEITEC, uma iniciativa criada durante a presidência de Lula que tinha como objetivo desenvolver semicondutores no Brasil. Quando suas operações começaram a dar resultados promissores, regimes subsequentes tentaram desmantelar o projeto, resultando em paralisias, perda de talentos e recursos desperdiçados. Esses exemplos ressaltam a importância de estratégias que não dependam apenas da vontade de um governo, mas que se tornem políticas de Estado.

A proposta também levanta questões sobre a real intenção por trás desse investimento. Para alguns, a alocação de 2% do PIB, embora pareça substancial, pode não ser suficiente para alcançar a autonomia tecnológica desejada em um tempo considerável. Cálculos apontam que mesmo na China, um país que implementa uma política semelhante, a total independência digital demandaria um investimento muito além do que se propõe no Brasil. Sem as estruturas necessárias de design, fabricação e implementação de tecnologia, o objetivo pode se tornar uma utopia distante e difícil de alcançar.

Além disso, há uma vasta discussão sobre os setores que deveriam ser priorizados. Muitos argumentam que o Brasil, com sua base agrícola robusta, deveria focar primeiramente em setores como fertilizantes e energia limpa, antes de aventurar-se em tecnologia de ponta. Essa visão aponta que a questão da segurança alimentar é tão crítica quanto a segurança digital, sugerindo que políticas integradas poderiam criar um ciclo virtuoso onde o desenvolvimento de tecnologias para o agro poderia, por sua vez, impulsionar setores mais avançados.

No campo da segurança digital, o uso de ferramentas como WhatsApp e Google Drive por instituições públicas acende um alerta sobre a falta de estratégias para a soberania digital. Comentários expressam frustração em relação ao fato de que, apesar da existência de alternativas de código aberto, a adoção por órgãos do governo é muitas vezes obstruída pela cultura de conforto com as soluções oferecidas por grandes empresas. Essa abordagem é criticada por colocar em risco a segurança de dados sensíveis, refletindo um retrocesso em relação às capacidades locais.

A resistência a abraçar soluções autônomas também se estende ao uso de sistemas operacionais livres, com experiências passadas em tentativas de implementar tecnologias mais independentes frequentemente sendo confrontadas por preferências de setores superiores que preferem soluções simplificadas e familiarizadas. Esse cenário revelador levanta a questão de como a cultura institucional e a infraestrutura devem ser melhoradas para alinhar com a visão de um Brasil tecnologicamente autônomo.

Condições que poderiam facilitar esse desenvolvimento incluem a necessidade de se investir em formação e capacitação de profissionais adeptos à ciência e tecnologia, já que o conhecimento é tão valioso quanto os próprios investimentos financeiros. Diversos comentários sugerem que, sem um plano claro que priorize a educação, treinamento e a criação de um ambiente favorável à pesquisa e inovação, qualquer investimento será desperdiçado. Uma abordagem pragmática requer que os líderes pensem em iniciativas que transcendem o mero financiamento e que abordem as raízes culturais que impedem a adoção das tecnologias disponíveis.

Embora as intenções do governo sejam validas, a sociedade deve permanecer vigilante para garantir que os planos propostos sejam implementados de maneira eficaz e estruturada, enfatizando a contínua necessidade de promoção da inovação no Brasil. A independência tecnológica não é apenas uma questão de investimento, mas de construção de um ecossistema robusto e sustentável que garanta que o Brasil não seja apenas um consumidor, mas um criador e inovador no cenário tecnológico global. Com o horizonte marcado por desafios, é imperativo que essa discussão avance para um nível em que soluções práticas e realistas possam ser alcançadas, em prol de um futuro no qual a tecnologia sirva aos interesses soberanos do país e sua população.

Fontes: O Globo, Folha de São Paulo, Agência Brasil

Resumo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um ambicioso plano para investir 2% do PIB em desenvolvimento e inovação científica, visando a autossuficiência tecnológica do Brasil. O objetivo é reduzir a dependência de potências tecnológicas e posicionar o país como líder em áreas estratégicas, como semicondutores e energia limpa. No entanto, especialistas alertam que a viabilidade do projeto depende de um comprometimento a longo prazo, independentemente de mudanças de governo. O caso da CEITEC, que enfrentou desmantelamento após resultados promissores, exemplifica os riscos de políticas que não se tornam permanentes. Além disso, há debates sobre quais setores priorizar, com muitos sugerindo que o Brasil deveria focar em fertilizantes e energia limpa antes de avançar em tecnologia de ponta. A resistência a soluções autônomas e a falta de estratégias de soberania digital são preocupações adicionais. Para garantir o sucesso do investimento, é essencial priorizar a educação e capacitação em ciência e tecnologia, criando um ambiente propício à inovação. A independência tecnológica requer um ecossistema robusto, onde o Brasil não apenas consuma, mas também crie e inove.

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