17/12/2025, 18:14
Autor: Laura Mendes

Em 2026, os brasileiros poderão sentir um impacto significativo no custo de refrigerantes e sucos, devido à implementação do Imposto Seletivo, uma das medidas centrais da reforma tributária aprovada recentemente. Este novo tributo visa desestimular o consumo de produtos considerados prejudiciais à saúde, especialmente aqueles com alto teor de açúcar. Atualmente, as bebidas açucaradas já carregam uma pesada carga tributária, que gira em torno de 40% do seu valor final, e a expectativa é que o novo imposto acrescente mais 1,7 pontos percentuais ao custo desses itens.
As implicações do Imposto Seletivo estão no centro de um intenso debate público, com preocupações crescentes sobre o poder de compra das famílias, especialmente as mais vulneráveis. A reforma tributária, embora com o intuito de promover melhorias na saúde pública, pode, paradoxalmente, tornar os produtos mais inacessíveis. A questão que se levanta é: será que este aumento no preço das bebidas realmente catalisará mudanças significativas nos padrões de consumo, ou irá, na verdade, penalizar os mais pobres, que já enfrentam dificuldades financeiras?
De acordo com especialistas, a obesidade é uma questão multifatorial. Penalizar financeiramente o consumidor por meio do aumento do imposto sobre bebidas açucaradas pode não ser uma solução eficaz para diminuir sua prevalência. Historicamente, países que implementaram impostos semelhantes observaram uma redução temporária no consumo, mas essa tendência muitas vezes é revertida rapidamente à medida que as pessoas ajustam seus hábitos, tornando as taxas de consumo semelhantes aos níveis anteriores em um horizonte de tempo mais longo.
Outro aspecto a ser considerado é que o governo, ao buscar aumentar a arrecadação, transfere a responsabilidade pela saúde pública à indústria de alimentos e bebidas, falhando em abordar as origens mais profundas da obesidade e dos problemas de saúde associados, como a falta de acesso a opções saudáveis e a educação nutricional. Em vez de penalizar as escolhas dos consumidores, faz-se necessário um comprometimento maior em melhorar a qualidade da saúde geral da população. O investimento em infraestrutura de saúde, esportes e atividades comunitárias deve ser o foco, a fim de promover um estilo de vida mais saudável entre os brasileiros.
Além do aspecto da saúde pública, o impacto econômico do Imposto Seletivo gera controvérsias. Com o encarecimento das bebidas, as opções podem se restringir, especialmente para famílias de baixa renda, que têm menos margem de manobra em seus orçamentos. Para muitos, a ingestão de refrigerantes e sucos açucarados não é apenas uma questão de escolha, mas uma parte importante de suas rotinas alimentares. O exemplo de outras nações, onde os preços dos refrigerantes podem ser mais baixos que os da água, como citado por alguns usuários nas redes sociais, exemplifica a complexidade da questão. Em algumas áreas, o acesso à água potável é um desafio, enquanto produtos altamente açucarados se tornam acessíveis devido a políticas governamentais e acordos com empresas.
A implementação do Imposto Seletivo suscita também críticas sobre a falta de diálogo com a população e de envolvimento em decisões que têm impacto direto no cotidiano das pessoas. O desprezo pelas dificuldades enfrentadas pelas classes mais baixas no acesso a bens de consumo básicos transforma uma questão de saúde pública em um assunto de discórdia social e econômica. Para muitos, parece uma nova forma de tributar o consumo dos que já lutam para manter suas necessidades básicas atendidas, ao passo em que os mais privilegiados continuam a ter acesso irrestrito a esses produtos, mesmo com o aumento de preços.
Diante dessa realidade, é imprescindível que discussões sobre temas como a obesidade e a saúde pública sejam abordados de forma mais ampla e inclusiva, levando em conta as diversas camadas da sociedade. O desafio é criar políticas que foquem na educação e na promoção de hábitos saudáveis, em vez de meramente taxar produtos que, apesar de seus efeitos prejudiciais, são consumidos por muitas pessoas como parte de suas vidas. A implementação do Imposto Seletivo, enquanto ideia de desestimular o consumo, deve acompanhar a criação de um ambiente mais favorável para escolhas saudáveis e sustentáveis, superando as limitações impostas apenas pela tributação.
Portanto, com a proximidade da implementação do Imposto Seletivo, as discussões acerca do seu impacto devem ser ampliadas e aprofundadas, buscando soluções que não apenas aumentem a arrecadação do governo, mas que realmente contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população como um todo. A sociedade deve se unir para findar as discussões sobre a tributação sendo um fardo em vez de um incentivo à mudança de hábitos e comportamentos saudáveis.
Fontes: A Tarde, Folha de São Paulo, Agência Brasil
Detalhes
O Imposto Seletivo é um tributo que visa desestimular o consumo de produtos considerados prejudiciais à saúde, como bebidas açucaradas. Sua implementação no Brasil está prevista para 2026 e é parte de uma reforma tributária mais ampla. O objetivo é reduzir a prevalência de doenças relacionadas à obesidade, embora especialistas questionem a eficácia dessa abordagem. A discussão sobre o imposto também envolve questões de justiça social e o impacto econômico nas famílias de baixa renda.
Resumo
Em 2026, o Brasil verá um aumento no custo de refrigerantes e sucos devido à implementação do Imposto Seletivo, parte da reforma tributária aprovada recentemente. Este imposto visa desestimular o consumo de produtos prejudiciais à saúde, especialmente os ricos em açúcar, e deve adicionar 1,7 pontos percentuais à carga tributária já existente de cerca de 40%. O debate em torno do imposto levanta preocupações sobre o impacto no poder de compra das famílias, especialmente as de baixa renda, que podem encontrar esses produtos ainda mais inacessíveis. Especialistas alertam que o aumento de impostos pode não ser uma solução eficaz para a obesidade, já que países que adotaram medidas semelhantes frequentemente observam um retorno aos padrões de consumo anteriores. Além disso, a responsabilidade pela saúde pública pode estar sendo transferida para a indústria de alimentos, sem abordar as causas profundas da obesidade. A falta de diálogo com a população sobre essas mudanças também é criticada, e há um apelo por políticas que priorizem a educação e a promoção de hábitos saudáveis, em vez de apenas taxar produtos consumidos por muitos.
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