06/12/2025, 17:36
Autor: Laura Mendes

Neste dia 27 de outubro de 2023, um movimento crescente de grupos humanitários e coletivos de artistas tem chamado a atenção para o Spotify, em um apelo para que usuários abandonem a plataforma de streaming. O foco das críticas reside em questões éticas relacionadas ao tratamento de artistas, especialmente em relação a denúncias sobre o pagamento abaixo do esperado e controvérsias envolvendo a veiculação de anúncios que apoiam organismos como a Imigração e Controle de Fronteiras dos EUA (ICE).
O Spotify, uma das maiores plataformas de streaming do mundo, vem enfrentando uma onda de críticas por alegações de que, enquanto oferece acesso ilimitado a milhões de músicas, as taxas que paga aos artistas são consideradas insuficientes. A indignação não se restringe apenas a questões financeiras. Muitas vozes se levantam contra o fato de que a empresa tem sido acusada de incorporar práticas prejudiciais ao setor musical e à ética em seus negócios.
Um comentário recorrente entre críticos é que enquanto o Spotify arrecada bilhões, muitos artistas e compositores recebem uma fração irrisória dessa quantia. Afinal, pesquisas realizadas indicam que a maioria dos músicos pode receber menos de um centavo por stream, gerando um clamor por um modelo mais justo de remuneração que respeite o trabalho criativo.
Artistas como Taylor Swift, Thom Yorke e outros já manifestaram publicamente suas preocupações em relação à empresa. Com essas vozes de destaque na indústria, a pressão sobre o Spotify só aumenta. Contudo, a narrativa em torno do boicote foi intensificada por preocupações adicionais sobre o financiamento que a empresa tem feito a campanhas controversas, especialmente aquelas ligadas a políticas de imigração nos Estados Unidos. Com campanhas publicitárias que incluem anúncios da ICE, muitos usuários se veem em um dilema: continuar apoiando um serviço que supostamente vai contra princípios éticos e humanitários.
A resposta à convocação de boicote, entretanto, não é unânime. Comentários de usuários revelam um desgosto generalizado, mas também realçam a dificuldade de mudar de plataforma, especialmente quando muitos ouviram música através do Spotify por anos, criando um apego às listas de reprodução e recomendações personalizadas que a plataforma proporciona. A conveniência do Spotify como um serviço de streaming popular, que agrega diferentes gêneros em um só lugar, e o algoritmo que sugere músicas baseadas em preferências são argumentos que muitos usuários ainda valorizam, apesar das controvérsias.
Alternativas ao Spotify têm sido sugeridas, como Tidal, que promete uma melhor remuneração para os artistas, Bandcamp, que permite a compra direta de música e também gera lucro maior para os criadores de conteúdo, e outras plataformas que minimizam a presença corporativa que muitos consideram questionável. No entanto, a adoção dessas alternativas pode ser um desafio, considerando a popularidade e a base de usuários estabelecida que o Spotify já conquistou.
Além disso, a percepção de que a indignação atual contra o Spotify pode ser uma estratégia de marketing concorrencial é um tema que surge entre alguns comentaristas. A relação entre grandes empresas de tecnologia e suas práticas éticas entra em um campo complexo, onde muitos se perguntam se boicotar uma única plataforma é verdadeiramente eficaz quando outras empresas também contribuem em igual ou maior medida para realidades corporativas imorais.
As discussões ganham contornos ainda mais complicados quando se considera que muitas dessas empresas possuem relações com governos e têm seus próprios interesses financeiros que podem conflitar com os princípios que dizem apoiar. As alternativas que emergem em resposta ao clamor popular por ética parecem igualmente manchadas por controvérsias.
Assim, o apelo feito por grupos humanitários e artistas, embora legítimo e bem-intencionado, revela a complexidade da situação atual da música digital. O dilema ético enfrentado por consumidores e criadores de conteúdo é um reflexo da crise mais ampla que o mundo da tecnologia e do entretenimento enfrenta hoje. Os usuários se veem diante de uma escolha difícil: apoiar plataformas que proporcionam acesso democrático à música ou se unir a um movimento que promete um futuro mais ético e justo para os artistas.
O movimento de boicote ao Spotify destaca a crescente insatisfação com as práticas corporativas de grandes empresas e representa uma chamada para a ação que não apenas questiona o status quo, mas também busca promover uma indústria musical mais humanizada. A verdadeira questão agora é se essa nova onda de consciência e protestos poderá impactar decisões corporativas e transformar a maneira como a música é consumida e remunerada no futuro. À medida que os debates sobre essas questões continuam, é evidente que a discussão sobre a ética na indústria da música está longe de terminar.
Fontes: Folha de São Paulo, NME, The Guardian, Billboard
Detalhes
O Spotify é uma das maiores plataformas de streaming de música do mundo, lançada em 2008 na Suécia. Com um catálogo vasto que inclui milhões de músicas, o serviço oferece acesso a artistas de diversos gêneros. Apesar de sua popularidade, a plataforma enfrentou críticas por suas práticas de remuneração a artistas, que muitos consideram injustas. O Spotify também tem sido alvo de controvérsias relacionadas a anúncios e parcerias que levantam questões éticas sobre seu impacto na indústria musical.
Resumo
No dia 27 de outubro de 2023, grupos humanitários e artistas iniciaram um movimento pedindo que usuários abandonem o Spotify, criticando a plataforma por questões éticas relacionadas ao tratamento de artistas. As críticas se concentram nas baixas taxas de pagamento aos músicos e na veiculação de anúncios que apoiam a Imigração e Controle de Fronteiras dos EUA (ICE). Apesar de gerar bilhões em receita, muitos artistas recebem menos de um centavo por stream, levando a um clamor por um modelo de remuneração mais justo. Artistas renomados, como Taylor Swift e Thom Yorke, expressaram suas preocupações, aumentando a pressão sobre a plataforma. No entanto, a resposta ao boicote é mista, com usuários relutantes em mudar devido à conveniência e personalização do Spotify. Alternativas como Tidal e Bandcamp são sugeridas, mas a adoção pode ser desafiadora. O debate sobre a ética na música digital reflete uma crise mais ampla na tecnologia e no entretenimento, levantando questões sobre o impacto real de boicotes e a responsabilidade das empresas.
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