09/12/2025, 12:26
Autor: Laura Mendes

Beyoncé, ícone da música pop e defensora de causas sociais, entrou com uma ação legal contra a produção de um filme que aborda a figura controversa de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil. A controvérsia foi desencadeada pelo uso não autorizado da canção "Survivor", do grupo Destiny's Child, da qual Beyoncé é uma das integrantes. A música foi inserida sem permissão no trailer do filme, gerando reações fervorosas tanto de apoiadores quanto de críticos do ex-presidente.
O autor do filme, que se apresenta como uma representação da resistência à esquerda, foi alvo de críticas não apenas pelo conteúdo de sua obra, mas também pela maneira desleixada e até antiética com que decidiu usar a música de Beyoncé, uma artista reconhecida mundialmente. Anderson Nick, coordenador de projetos da BeyGOOD, a fundação de caridade da artista, fez uma declaração pública agradecendo aos fãs que informaram sobre a utilização indevida da música e reafirmou a posição de que todas as providências legais estão sendo tomadas para exigir a remoção do trailer.
A situação não era apenas uma questão de direitos autorais, mas levantou uma série de discussões sobre a ética na produção cinematográfica e as responsabilidades que vêm com a criação. Comentários expressaram a percepção de que o filme, intitulado "Dark Horse", simboliza uma apropriação indevida e, em alguns casos, uma tentativa deliberada de provocar ainda mais polêmica. Há quem argumente que o uso de uma música tão emblemática de uma artista afro-americana poderia ser uma estratégia de marketing desgastada, enquanto outros defendem que o filme está ecoando práticas de guerrilha no cinema, buscando engajamento a qualquer custo.
Os comentários e reações ao caso evidenciam uma preocupação com a reputação e a qualidade do conteúdo apresentado, que, segundo críticos, é marcada por erros grotescos de gramática e estrutura, além da utilização imprópria da trilha sonora. A produção do filme ainda enfrenta denúncias de irregularidades, como alimentação inadequada para os trabalhadores e atrasos nos pagamentos, reforçando uma imagem de desorganização e falta de compromisso com os envolvidos no projeto.
Com tantos aspectos em jogo – desde a apropriação cultural até a ética da produção – a controvérsia em torno do filme de Jair Bolsonaro e da utilização da música de Beyoncé se transforma em uma metáfora das divisões sociais e políticas no Brasil. Enquanto alguns veem o filme como uma expressão legítima de resistência, muitos outros rechaçam a forma como ele está sendo criado e percebido, reafirmando o que consideram ser uma narrativa de irresponsabilidade e desrespeito.
Paralelamente, a repercussão também chamou a atenção para a importância de se respeitar os direitos autorais e a propriedade intelectual, mesmo em uma época em que as fronteiras da criação e expressão artística podem parecer cada vez mais fluidas. O uso não autorizado de uma música tão conhecida pode causar danos irreparáveis à imagem do filme e seus criadores, comprometendo futuras colaborações e a aceitação do público.
Há também um aspecto irônico na escolha da trilha sonora, sendo que muitos artistas brasileiros que apoiam o ex-presidente foram deixados de lado em favor de um uso controverso de um símbolo da música pop americana. Em um país com uma rica história musical, a utilização de uma música de uma artista estrangeira em um projeto que busca representar valores de um governo é um tema de discussão que vai além do simples uso de uma canção.
Diante do cenário atual, a luta de Beyoncé para remover sua música do trailer do filme não é apenas uma questão legal, mas um importante ponto de reflexão sobre a ética no cinema, os direitos dos artistas e o respeito à criatividade de cada um. É uma lembrança de que, no mundo da produção cultural, as ações têm consequências e o respeito mútuo deve ser a base de qualquer colaboração criativa. Assim, a história da ação legal de Beyoncé contra o filme de Jair Bolsonaro não é apenas sobre uma canção, mas uma questão ética que ressoa em muitos outrosâ aspectos da sociedade contemporânea.
Fontes: Folha de São Paulo, UOL, G1
Detalhes
Beyoncé é uma cantora, compositora e produtora americana, reconhecida como um dos maiores ícones da música pop contemporânea. Nascida em 1981, ela ganhou fama como integrante do grupo Destiny's Child e, posteriormente, como artista solo, com sucessos como "Crazy in Love" e "Single Ladies". Além de sua carreira musical, Beyoncé é conhecida por seu ativismo em questões sociais, incluindo direitos das mulheres e igualdade racial, e fundou a BeyGOOD, uma organização filantrópica que apoia diversas causas.
Jair Bolsonaro é um político brasileiro e ex-militar que serviu como presidente do Brasil de janeiro de 2019 até dezembro de 2022. Conhecido por suas opiniões conservadoras e polêmicas, Bolsonaro tem uma trajetória marcada por declarações controversas sobre diversos temas, incluindo direitos humanos e meio ambiente. Ele se destacou por sua postura de resistência a políticas de esquerda e por seu estilo de governança, que polarizou a sociedade brasileira.
Destiny's Child é um grupo musical americano de R&B e pop, formado em 1997, que se tornou um dos grupos femininos mais bem-sucedidos da história da música. Com integrantes como Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams, o grupo é conhecido por hits como "Say My Name" e "Survivor". A formação e o estilo musical do Destiny's Child influenciaram gerações de artistas e ajudaram a moldar a cena musical dos anos 2000.
BeyGOOD é uma organização filantrópica fundada por Beyoncé, que visa apoiar diversas causas sociais, incluindo educação, saúde e direitos humanos. A fundação busca promover mudanças positivas em comunidades ao redor do mundo, oferecendo recursos e apoio a iniciativas que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas. BeyGOOD também se envolve em campanhas de conscientização e arrecadação de fundos para diferentes causas.
Resumo
Beyoncé, famosa cantora pop e defensora de causas sociais, processou a produção de um filme que retrata Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, devido ao uso não autorizado de sua canção "Survivor", do grupo Destiny's Child, no trailer do filme. A música foi inserida sem permissão, gerando reações intensas entre apoiadores e críticos de Bolsonaro. Anderson Nick, da fundação BeyGOOD, agradeceu aos fãs que alertaram sobre a violação e confirmou que medidas legais estão sendo tomadas. A situação levantou discussões sobre ética na produção cinematográfica e direitos autorais, com críticos apontando falhas na qualidade do filme e na forma como a música foi utilizada. A controvérsia reflete divisões sociais e políticas no Brasil, questionando a apropriação cultural e a responsabilidade dos criadores. Além disso, a escolha de uma música americana em um projeto nacional gerou debates sobre a identidade musical do país. A luta de Beyoncé não é apenas legal, mas também um importante reflexo das questões éticas na indústria cultural.
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